Cairo Santos é o primeiro brasileiro a jogar na NFL, a liga norte americana de Futebol Americano. Natural de Brasília e com o sangue de futebol correndo nas veias, veio a se tornar um dos melhores Kickers da liga atualmente. A cada temporada que passa, Cairo se reafirma como um dos grandes na sua posição e sua base de fãs no Brasil cresce cada vez mais.
Com o Chelsea também tendo um espaço no seu coração, Cairo aceitou conversar com o Chelsea Brasil pra contar mais como surgiu essa paixão.
Conheça Cairo Santos
Em 2007, aos 15 anos, Cairo e sua família tiveram que se mudar do Brasil e a Flórida foi o estado que lhe acolheu. Apaixonado pelo Flamengo, o jovem de Brasília também começava a se encantar pelo Chelsea graças a Frank Lampard, jogador que se tornaria sua maior inspiração como atleta.
No seu início de vida nos Estados Unidos, procurou o time de futebol no High School. Com seus chutes fortes, foi convidado a fazer testes como kicker no time de futebol americano e entrou para a equipe. Fez sucesso e recebeu, em 2010, uma bolsa de estudos da universidade de Tulane, no estado da Louisiana. Em 2012 recebeu o prêmio Lou Grouza, dado para o melhor da sua posição no país.
Em 2014, foi contratado após o Draft pelo Kansas City Chiefs e após a pré-temporada daquele ano, foi escolhido e se tornou o primeiro brasileiro a jogar na NFL. Estreou em 7 de Setembro na derrota contra o Tennessee Titans e acertou seu primeiro chute como profissional aquele dia. Até a última rodada de 2016, Cairo tem 86 chutes acertados em 102, um aproveitamento de 84,6% considerado ótimo, além de diversos recordes quebrados pelo clube.
Assim como muitos torcedores do Chelsea no Brasil recebem um pouco de preconceito por escolher um time europeu para torcer, Cairo se tornou uma referência no país em um esporte que até pouco tempo atrás tinha o mesmo preconceito de pessoas por aqui. Além do fato de Cairo já ter dito abertamente que era um fanático por futebol e vivia nos Estados Unidos.
Com 25 anos, Cairo se prepara para sua quarta temporada com a Camisa 5 do Kansas City Chiefs e antes disso, conversou um pouco com nós para falar um pouco de sua ligação com o Chelsea, a última temporada e suas expectativas para a temporada, que se inicia neste sábado:
Chelsea Brasil entrevista Cairo Santos, primeiro brasileiro a jogar na NFL
Chelsea Brasil: Como surgiu sua paixão pelo Chelsea?
Cairo Santos: “Surgiu quando eu tinha uns 11 anos e estava muito viciado em futebol. Tudo que eu pensava e queria fazer era assistir e jogar bola. Eu jogava de meio campo e, naquela época, o Lampard estava se consagrando como uns dos melhores meias no futebol. Fiquei fanático pelo futebol dele e consequentemente não perdia um jogo do Chelsea.”
CB: Você já se declarou torcedor do Flamengo, também como o sonho de atuar pelo rubro negro. Jogar pelo Chelsea já foi um sonho seu também?
CS: “Com certeza. Se eu pudesse escrever a carreira no futebol dos meus sonhos, começaria a jogar pelo Flamengo e ganharia alguns títulos no Brasil, depois, jogaria no Chelsea por muitos anos, e por fim, aposentaria pelo Mengão. É bom sonhar (risos).”
CB: Como você acha que o futebol te ajudou no futebol americano?
CS: “Acho que o futebol me deu o dom de saber encaixar bem um chute. Quando dei meus primeiros chutes em uma bola de futebol americano eu imaginava um chutão de tiro de meta. O mais longe e alto possível. Depois comecei a aprender que no futebol americano para ser um bom kicker é necessário ter mais técnica do que tentar chutar o mais forte possível.”
CB: Algumas pessoas criticam quando se torce por um clube europeu. O que você, um brasileiro que vem se tornando uma referência em um esporte que já sofreu muito do mesmo preconceito no Brasil, pensa disso?
CS: “Eu acho que não tem conflito em torcer por um time nacional e um time europeu. Ainda mais porque acho que o futebol europeu, há um bom tempo, é mais desenvolvido que o brasileiro. Sem dúvidas, os jogadores brasileiros ao longo das décadas contribuíram muito para o desenvolvimento das equipes e ligas europeias. Para quem realmente gosta de ver um bom futebol técnico e brigado com as maiores estrelas do mundo atuando, ligas como a Premier League e a La Liga dão muito gosto de assistir.”
