Diego Costa é um grande atacante, é difícil duvidar do fato de que se trata de um dos melhores do mundo. No entanto, por vezes o goleador fica marcado por seu peculiar comportamento e não é lembrado quando pensamos nos melhores de sua posição. É claro, é preciso dizer: falo do melhor Diego Costa, aquele jogador em plena forma física, longe das lesões. Justamente o que tem sido visto nesse período de testes e adaptações de Antonio Conte ao Chelsea.
O italiano dificilmente passa uma entrevista coletiva sem ter que falar sobre o hispano-brasileiro. Essa já era a situação sob as gerências de Guus Hiddink e José Mourinho. Apesar disso, os temas das falas dos treinadores nem sempre foram os mesmos. No lugar em que deveriam simplesmente ser exaltados seu poderoso espírito, luta incansável e qualidade para assombrar os goleiros rivais, muitas vezes é seu excesso de agressividade e indisciplina que vêm à tona. Não nesse início de temporada, todavia.
Se a defesa dos Blues ainda inspira cuidados – muitos, é bom que se diga –, o meio-campo não encaixou a melhor marcação e nem mostra riqueza de lances criatividade (esporadicamente presentes), do comando do ataque vem aquele que tem sido o jogador mais regular e decisivo do time na temporada: Diego Costa. Como se espera. Como deve ser.
Muito se queixa da falta das referências presentes em um passado recente de vitórias dos Blues. De um rol que continha figuras como Frank Lampard, Didier Drogba e Petr Cech, apenas John Terry subsiste e, mesmo assim, não com a frequência e imponência de outros tempos.
É em meio a esse quadro que, on fire, o hispano-brasileiro se destaca, um jogador de qualidade indiscutível e personalidade fortíssima. Em meio a um elenco que tem bons valores do ponto de vista técnico, falta muitas vezes alguém capaz de inspirar; o Diego que vem sendo visto em 2016/17 pode se transformar em uma figura com o perfil que tem faltado em Stamford Bridge.
“Fui perguntado sobre a paciência de Diego Costa e posso te dizer que ele se comportou fantasticamente bem para controlar a situação (na partida contra o Swansea), porque ele recebeu vários chutes do primeiro minuto até o final (…) É difícil, mas ele mostrou a mim e seus colegas um comportamento fantástico, não foi fácil para ele. Penso que ele é um alvo para os zagueiros”, Antonio Conte elogiou seu atacante após a vitória contra o Swansea City, válida pela quarta rodada da Premier League.
Se alguns atos controversos presentes ao longo da carreira do atacante testemunham contra o fato de o atleta poder ser uma boa referência, sua recusa em aceitar marcações duras e resultados ruins tem o condão de argumentar em sentido contrário.
Há casos históricos de líderes importantes de perfil controverso no futebol. O que dizer, por exemplo, do excepcional Eric Cantona, capitão do Manchester United em meados dos anos 90, ou até mesmo de Roy Keane, seu sucessor nos Red Devils? Vale lembrar que, a despeito de um breve entrevero com Oscar na temporada passada, Diego Costa não é tido como um jogador desagregador.
É também necessário falar que muitas vezes nascem jogadas improváveis dos pés do hispano-brasileiro. Embora seu grande atributo seja a finalização (já tendo marcado seis tentos em oito partidas nessa temporada e sendo o atual artilheiro da Premier League), não raro, da batalha constante do jogador nascem boas ocasiões, em muitos turnos jogadas até não muito bonitas, aos “trancos e barrancos” mesmo, mas lances importantes – o mais recente gol de Willian não nos deixa mentir.
Excelente em 2014/15, apesar de algumas lesões, dono de boa marca em 2015/16 (16 gols em 41 partidas), a despeito de um excesso de peso no início da temporada e da péssima fase do clube, Diego volta a mostrar em 2016/17 do que é capaz. Seus gols e personalidade trazem alento a um torcedor que ainda não sabe o que esperar da temporada.
Sua capacidade para manter acessa a chama do espírito dos Blues e influenciar diretamente o desempenho de seus companheiros, mais uma vez, vai sendo fundamental para as pretensões do Chelsea.
As palavras neste texto condizem coma opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.