Quem acompanha o Chelsea há mais de uma década, lembra como o clube ao ser comprado pelo russo Roman Abramovich parecia trazer quem quisesse para usar o manto azul. Não apenas o time tinha o que parecia ser um orçamento sem limites, mas também tinha um apelo junto aos atletas.
Porém, de alguns anos para cá, o time parece ter apresentado mais dificuldade para trazer os reforços que os treinadores almejavam. Qual foi a última vez que o Chelsea conseguiu trazer um nome de peso para Cobham? Pedro e Cesc Fàbregas vieram em baixa do Barcelona, sendo que o camisa #4 do Chelsea foi rejeitado pelo Arsenal antes de fechar com os Blues. Diego Costa teve a multa da rescisão do seu contrato pago e apesar das boas temporadas pelo Atlético de Madrid, não era um dos atacantes mais badalados do mundo há três temporadas atrás e havia certa incerteza quanto à sua forma física. Eden Hazard chegou como uma grande promessa, mas tinha apenas 21 anos quando veio do Lille.
A pergunta que fica é por que jogadores de ponta e de destaque antes vinham para Stamford Bridge e agora têm se tornado cada vez mais raros? Como o clube que outrora tinha fama de gastão, agora está passando a ser conhecido por adotar uma postura comedida em termos de investimentos, optando por negócios interessantes e oportunos por jogadores que embora tenham qualidade não são os astros que chegam a Real Madrid, Barcelona, Bayern e até PSG.
Há fatores externos e internos que, a princípio, justificam a mudança que vai quase de um extrema ao outro(mas é só quase, afinal, podemos respirar sossegados sabendo que ainda não nos transformamos no Arsenal).
Primeiro é praticamente impossível competir com os dois grandes espanhóis em termos de prestígios. Mesmo tendo enfrentado sanções em janelas de transferências recentes, Real Madrid e Barcelona, continuam sendo os clubes com mais títulos representativos nos últimos anos e de maior fama no globo – além de terem uma receita gigantesca a seu dispor para investir em jogadores.
A política de investimento do Chelsea também parece ter mudado, optando por apostar em jogadores com potencial – porém ainda não consolidados – e mantê-los emprestados, observando seu desenvolvimento à distância. Essa mudança na postura é determinante, pois em um mercado inflacionado, limitar os valores de investimento certamente distancia qualquer clube dos nomes mais valiosos.
Se há 12 anos o Chelsea era praticamente o único ‘novo rico’ que estava disposto a pagar valores exorbitantes para compor seu elenco, hoje, só na Inglaterra, os dois times de Manchester dispõem de muito mais recurso que os Blues.
Fora da terra da rainha, temos PSG, Monaco, Bayern e, mais recentemente o mercado chinês, além claro, de Real e Barcelona. Antes quase solitário nos negócios mirabolantes, com a companhia apenas dos galácticos madrilenos, e ocasionalmente do Barcelona, hoje o Chelsea é só mais um dentre os clubes milionários e ambiciosos, e certamente o mais comedido em seus gastos.
Não acredito que a postura econômica trará grandes repercussões e perdas para o Chelsea, mas a aparente queda de prestígio entre jogadores que preferem atuar nos time citados acima, simplesmente por opção, é desconfortável. Será que vale a pena competir em números com a China – e fazer negócios astronômicos que poderiam trazer nomes badalados, como por exemplo, Antoine Griezmann, sonho de muitos torcedores blues, ou é melhor continuar tentando encontrar apostas que deem certo, mas a um custo muito mais acessível, como no caso de Hazard?
Honestamente não sei a resposta para essa pergunta, mas devo confessar que me incomoda ver mais uma janela de transferências estar quase chegando ao fim e o Chelsea estar sequer próximo de negociar jogadores que elevariam o nível técnico do time a outro patamar.
As palavras neste texto condizem com a opinião da autora, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.