Ruben Loftus-Cheek: volante, meia ou atacante?

Ruben Loftus-Cheek é um nome já conhecido pela grande maioria dos torcedores dos Blues e pela imprensa internacional. Desde sua estreia no time principal do Chelsea em 2014, o meia tem colecionado elogios por parte de treinadores e comentaristas esportivos. Mesmo sendo jovem, já conquistou títulos importantes, sendo o mais recente deles o troféu do Torneio de Toulon. Considerado o Melhor Jogador do torneio, ele foi o primeiro inglês a alcançar tal feito desde Alan Shearer em 1991.

O meia de 20 anos já atuou por diversas faixas no meio campo, desde mais recuado como primeiro volante no início da sua trajetória nos Blues, passando por um meio-campista central de grande potencial até chegar no “atacante” de Antonio Conte.

Como primeiro volante, suas principais características eram a estatura e a força física (que ainda predominam em seu futebol), além do bom tempo de bola para realizar desarmes. Conforme seu futebol foi amadurecendo, chegando até a capitanear o Chelsea sub-18 na conquista da FA Youth Cup – ele se tornou um atleta mais ofensivo e com maior movimentação, se apresentando tanto na defesa como no ataque.

Seu desenvolvimento chegou a mais um degrau quando assumiu a camisa 10 da Seleção Inglesa no Torneio de Toulon realizado na primeira metade deste ano. No esquema montado, o atleta do Chelsea atuava com total liberdade de posicionamento, atuando praticamente em todas as faixas do meio-campo, criando chances e desarmando oponentes.

Loftus-Cheek como principal armador inglês na campanha do título no Torneio de Toulon

O que acontece com jogadores jovens é que muito frequentemente ainda não encontraram a posição em que mais podem render. Esse parece ser o caso de Loftus-Cheek, pelo menos por enquanto. Com a chegada de Conte, o meia central da gestão de José Mourinho tornou-se um atacante na percepção do novo técnico em entrevista ao site oficial do Chelsea:

“Cada treinador possui sua própria ideia de um sistema de jogo. Neste sistema, com dois meio-campistas, Ruben pode jogar próximo ao outro atacante mas tornar-se um atacante quando temos a posse de bola.”

Nos dois primeiros amistosos da temporada, Loftus-Cheek foi utilizado nessa função: a de um segundo atacante com grande movimentação vertical. Conte tira vantagem da capacidade física do atleta e o utiliza numa espécie de atacante/meio-campista, confirmando assim a sua visão de um jogo extremamente moderno (jogadores com mais de uma função ao mesmo tempo) e de grande intensidade (primordial para o sucesso na Premier League). O italiano ainda exaltou as qualidades da joia inglesa na nova posição assumida:

“Ele possui as características certas para jogar nessa posição. Ruben é um jovem com grande potencial. Gosto muito dele na posição de atacante. Ele pode melhorar muito porque possui grande potencial, boa técnica, boa personalidade e é bom no um-contra-um”.

Leia Mais: Loftus-Cheek fala sobre a partida contra o Wolfsberger AC e o trabalho com Conte

A aposta de Antonio Conte para tirar o máximo de Ruben não é tão aposta assim. O mesmo aconteceu com outros jogadores na passagem do treinador tanto pela Juventus quanto pela Seleção Italiana. Alessandro Florenzi centralizado no meio de campo, Paul Pogba numa versão volante/meia lateral, Leonardo Bonucci como líbero extremamente ofensivo são algumas das mudanças que Conte promoveu por onde passou. Mudanças essas que surtiram efeito positivo imediato no desenvolvimento dos atletas e na amplitude do esquema de jogo. Mudanças essas também que exemplificam a grande qualidade de estrategista que possui o italiano.

O garoto, totalmente à vontade, atuando como atacante no último jogo dos Blues

Ruben Loftus-Cheek começou a temporada atual não como promessa, é sim como realidade nas mãos do novo técnico. Com físico avantajado, passadas largas, bom passe, movimentação extrema e uma maturidade incomum para sua idade, Ruben caminha para ser uma peça importante do estrategista Conte. No papel, sua posição será a de segundo atacante. Na prática, Conte abriu espaço para a estrela da base dos Blues brilhar, flutuando entre as linhas, ajudando na recomposição defensiva, aparecendo na área para finalizar e criando jogadas a partir de trás com arrancadas e passes longos.

Tais características remetem a outro ídolo recente dos azuis de Londres, Michael Ballack, que atuou no clube de 2006 a 2010. Porém, os dois possuem uma diferença que será muito apreciada pelos torcedores: o inglês não costuma ficar em segundo lugar.

Category: Chelsea Football Club

Tags:

Article by: Lucas Jensen

Jornalista que ainda acredita que o futebol pode ser apreciado sem torcer (mas não se segura e torce mesmo assim). Fã de tática e do jogo reativo, se deleita nos contra-ataques e toques 'de primeira'. Amante racional da Premier League e nostálgico do Calcio, seus hobbies incluem teorias mirabolantes e soluções inusitadas.