No último dia 31 de outubro, Chelsea e Manchester City se enfrentaram pelas semi-finais da FA Women’s Cup no Academy Stadium. Mesmo fora de casa, as Blues conseguiram uma grande vitória sobre as atuais campeãs da copa pelo placar de 3-0. Assim, as comandadas de Emma Hayes garantiram a classificação para a final da competição em Wembley no próximo dia 5 de dezembro.
Porém, o Chelsea Women ainda tem alguns compromissos antes de pensar na final da FA Cup. Nesse sentido, o próximo é exatamente contra o City neste domingo (14). Mais uma vez as equipes se enfrentarão no Academy Stadium, agora, pela FA Women’s Super League. Com início marcado para as 12h (horário de Brasília), a partida terá transmissão na ESPN Brasil e no Star+. Assim como no FA Player.
Blues e Citizens, então, se encontrarão pela 2ª vez em pouco mais de duas semanas. Por causa dessa proximidade entre os confrontos, o Chelsea Brasil deixará aqui o “Como joga” feito para o último jogo entre as equipes para o leitor compreender melhor o estilo de jogo do time de Gareth Taylor.
Enfim, neste “Análise Tática” aspectos chave do encontro do fim de outubro serão apontados para ajudar ainda mais na leitura do jogo das adversárias. Bem como serão destacadas as expectativas e as possíveis escalações para o jogo deste fim de semana.
Mais um confronto decisivo
Nos últimos anos, Chelsea e Manchester City têm sido os times mais dominantes do futebol feminino inglês. E o último jogo não foi diferente. Logo após a data FIFA, as Blues tiveram Pernille Harder de desfalque por conta de uma lesão que sentiu enquanto ainda estava com a seleção dinamarquesa.
Por outro lado, o City também contou com muitos desfalques por conta de lesão. Até mesmo, tendo que improvisar Jill Scott na zaga e Janine Beckie na lateral direita. Isso para manter o esquema de preferência de Taylor, o 4-3-3.
Apesar de alguns momentos de susto, o Chelsea conseguiu se impor no jogo e controlar o andamento da partida a seu favor. O clube londrino conseguiu controlar melhor a posse de bola e construir melhor suas jogadas. Como consequência, chegando com bastante perigo à meta adversária – o que garantiu a vitória por um placar ampliado.
Ataques pelas laterais
As descidas das alas do City são a grande arma do ataque do time de Taylor. E no último jogo contra o Chelsea não foi diferente. Nesse sentido, Lauren Hemp e Bunny Shaw construíram um grande número de jogadas ofensivas das Citizens com suas descidas em velocidade pelas laterais do campo. A terceira atacante, Ellen White, por sua vez, desce para área para receber o último passe e concluir a jogada.
Desde os primeiros minutos do jogo essa estratégia ficou evidente, como mostra a imagem abaixo:
Pouco tempo depois, as Citizens realizam uma jogada bastante parecida, mas pelo lado esquerdo do campo:
Enquanto as alas alargam bastante o campo, as três meias do City promovem mais a construção de jogadas por dentro – exatamente para abrir espaço pelas laterais. No entanto, nem sempre isso acontece. Assim, por vezes, as meias colocam a bola área. Podendo, então, se aproveitar de White – que pode ou finalizar ou realizar o pivô para as jogadoras que entram na área.
Tônica diferente no segundo tempo
Com a desvantagem de 2-0 no placar, as Citizens tiveram que correr atrás da diferença na etapa complementar. Porém, a defesa das Blues estava bem organizada. Mesmo em eventuais momentos que deixava espaços, a cobertura das demais defensoras do Chelsea impedia que o time de Manchester conseguisse construir:
Diante do bom posicionamento da defesa das Blues, em especial nos 30 minutos finais, as tentativas de bola longa pelas se aproveitando da marcação alta do time de Emma Hayes acabaram se tornando a alternativa do City para tentar conseguir reduzir a diferença.
Como, por exemplo, na imagem abaixo. Mesmo com Bethany England marcando bem a jogada e as linhas defensivas estando bem postadas, Greenwood consegue um passe aéreo longo em direção à lateral do campo. Ou seja, mudando a construção, mas mantendo o estilo de jogo proposto por Gareth Taylor:
Organização defensiva
Se por um lado Emma Hayes seguiu escalando sua defesa com três defensoras, por outro, as Citizens entraram em campo com uma linha de quatro defensoras. Porém, por conta do grande número de lesões que o time de Manchester tem no momento, essa linha tinha duas jogadoras improvisadas. Janine Beckie na lateral direita e Jill Scott, que jogou na zaga.
Enfim, o time compactou sua última linha de marcação, bem como a marcação das meio campistas na faixa central do campo. Assim, dando a possibilidade de as laterais – Demi Stokes e Beckie – saírem para marcar as alas e as atacantes das Blues que atuassem um pouco mais abertas.
Mais ainda, ficou evidente um aspecto defensivo diretamente dependente das características ofensivas do time. Enquanto White e Bunny Shaw permaneciam na primeira linha de marcação, Hemp subia para ajudar na marcação. Assim, quase que formando uma linha de cinco na defesa por vezes. O que também permitiria uma eventual saída em contra-ataque rápida pelas laterais caso houvesse chance.
Situação defensiva bem aproveitada pelas Blues
Durante a partida, uma movimentação específica da linha defensiva das Citizens ficou em evidência: as descidas de Demi Stokes para tentar marcar as jogadas mais em cima ou até mesmo marcar a jogadora que estivesse com a bola. Dessa forma, as Blues conseguiram explorar os espaços deixados pela defensora. Como mostra a imagem abaixo:
Nesse sentido, eventualmente, as Blues se aproveitaram do espaço que os deslocamentos de Stokes deixavam na defesa ao longo de toda a partida. Inclusive, o terceiro gol do Chelsea foi criado a partir de um lance em que a camisa 3 do City tentou, sem sucesso, pressionar Niamh Charles:
O que esperar na próxima partida
No momento, ambas as equipes estão em situações bem diferentes na FA Women’s Super League. Enquanto o Chelsea ocupa a segunda colocação, o Manchester City está na 7ª colocação do campeonato. Após seis rodadas, são três derrotas, um empate e duas vitórias para as Citizens. Além disso, são 11 gols marcados e 12 sofridos, o que dá um saldo negativo de um gol.
A grande questão que tem influenciado a performance do time até o momento são as lesões que acometem o elenco. Por conta disso, Gareth Taylor não está podendo contar com jogadoras importantes como a goleira Ellie Roebuck, as defensoras Esme Morgan, Lucy Bronze e Steph Houghton e a atacante Chloe Kelly. Além disso, Hayley Raso está voltando de lesão e não está 100%. Por fim, uma baixa de última hora pode acabar aparecendo no time de Manchester: Bunny Shaw.
Por sua vez, Emma Hayes seguirá sem Harder e Aniek Nouwen, ambas com lesões leves. Porém, diferentemente do último encontro entre Blues e Citizens, Hayes terá a defensora Maren Mjelde e a atacante Lauren James à disposição. Mesmo que as jogadoras ainda não tenham condições de jogar os 90 minutos, pode ser que entrem durante a partida para renovar o time londrino.
Chaves para o Chelsea
De antemão, as Blues deverão ter bastante atenção com as descidas do City pelas laterais. Assim, é essencial que as alas-meio campistas subam para apoiar na marcação. Da mesma forma, é preciso ligar o alerta para os cruzamentos na pequena área buscando Ellen White. Em especial, Millie Bright e Magdalena Eriksson que são fortes no jogo aéreo – tanto defensivo como ofensivo.
No meio campo, o Chelsea tem a superioridade numérica, visto que Emma Hayes escala o time com quatro meias, enquanto Taylor prefere uma linha de três. Mais ainda, as Blues contam com duas alas ofensivas e que, pouco a pouco, tem entendido como jogar diante da linha de três defensoras. Portanto, o Chelsea tem que se aproveitar não somente da superioridade. Bem como da qualidade de suas meio campistas.
Sendo assim, Ji So-Yun foi poupada no duelo contra o Servette no meio de semana e deve retornar ao time titular. Com isso, as Blues ganham bastante quanto à criação de jogadas e ao controle de bola pelo meio. Da mesma forma, é possível que Sophie Ingle figure entre as titulares, apoiando as ações no meio do campo e também nas ações defensivas.
Por fim, no ataque, o Chelsea tem que se aproveitar da mobilidade, qualidade e experiência diante uma defesa desfalcada e com alguns improvisos. Com destaque para o entrosamento entre Sam Kerr e Fran Kirby. Mas também se aproveitar do bom momento e da grande habilidade de Jessie Fleming. A jovem canadense tem contribuído diretamente para as jogadas ofensivas das Blues. Seja com assistências, gols ou no apoio.
Prováveis escalações
Manchester City (4-3-3): Taieb; Stanway, Scott (Kennedy), Greenwood e Stokes; Coombs (Angeldal), Walsh e Weir; Hemp, White e Park.
Chelsea (3-4-3): Berger; Bright, Carter e Eriksson; Cuthbert (Charles), Ji, Ingle e Reiten (Andersson); Kirby, Kerr e Fleming.