Opinião: Rubin Kazan 3×2 Chelsea – Um passo a frente

Torres e Moses marcam, e Chelsea avança na Europa League.
Torres e Moses marcam, e Chelsea avança na Europa League.

Um jogo de um tempo só.
O Chelsea hoje voltou ao péssimo hábito de jogar apenas durante 45 minutos. O primeiro tempo, totalmente dominado pelos Blues. Já no segundo, uma equipe irreconhecível, totalmente diferente da que veio aos gramados na etapa inicial. Erros amadores caracterizaram esse jogo, principalmente na parte defensiva do time de Londres. Ao fim, no placar agregado, o Chelsea levou vantagem sobre os russos, e assim avançou para a próxima fase da Liga Europa.

O jogo começou pegando fogo. O Rubin Kazan, obviamente, entrou em campo com uma postura extremamente ofensiva, visto que precisava do resultado para alcançar o Chelsea no placar. Porém, logo aos 5 minutos, Fernando Torres mais uma vez mostrou serviço. Recebendo um belo lançamento de Lampard, o espanhol ganhou da zaga na velocidade, observou a saída do goleiro adversário, e fez um lindo gol por cobertura. Uma pintura. Com esse gol, o Chelsea  ampliou mais ainda a vantagem no placar. Os Blues já pareciam abalar os ânimos da equipe russa logo no início da partida.
O Rubin sentiu o gol, porém não desistiu do jogo. O domínio do Chelsea era evidente, mas os russos continuavam tentando. Ainda no primeiro tempo, o time da casa criou algumas boas chances, teve excelente jogada individual, e mostrou grande vontade de vencer a partida e avançar na competição. Com alguns bons lances para ambos os lados, o jogo ficou na mesma, e os 45 minutos iniciais se encerraram com o placar mínimo a favor do Chelsea.

A segunda etapa foi uma reviravolta. Os russos voltaram a campo com uma postura tática ainda mais ofensiva do que antes, e logo chegaram ao empate. Em boa cabeçada do ataque adversário, Petr Cech apenas assistiu a bola cruzar a linha do gol. Com o tento, o Rubin, que já mostrava vontade de reverter a partida, renovou ainda mais seus ânimos para o jogo.
Porém, um outro balde água fria veio logo em seguida sobre os russos. Em tabela de Moses e Ramires, o nigeriano acabou ficando de frente para o gol, e bateu colocado, não deixando chances para o goleiro adversário. O Chelsea voltou a frente no placar, diminuindo ainda mais as esperanças dos torcedores em Moscou.
Mas o time que perdia não se abalou. O Rubin Kazan continuou jogando com todas as forças, insistindo nos lançamentos para a área dos Blues. E justamente em uma nova jogada área, os anfitriões marcaram o segundo gol de cabeça e chegaram novamente ao empate.
A partir daí, o Chelsea tomou pressão. A equipe russa se aproveitou da desorganização do time inglês, e por várias vezes, levaram perigo à meta de Petr Cech, sempre na mesma jogada: levantar a bola para a área. O juíz ainda marcou um pênalti discutível contra o Chelsea, que foi convertido, dando a virada ao time da casa. Rubin 3×2 Chelsea.
A pressão continuava. Com a zaga blue extremamente falha, o Rubin manteve o domínio do jogo no segundo tempo, levando perigo constante e fazendo goleiro do time visitante trabalhar muito. Os Blues, que praticamente nada criaram nesses 45 minutos complementares, apenas assistiam o adversário jogar. O apito final decretou o fim de jogo, e mesmo com a derrota, o Chelsea levou vantagem no placar agregado, e se classificou para próxima etapa.

Olhando os jogadores um a um: Petr Cech jogou muito, evitou que tomássemos muito mais gols. Foi um dos destaques da partida ao meu ver, e quando o goleiro é destaque, é porque tem algo errado. Azpilicueta fez uma partida ok, nada de excepcional, e nada de muito ruim. Paulo Ferreira é um jogador extremamente limitado. Falhou muito, muito mesmo. Em toque de bola, defensivamente, ofensivamente,…. Fez uma ou outra boa contribuição para a equipe, mas está concorrendo ao pior jogador deste jogo. Estava praticamente assistindo o jogo em campo, ao invés de estar efetivamente jogando.

David Luiz e Terry não se acertaram. No geral, defenderam bem, mas falharam nas jogadas aéreas. Eu acredito que foi mais culpa dos laterais (Paulo Ferreira principalmente) e dos volantes, que deviam ajudar na marcação e não o fizeram de forma eficiente, do que dos nossos zagueiros propriamente. Porém, o camisa 4 e o capitão do time já fizeram melhores jogos e, ao meu ver, deixaram muito a desejar nessa partida.

