A péssima derrota por 3 a 0 contra o Bournemouth na última quarta-feira (31) aumentou a pressão no assunto Antonio Conte. A verdade é que a relação entre o treinador italiano e a diretoria do Chelsea está desgastada. O técnico é o atual campeão Inglês com os Blues e muitos já afirmam que não deve continuar para a próxima temporada. O que aconteceu para que mais um treinador vitorioso balance no cargo, e principalmente, qual seria a melhor solução para o time caso essa saída se concretize?
Após uma excelente temporada no comando dos Blues parecia que o casamento entre Conte e o time seria duradouro e feliz. A temporada 2016/17 seria marcada pela disputa entre grandes treinadores nos maiores times da Inglaterra. No Manchester United, o ex técnico dos blues José Mourinho chegava e prometia uma disputa pelo topo com Pep Guardiola, que havia sido anunciado no Manchester City. Já no Liverpool, Jürgen Klopp teria sua primeira temporada completa no time, uma vez que havia chegado no meio da temporada anterior. O Tottenham era o atual vice campeão da Premier League, depois de um excelente trabalho de Mauricio Pochettino e vinha forte. O Arsenal de Arsène Wenger também costuma brigar na parte de cima da tabela. Mesmo assim, Antonio chegou ao Chelsea e após aplicar seu sistema de jogo foi o campeão com sobra, chegando a emplacar 13 vitórias seguidas durante a campanha.
O sistema que foi implementado por Conte também merece destaque. Foi durante uma derrota por 3 a 0 para o Arsenal no dia 24/09 que o treinador sacou Cesc Fàbregas para a entrada de Marcos Alonso e assim dar início a uma sequência histórica de vitórias dos Blues, a partir do jogo seguinte. Um 3-4-3 no qual Victor Moses e Alonso atuavam como alas, N’Golo Kanté e Nemanja Matic eram os volantes que liberavam Pedro, Hazard e Diego Costa para atacarem sem se preocupar tanto com a marcação. Azpilicueta, David Luiz e Cahill eram os três defensores, e tinham um papel fundamental para o funcionamento desse esquema, pois deveriam ser perfeito nas coberturas, passes e início de muitas jogadas. Como foram.
A Premier League foi vencida com muitos méritos do italiano. Soube extrair o melhor de todos que entravam no time. O crescimento de Azpilicueta, David Luiz, Moses, Pedro e Diego Costa foram notáveis.
Além deles, Eden Hazard e Kanté foram geniais em suas funções. Os “reservas” Willian e Fàbregas funcionavam mais como 12º e 13º jogadores desse elenco, que somados ao estilo quente de Conte que vibrava muito com a torcida e jogadores cada gol e cada vitória ilustravam um clima perfeito para o título dos Blues, ambiente que prometia durar por muitos anos, mas não durou.
Depois do título, Conte teria mandado uma mensagem para Diego Costa informando que não contaria com o artilheiro para a próxima temporada, e praticamente exigiu que a diretoria o vendesse e buscasse um novo atacante para o elenco. Com essa atitude o técnico não causou boa impressão nem no elenco, nem na direção e nem mesmo com os torcedores, que sempre apoiaram o artilheiro hispano-brasileiro. Além disso, no decorrer da temporada, Antonio Conte afastou David Luiz, que é um dos líderes entre os jogadores.
Talvez o principal motivo desse mal-estar é que os reforços que Conte queria não chegaram na janela de transferências e o treinador deu a entender que estava muito insatisfeito com as decisões da diretoria. Ele se sente isolado, e demonstra não participar mais das decisões fundamentais no momento de montar e reforçar o time. Recentemente em entrevista ao repórter João Castelo Branco, da ESPN, o italiano afirmou que não gostou das contratações do time: “Não estou feliz, repito! Não é importante, o mercado não é importante. (…) Jogadores vão, jogadores vêm, nada muda.” – desabafou Conte.
Nesse clima é difícil defender a tese de que Conte será o treinador do Chelsea na próxima temporada, e com isso, alguns nomes já surgem como solução para substituir o italiano, e talvez a melhor opção seja um compatriota de Antonio.
Maurizzio Sarri
Segundo repórteres do jornal italiano Gazzetta dello Sport, o Chelsea definiu que Maurizio Sarri, atual treinador do Napoli, será o substituto de Antonio Conte no comando da equipe e considera pagar sua cláusula que é de oito milhões de Euros.
Atualmente, o Napoli é o primeiro colocado da Série A italiana com 18 vitórias em 22 partidas. Com isso, o nome de Sarri é um dos mais valorizados na Europa. Além do Chelsea, o nome do treinador já foi especulado no Milan recentemente.
Seu estilo de jogo é bastante interessante. É daqueles treinadores que acredita que a melhor forma de manter a defesa segura, é manter a posse de bola com a sua equipe, tocando bastante a bola até encontrar espaços para atacar no momento certo.
O Napoli de Maurizio Sarri joga hoje num 4-3-3 e tem sua principal força no meio campo. Os meias Allan, Jorginho e Marek Hamšík tem obrigações defensivas e ofensivas, participando o tempo todo da criação de jogadas, com muito toque de bola. Os três da frente são rápidos e ideais para atacar espaços na defesa adversária, Insigne, Callejón e Dries Mertens são as armas que o time tem para marcar a maioria dos tentos, são responsáveis por marcar 24 gols em 22 partidas na temporada atual. O papel dos defensores também é destacado.
Quando Sarri chegou ao Napoli, Raúl Albiol e Kalidou Koulibaly comprometiam muito na parte defensiva, foram seis gols sofridos nas primeiras três partidas de Maurizio no comando da equipe napolitana. Hoje são mais protegidos e menos exigidos, portanto jogam com mais segurança e participam do início das jogadas com muitos passes, nunca rifando a bola.
Seria uma opção interessante para o Chelsea, que passaria a ter uma proposta diferente de jogo, talvez abrir mão dos três zagueiros de Antonio Conte, mas com uma vocação mais ofensiva e controladora. Com isso, Eden Hazard poderia crescer mais ainda e continuar sendo o protagonista da equipe.
A responsabilidade da diretoria
O fundamental para o crescimento da equipe seria um trabalho lado a lado do treinador junto à diretoria, que as decisões sejam tomadas em colaboração. O novo técnico tem que chegar com a tranquilidade de que será apoiado e receberá peças que precisa para montar o seu esquema ideal.
Já é sabido que o Chelsea mudou sua maneira de atuar no mercado de transferências, mas o grande problema para o atual treinador não passa por aí: Conte não era envolvido nas decisões, nessa última janela de verão isso ficou claro, e é um erro de Marina Granovskaia. Por mais que as oportunidades de contratação fossem boas, é necessário um aval do técnico, uma vez que ele é o responsável por escalar a equipe e decidir quais jogadores vão atuar em cada posição, por isso sabe nomes que poderiam chegar para brigar efetivamente por um lugar no time e agregar na competitividade da equipe.
A parceria fora de campo é necessária para o funcionamento do futebol que o Chelsea apresenta dentro das quatro linhas, caso resolvam a situação com Conte ou não. Caso contrário, a dança de cadeiras no comando do time continuará.