O Chelsea voltou a vencer pela Premier League depois sofrer duas derrotas humilhantes para Bournemouth e Watford na competição. A fase dos Blues não é boa e a vitória dá um alívio necessário para o time trabalhar com calma para a difícil sequência de jogos que vem por aí.
No entanto, o triunfo diante do West Bromwich por 3 a 0 não afasta a crise que o time vem passando já há algum tempo. A vitória foi importante e pode dar mais confiança aos comandados de Conte, mas os problemas ainda não foram embora. Três pontos em específico evidenciam o dilema do torcedor em acreditar em uma melhora brusca dos azuis de Londres.
Falta de planejamento da diretoria
O Chelsea foi campeão com sobras na temporada passada após grande trabalho de Conte com um time que praticamente deu vexame na temporada anterior. Entretanto, alguns fatores ajudaram muito o time durante a campanha.
O italiano teve tempo para trabalhar sua filosofia de jogo graças ao time ter ficado de fora da UEFA Champions League. Esse mesmo tempo permitiu que os jogadores descansassem mais em relação aos seus rivais e estivessem mais preparados e em forma, além de ser um adendo contra as lesões.
A (obrigatória) classificação para a competição continental afetou muito o calendário dos Blues e exigiu uma preparação maior para a temporada, principalmente em termos de elenco. Boa parte dos reservas utilizados vieram da base, como Loftus-Cheek, Chalobah e Aké. Na temporada seguinte, todos foram negociados, além de peças importantes como Matic e Diego Costa.
A diretoria se preocupou em repor as peças que saíram e só. A temporada exigiria muito mais em relação a passada e pouco se fez para o que estava por vir. O time perdeu dois de seus titulares, onde um deles era um dos principais nomes do time (Diego Costa) e foi atrás de reposições que não levaram confiança para a torcida.
Além disso, liberou bons jogadores reservas e repôs com peças de mesma qualidade e mais caros. Algumas posições também não receberam os investimentos necessários e ficaram aquém, comprometendo a regularidade da equipe durante as árduas sequências de jogos importantes.
Falta de ambição no mercado
O Chelsea vem atuando de forma diferente no mercado já há algumas temporadas. No entanto, esta em especial mostrou uma certa falta de ambição da diretoria. O time se mostrou irregular até aqui e as lesões e faltas de opções em certas posições evidenciaram defeitos que deveriam ser solucionados na janela do meio do ano.
Tendo isso em vista, se esperava um investimento maior na janela de janeiro, o que acabou não acontecendo. As contratações realizadas nesta janela dificilmente vão mudar o time da água para o vinho. Por mais que os jogadores que chegaram sejam de qualidade e venham a acrescentar no elenco, o time tem passado por mudanças constantes nas mesmas posições e ainda enfrenta o mesmo problema desde o início: elenco curto.
Barkley e Giroud foram barganhas nessa janela por virem a preços bons no atual mercado inflacionado. Emerson veio a um custo mediano ao mesmo tempo que dois jogadores da posição foram liberados, gastando um dinheiro que poderia ter sido melhor investido.
Nomes como Aubameyang, Alexis Sanchez, Laporte e Coutinho movimentaram o mercado de janeiro, indo para Arsenal, United, City e Barcelona, respectivamente. O gabonês e o chileno foram ambos especulados nos Blues, dadas as saídas eminentes de seus clubes. No entanto, o Chelsea ficou atrás de seus rivais e acabou ficando, por exemplo, com a sobra do Arsenal, que teve que se desfazer de Giroud em razão da contratação de Aubameyang.
Relacionamento conturbado
Não é de hoje que a relação entre comissão técnica, diretoria e jogadores, é extremamente conturbada. Conte não está feliz com a diretoria, que não trouxe os reforços que ele pediu. A relação entre o treinador e alguns jogadores também não é boa, desde os problemas com Diego Costa. David Luiz é a mais recente desavença do treinador. Batshuayi era outro que parecia não compartilhar da confiança do italiano.
Um ambiente conflituoso não é bom para o time. Já vimos isso em 2015, depois dos problemas de Mourinho com Eva Carneiro e todos sabemos onde fomos parar naquela temporada. Diego Costa não tinha bom relacionamento com Conte e foi dispensando, mas isto (ainda mais da forma que foi) afetou a relação com outros jogadores também, já que Diego era querido no elenco.
Alguns veículos já especulam uma tentativa dos jogadores de derrubar Conte, diante das últimas atuações, assim como aconteceu com o português há duas temporadas. A saída de Diego Costa não resolveu a desavença dele com o hispano-brasileiro, assim como liberar David Luiz ou ir atrás de um reforço que ele quer dificilmente vá mudar a posição conflituosa entre as partes.
Conte é um grande treinador, mas os problemas de relacionamento entre eles e os jogadores e ele com a diretoria devem afetar na sua permanência para a temporada seguinte, ou até mesmo para o resto desta.