Ake foi uma faca de dois gumes. Extremamente eficiente no desarme, pegou praticamente todas as bolas que disputou. Até  mais ou menos a metade do segundo tempo, esse jogador possuia nada menos que uma média de 100% de acerto nas tomadas de bola. Nesse quesito, podemos até dizer que ele foi quase perfeito. Porém, na hora de começar a jogada rapidamente, de marcar as jogadas aéreas que tanto incomodaram o Chelsea hoje, e de manter o toque de bola envolvente, Nathan mostrou um desempenho não tão bom assim. Não foi um jogo ruim do jovem blue, porém faltou muita experiência ali. Gostei de sua participação no time titular, mas é um jogador que precisa de mais regularidade em campo, para que possa amadurecer. Ramires manteve seu bom futebol e jogou com a mesma raça de sempre. Posteriormente deu lugar a Mikel, que foi importante nos desarmes dos contra-ataques adversários. Lampard foi um dos destaques também ao meu ver. Lindo passe para o gol de Torres, e ainda participou dos ataques do time, tão como ajudou na marcação. No fim do jogo, deu lugar a Ivanovic, que ficou poucos minutos em campo, apenas proporcionando maior segurança para a defesa.

No ataque, Benayoun fez uma partida regular. Algumas boas jogadas, outras nem tanto. Chegou a ter alguns erros um tanto quanto grotescos. Porém manteve um nível aceitável, e fez a sua parte em campo. Deu lugar a Oscar perto do fim do jogo, e o brasileiro criou algumas boas chances, inclusive arrematando a meta após receber boa bola de Fernando Torres. O jogador da seleção brasileira foi visivelmente mais efetivo que o camisa 30 dos Blues em campo, porém não chegou a ser decisivo para o andamento do jogo.

Já Moses, na minha opinião, novamente fez mais mal do que bem ao time. Fez algumas boas jogadas, inclusive um belo gol. O nigeriano tem grande potencial e bom drible, porém está cometendo alguns erros infantis. Muita fome, não é o primeiro jogo que o camisa 13 tenta dar uma de Messi e sair driblando todo mundo, quando poderia ter tocado para companheiros de time que estavam claramente livres. Dessa forma, o jogador por vezes acaba matando algumas jogadas de ataque, e consequentemente entregando a bola para o time adversário. Contra times mais expressivos e de contra-ataque rápido (lê-se Manchester City, que pegaremos no próximo domingo), esse tipo de atitude pode ser fatal. É um jogador que ainda está evoluindo, e tem boas qualidades, porém não as vem mostrando sempre, e precisa urgentemente aprender a trabalhar mais a jogada.

Por fim, chegamos a Fernando Torres. Novamente se mostrou crucial, fazendo um belo gol. O jogador já vinha fazendo boa sequência de jogos, e hoje não foi diferente. Porém, suas aparições foram visivelmente mais acentuadas no primeiro tempo, momento em que o jogador atacou muito bem, voltou em várias ocasiões para marcar, e jogou com mais vontade. Na segunda etapa, Torres ficou como o resto do time, mais apagado. Dificilmente o 9 passava da linha do meio de campo, guardando suas energias apenas para arrancadas de contra-ataque. Dado que o Chelsea pouco criou no segundo tempo, El Niño quase não apareceu nos 45 minutos finais. Porém, é inegável que teve participação definitiva para a classificação hoje.

O Chelsea fez o que tinha que fazer, e garantiu a sua classificação para a próxima fase. Porém, deixou a desejar no desempenho, principalmente na segunda etapa. Benitez mudou a postura tática do time para uma espécie de 4-1-4-1, alternando posteriormente para algo como 4-3-2-1 ou 4-3-3, não sei ao certo. Torres ficou muito isolado, e o Chelsea pouco atacou na segunda metade, ficando um tanto quanto difícil de determinar as posições exatas dos nossos jogadores. Porém, independente da tática, o fato é que alguns fracos desempenhos individuais afetaram a equipe como um todo, e o time voltou a jogar apenas uma das etapas do jogo. Esse tipo de postura não pode voltar a se repetir, dado que temos jogos importantes contra adversários de respeito nos próximos dias. No domingo, pegamos o Manchester City pela FA Cup, jogo dificílimo. E o temos um jogo a ser remarcado pela Premier League contra o Tottenham, outro grande adversário. Qualquer deslize do Chelsea nesses jogos trará grandes prejuízos, dado que uma derrota para o City significa a eliminação do Chelsea da competição acima citada, e uma derrota para o Tottenham implica na perda da terceira colocação do campeonato inglês e na complicação para garantir o G4 e, consequentemente, a vaga para a Champions League. O Chelsea estava mostrando boas atuações nas ultimas partidas, e é de vital importância para o andamento da temporada que o time mantenha aquele nível de desempenho em campo. Caso contrário, a janela 2012/2013 dos Blues poderá vir a acabar em tragédia.

As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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