Hoje (27) aconteceu o sorteio dos grupos da Champions League e a preocupação era grande para todos, já que a forma como foram estabelecidos os potes dos sorteios deixava em aberto a possibilidade de grupos recheados de gigantes, o que seria ruim para os mesmos e até para os pequenos, que se veriam sem chances ao enfrentar clubes de maior orçamento.
Porém o Chelsea teve um bom sorteio e caiu num grupo relativamente fácil, se beneficiando do fato de ter sido Campeão Inglês na última temporada, o que o colocou como “cabeça de chave” de seu grupo. Caímos no Grupo G, pelo segundo ano consecutivo, e teremos uma primeira fase que nos permitirá um bom desenvolvimento do elenco e do padrão de jogo até a fase de mata-mata.
O foco nesta temporada é ir mais longe do que as oitavas, como em 2013/2014, mas antes de chegar até lá, teremos o seguinte grupo:
– Porto FC (Pote 2): Foi aqui a principal sorte no sorteio, já que poderíamos ter encarado Real Madrid, Atlético de Madrid e Valência. O Porto será o adversário mais forte do grupo e será o único teste para o time. Serão interessantes os duelos pois o Chelsea poderá enfrentar um adversário relativamente de bom nível sem a preocupação de uma briga direta por vaga, então dará uma boa tranquilidade para preparação do elenco para momentos mais decisivos. Curiosamente, o confronto é praticamente um “Derby José Mourinho”, além de ser a segunda vez que enfrentamos os Dragões na fase de grupos.
– Dynamo de Kiev (Pote 3): Pegamos um adversário fácil, ainda mais se considerarmos que poderíamos ter aqui Roma, Lyon e Sevilla. O Dynamo de Kiev não se classificou para a Champions League na última temporada e os ucranianos não são lá essas coisas, apesar de não serem de todo uma barbada. Será um adversário tranquilo de se enfrentar em casa e será um desafio interessante jogar com eles em Kiev. Dynamo e Porto brigarão pela segunda vaga, enquanto servirão de bons testes para nós.
– Maccabi Tel-Aviv (Pote 4): Seis pontos garantidos, convenhamos. Serão bons jogos para colocar a garotada/reservas (tá ouvindo Mourinho?) para ganhar experiência em torneios internacionais. Vale lembrar que no pote 4 tinha o Wolfsburg. Além do mais essa partida marcará o encontro do Chelsea com um de seus maiores “ídolos” recentes: Tal Ben Haim (E pra nosso divertimento o Maccabi tem dois Tal Ben Haim no time. Dá pra acreditar?)
O grupo, como dito, será tranquilo para o Chelsea e por muitos motivos. Quando se tem um grupo realmente forte, a preocupação em garantir uma vaga é tão grande que não há tempo na fase de grupos (e é pra isso que ela serve também) para desenvolver o time, encontrar alternativas e ir moldando o crescimento da equipe para as fases que realmente são decisivas. Quando o grupo é forte, a preocupação é tanta que o desgaste aumenta significativamente, além de colocar uma pressão desnecessária neste momento na equipe.
Neste ponto poderemos trabalhar o time aos poucos e nos dar ao luxo até de testar alternativas, jogadores, formações, coisas que não dá pra fazer com tanta ênfase na Premier League, já que cada jogo são três pontos necessários. Além do mais, nunca é ruim disputar partidas contra times de outras culturas do futebol. Porto e Dynamo são times de estilos de futebol diferentes entre si, e também diferentes em relação ao próprio Chelsea e seus habituais adversários na PL, e isso dará a possibilidade de o Chelsea treinar abordagens distintas para estes adversários.
O Porto tem, historicamente, e agora ainda mais, graças ao estilo de seu treinador, um futebol menos truncado e mais de velocidade, envolvência. O Porto sempre tenta demonstrar um futebol ofensivo, aberto e de bastante movimentação; e sob o comando de Julen Lopetegui tem aprimorado estas características ainda mais. O espanhol treinou os sub 19, 20 e 21 da Seleção da Espanha de 2010 até 2014, quando assumiu o Porto, então trouxe ao clube o luso toda uma filosofia de futebol que reinou em sua terra natal neste período, com um futebol mais próximo do tique-taca.
Isto será muito útil para o Chelsea, já que será um teste bastante útil jogar contra esta filosofia de jogo, mesmo que o Porto não tenha um grande elenco, uma vez que criará a necessidade de neutralizar e se adaptar à natureza do jogo praticado pelos portugueses. Será como um laboratório para possíveis confrontos contra Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique.
Fora isso, o Porto tem bons nomes no elenco, como Iker Casillas, Bruno Martins Indi, Cristian Tello (aquele mesmo do Barcelona), Vicent Aboubakar, Pablo Osvaldo, e um incrível jogador português que se chama André André (é serio!). Ou seja, bobos os portistas não são e nos darão bons duelos nesta fase de grupos.
Já o Dynamo de Kiev demonstra um futebol mais pragmático, típico do leste europeu, e tem um elenco praticamento todo composto por ucranianos (diferentemente do Shakhtar Donetsk), o que faz com que os confrontos não nos imponham tanta dificuldade, mas de qualquer forma será interessante jogar contra um time mais duro, ajudará e muito no amadurecimento da equipe na competição.
O ucraínos têm no elenco o sempre perigoso Andriy Yarmolenko, que é pretendido por gigantes europeus. Se continuar no Dynamo para a temporada, será interessante também ver a zaga do Chelsea sendo incomodada por um atacante de tão bom nível.
Os outros ingleses
Um dado interessante a se notar na composição dos grupos é a distância que cada clube terá que percorrer para cumprir todos os jogos da fase de grupos. Neste sentido, o Chelsea terá viagens muito mais desgastantes que qualquer outro inglês na Champions League. Isso pode ser um dificultador no quesito cansaço, já que os jogos da UCL são sempre em meios de semana, espremidos entre jogos da Premier League; até porque nossos adversários diretos na PL terão viagens mais curtas. Mas até isso pode ajudar a cabeça de Mourinho a se abrir e rodar um pouco a equipe em jogos de menor porte no grupo.
Veja as distâncias:
Chelsea: 14780 km
Arsenal: 9485 km
Manchester United: 8774 km
Manchester City: 7792 km
Fora isso, os outros ingleses terão vidas mais difíceis na fase de grupos. O Arsenal pega ninguém menos que Bayern de Munique, e apesar do resto do grupo ser tranquilo, uma segunda colocação para os Gunners pode significar enfrentar um adversário mais forte já nas oitavas.
O Manchester United tem um grupo difícil, com PSV, CSKA Moscou e Wolfsburg. Deve se classificar, até mesmo em primeiro, mas terá partidas difíceis e, portanto, desgastes e com preocupações bem maiores.
Já o City caiu novamente em um grupo difícil e terá Juventus, Sevilla e Borussia Mönchengladbach como adversários. Os espanhóis podem não parecer tão fortes em nomes, mas vale lembrar que são os atuais bicampeões da Europa League e têm um bom time. O City terá dificuldades e pode se complicar.
Neste sentido, de dificuldade dos grupos, o Chelsea pode se beneficiar na Premier League, já que sem muitas preocupações com fortes adversários na UCL, pode aproveitar estes próximos meses para se recuperar na competição local e até mesmo fazer vantagem sobre os adversários diretos em momentos em que eles estarão lutando por classificações em seus grupos. Mas isso, é claro, se o Chelsea fizer a sua parte nas duas competições. Vamos torcer para que sim!
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil