
Foi suado.
Em jogo complicado, o Chelsea venceu o Aston Villa por 2×1, conquistando pontos importantes na tabela, e assegurando assim sua vaga na próxima Uefa Champions League. O jogo também foi marcado pelo recorde histórico de Frank Lampard, que se tornou agora o maior artilheiro do Chelsea, com 203 gols pelo clube até então.
O primeiro tempo foi apático. A etapa foi extremamente sem sal, com poucas chances criadas e muitos cartões amarelos, incluindo dois para Ramires, o que resultou na expulsão do brasileiro. Aqui, o que vale destacar é o gol do Villa, que ocorreu numa falha do zagueiro Gary Cahill, o bom chute de fora da área de Delph, que por pouco não atingiu a meta, a incrível chance perdida por Demba Ba, e a cobrança de falta de Frank Lampard, que bateu na trave, e por muito pouco não entrou. Dado esses citados, praticamente nada mais ocorreu nos 45 minutos iniciais. O time da casa era visivelmente superior aos Blues, que não conseguiam se achar em campo.
O Chelsea voltou para o segundo tempo com um homem a menos. O jogo ainda continuou sem grandes emoções a princípio, embora o Aston Villa ainda mantivesse o domínio da partida. O ‘equilíbrio’ veio aos 56′, com o segundo amarelo e consequente expulsão do atacante Benteke, o que deixou ambos os times com 10 jogadores.
A resposta foi imediata. Logo em seguida a expulsão, Frank Lampard empatou o jogo para o Chelsea, fazendo história ao marcar seu 202° gol pelos Blues, se tornando assim o maior artilheiro da história da equipe, ao lado de Bobby Tambling. Um golaço, diga-se de passagem. O Chelsea ainda teve um gol não validado, em lance muito complicado para arbitragem.
Pouco após a metade do segundo tempo, Terry se lesionou em disputa de bola na área, e Ivanovic entrou em seu lugar. O time visitante ainda teve algumas boas chances com bolas paradas, e também criou outros boas jogadas, mas a virada só veio com mais um gol memorável. Lampard marcou novamente, decretando de vez sua marca histórica, se tornando isoladamente o jogador com mais gols vestindo a camisa blue de todos os tempos. No final do jogo, Hazard também se lesionou, deixando o Chelsea com apenas 9 homens no gramado. O jogo seguiu, e após mais de 7 minutos de acréscimo, o árbitro apitou o final da partida. O time da capital inglesa venceu o Aston Villa fora de casa, conquistando 3 pontos extremamente importantes, e garantindo matematicamente o G4 da Premier League.
Individualmente citando, como de costume começarei com Petr Cech. Meu comentário sobre o camisa 1 é o mesmo de sempre: Boa partida do arqueiro, eficaz quando necessário.
Já a zaga, após uma série de boas partidas, hoje apresentou decadência gritante. O lado direito do setor defensivo dos Blues estava dormindo, praticamente todas as jogadas do Villa foram criadas por lá. Azpilicueta e Cahill não fizeram uma boa partida. Terry estava seguro enquanto esteve em campo, Ivanovic entrou e manteve o mesmo nível. Ashley Cole quase não apareceu no jogo. No geral, um desempenho muito fraco para os padrões da nossa defesa.
O meio campo também não foi bem. Ramires foi muito prepotente. Além do volante continuar chamando as jogadas para si, tentando lances individuais e/ou ligações diretas ao invés de trabalhar com os meias ou com o centro-avante, o brasileiro não foi cuidadoso em seus lances, mesmo sabendo que já tinha cartão amarelo. A expulsão foi um tanto exagerada ao meu ver, mas desde o primeiro momento, dava-se para notar qual era o nível de julgamento do árbitro. O camisa 7 nem tentou se segurar sabendo que estava pendurado, agiu com prepotência e desfalcou o Chelsea em um momento delicado do campeonato. David Luiz entrou no meio campo após a expulsão, mas também não fez boa partida, errou muitos passes. Em total contraste com a dupla brasileira, Frank Lampard brilhou. Marcou os dois gols dos Blues, virou a partida e decretou a vitória, além de quebrar o recorde do clube. O eterno 8 fez partida muito segura. A lenda do Chelsea salvou a performance dos meio campistas hoje.
O ataque foi totalmente neutralizado. O Aston jogou com mais da metade do time recuado para o campo de defesa, era incrível ver o tumulto de defensores no campo de ataque do Chelsea. Demba Ba foi totalmente isolado, e os meias não conseguiam manter o bom toque de bola, tornando assim as chances do Chelsea muito escassas. Hazard se destacou pelas jogadas de velocidade. Mata fez bom jogo também, bons lançamentos e alto nível de toque de bola. Moses ficou em campo só durante o primeiro tempo, e praticamente nada fez na partida. Demba Ba foi anulado e não fez boa partida, além de perder gol quase que inacreditável. Fernando Torres entrou no final e incrivelmente apareceu mais para o jogo que o senegalês Ba, porém o espanhol também não fez muito, talvez pelo pouco tempo que ficou em campo. El Niño entrou com vontade, mas mais puxou marcação do que efetivamente jogou.
A vitória foi extremamente importante. O Chelsea conseguiu, matematicamente, ficar entre os 4 primeiros da Premier, e consequentemente, conquistou a vaga na próxima UEFA Champions League. Além disso, o jogo ficará para a história. Frank Lampard finalmente quebrou o recorde, e é agora o maior artilheiro do Chelsea. Uma marca memorável, incrível. O camisa 8 deixou mais uma marca nos Blues, e uma marca memorável. Esperamos agora que Abramovich veja o erro que seria deixar essa lenda sair do clube.
Porém, nem tudo são flores. Esse jogo serviu para mostrar que o Chelsea não está tão estável como achávamos, dado que o time estava irreconhecível em campo, principalmente no primeiro tempo (De novo não mantendo um futebol regular durante os 90 minutos de jogo…). Tá certo que o Villa jogou muito recuado, com uma linha defensiva formada por cerca de seis jogadores. E também, a arbitragem foi estranha. Duas expulsões precipitadas ao meu ver. Porém, eram os padrões do árbitro. De qualquer forma, Ramires desfalca o time no último jogo do campeonato inglês dessa temporada.
Citada a retranca que o Aston Villa jogou hoje, quero ressaltar aonde está a principal falha do Chelsea, ao meu ver. Se um time se retranca, ele mata totalmente nosso centro avante isolado, e acaba com o toque de bola dos nossos três meias, e isso quase que acaba com o time. Hoje ambos os gols saíram do nosso volante, que subiu ao ataque. Estou extremamente contente pelo recorde de Lampard, mas insatisfeito em ver que David Luiz, Ramires, Lampard e até os nossos zagueiros (em bolas paradas) estão se tornando tão protagonistas de gols (ou até mais) do que os nossos atacantes. Os jogadores que deviam estar mais recuados estão fazendo tantos gols – ou até mais – que Mata, Hazard, Torres, Ba,… Isso é preocupante. Ainda defendo que o 4-2-3-1 não serve para o Chelsea de hoje, pois um time que se porta da forma como o Aston Villa se portou hoje, anula o nosso ataque. Eu já vi outras equipes fazendo exatamente isso em jogos passados, e o resultado foi o mesmo de hoje: Um jogo onde os Blues não conseguem criar quase nada. Conseguimos bater de frente com Tottenham, United, City e afins, pois também são times extremamente ofensivos, ou seja, mais abertos defensivamente. Mas quando pegamos um time retrancado, não é que o jogo fica mais difícil, o jogo praticamente não acontece. O homem isolado fica perdido em meio aos defensores, praticamente como se tivéssemos 10 em campo. Os meias não conseguem manter o toque de bola beirando a grande área, sempre tendo que recuar a jogada, pois a marcação fica muito forte. E a partir desse momento, o Chelsea parte pro “chutão”, tenta jogar a bola da defesa/meio campo, direto para o ataque.
É uma situação inversa de como eram os jogos do Chelsea na temporada passada, a exemplo do jogo contra o Barcelona em 2012. A equipe londrina se retrancava, tentando anular os ataques do time catalão. Porém, o Barca não isolava um único homem, o que fazia com que a defesa blue tivesse que ficar dividida entre todos os atacantes, abrindo assim espaços para o time espanhol criar jogadas. Essa postura do Chelsea de isolar um único homem a frente é, a grosso modo, perder um jogador em campo, e deixar a vida dos 3 meias muito complicada devido a forte marcação. A temporada está no fim, e espero que o novo comandante técnico do Chelsea corrija essa falha para a próxima temporada.
Além de todo o citado acima, possivelmente perdemos dois jogadores importantes. As lesões de Terry e Hazard parecem sérias, e acredito que ambos os jogadores desfalcarão o Chelsea na final da Europa League. É um fator preocupante, especialmente no caso de Hazard, que é um jogador que faz a diferença no nosso ataque. Fica um ar de muita preocupação para o jogo do meio da semana. As coisas podem ter se complicado bastante para os Blues.
Mas agora basta torcer. A meta da Premier está feita, estamos dentro do G4. Agora é tentar se manter em terceiro para irmos diretamente à fase de grupos da Champions League. Porém, o próximo jogo é a final da UEL, e é nessa partida que o Chelsea deve focar, ainda mais com os possíveis desfalques. O jogo que já era difícil, se torna mais difícil ainda dada as condições da equipe no momento. Será mais emocionante ainda, mas se a conquista não for emocionante, não é Chelsea.
Rumo ao título da Liga Europa!
Go Blues!
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.