CB: No site, tivemos por uma época uma coluna aonde nosso colaborador Fellipe Arnold gravava e mostrava um pouco da atmosfera que são as partidas do Chelsea. Para você, como foi a experiência de vivenciar um jogo no Stamford Bridge?
CS: “Desde criança eu sonhava em assistir a uma partida do Chelsea ao vivo lá no Stamford Bridge. Ainda mais naquela época de 2004-2006 em que o Chelsea e o Lampard estavam no auge. Infelizmente, não tive essa chance até o ano de 2015 quando fomos jogar uma partida da NFL lá em Wembley. Por sorte, no dia anterior ao nosso jogo, eu vi que o Chelsea receberia o Liverpool em casa. Um jogão! Então, não pude perder. Consegui ingressos com o Ramires e acabei conhecendo e trocando camisas com os jogadores depois do jogo. Infelizmente, o Chelsea perdeu de 3 a 1, mas rolou gol dos brasileiros Ramires, pelo Chelsea e Phillipe Coutinho, do Liverpool. A atmosfera foi exatamente igual a que eu imaginava pela televisão. As canções da torcida, gritos de gol, estar pertinho do campo, a intensidade da partida. Tudo aconteceu exatamente como nos meus sonhos.”
CB: O que você esperava do Chelsea no início da última temporada e o que achou do resultado final? Qual seu jogador preferido do atual elenco?
CS: “Fiquei muito feliz com a atuação do elenco sob o comando do novo técnico Antonio Conte ao longo da temporada inteira. Minhas expectativas antes da temporada eram de que o Chelsea seria campeão pelo fato de não estar disputando a Champions ou a Europa League. Mas, realmente, o futebol do Chelsea foi superior a todos neste ano e o quinto título de Premier League foi muito merecido. Meu jogador favorito nesse elenco é o Hazard.”
CB: Como você vê o crescimento do Futebol nos Estados Unidos e as recorrentes partidas de pré-temporada de clubes europeus no país? Logo teremos a torcida do Blues em Kansas?
CS: “Torço muito para que sim! O futebol vem crescendo muito aqui e a atmosfera dos estádios até chega a lembrar a dos estádios europeus. Acho que a vinda de muitas lendas do futebol para a MLS nos últimos anos, como Lampard, Gerrard, Thierry, Kaka, Beckham, também vem ajudando bastante nesse desenvolvimento.”
CB: Quando um dos maiores jogadores do Chelsea se aposentou, Frank Lampard, você se declarou um grande fã dele nas redes sociais. Conte para nós mais sobre a sua admiração pelo nosso eterno camisa 8.
CS: “Minha admiração pelo Lampard começou quando eu tinha aproximadamente 11 anos e jogar futebol era tudo pra mim. Como eu jogava de meio campo, o Lampard foi o jogador em quem sempre me espelhei por causa da qualidade técnica, visão, habilidade de chutar bem com as duas pernas, e pelo faro de gol que ele tinha. Um meio de campo completo e diferenciado. Além de ser um craque como jogador, admiro muito o caráter dele. Eu li a autobiografia dele “Totally Frank” várias vezes e a parte que eu mais absorvi foi a forma como ele treina. Ele sempre treinou para se diferenciar do adversário e não aceitava mediocridade. Esses são atributos que eu carrego comigo até hoje como um atleta. Pra mim, o Lampard sempre vai ser o meu maior ídolo.”
CB: Com a saída do Terry, o elenco não tem mais remanescentes daquela época de outro dos anos 2000 que culminou no título da Champions League em 2012. Para você, quem serão os próximos “Terrys”, “Lampards” e “Drogbas” do Chelsea?
CS: “Acho que jogadores como Lampard, Terry, e Drogba são inesquecíveis e de certa forma incomparáveis pelo que fizeram e conquistaram pelo clube. Hoje em dia vejo o Diego Costa já tendo um grande carinho da torcida e ele vem jogando de forma bem consistente desde que entrou. Se o Hazard e o Azpilicueta ficarem no time por um longo período, eu os vejo entre os grandes nomes da historia do Chelsea.”
Agradecimentos: Cairo Santos.