Em 2012, logo após se sagrar campeão da UEFA Champions League, o Chelsea anuncia a contratação de uma promessa da, até então, pouco falada geração belga de talentos: Eden Hazard. Após boas temporadas atuando pelo Lille da frança, principalmente no time de Rudi Garcia que contava também com Cabaye, Gervinho e Debuchy.
Com a visibilidade de ter ganho o prêmio de melhor jogador jovem da Ligue 1 em 2008/09 e 2009/10, além de melhor jogador do mesmo campeonato em 2010/11 e 2011/12, o belga assinou com os Blues por uma quantia de aproximadamente £40 milhões.

Rápido e driblador, com muito controle de bola e visão de jogo, Hazard tinha tudo para decolar na Premier League. Porém, uma peculiaridade no contrato de Eden era que, para assinar o contrato, o clube inglês teria de levar o irmão de Eden, Thorgan Hazard, no mesmo “pacote”. Não é necessário dizer que os Blues não pensaram duas vezes em estender um contrato também para Thorgan, que ficou emprestado para o Zulte Waregem, clube de sua terra natal.
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Segundo a política de empréstimo dos jovens jogadores que o Chelsea vem adotando ao longo dos últimos anos, Thorgan teoricamente seria emprestado por duas ou três temporadas, primeiramente para uma liga de menor expressão, no caso a belga, depois para uma liga de maior visibilidade como a italiana ou alemã e em seguida para um clube mediano da Premier League ou Championship. O Hazard mais novo se destacou em todos os seus empréstimos, fazendo apresentações dignas de uma chance em ligas mais competitivas e até no próprio Chelsea. O clube em que mais demonstrou seu potencial foi no Borussia Monchengladbach da Alemanha, aparecendo várias vezes no time titular, mesmo com apenas 21 anos.

Em 2015, o Borussia comprou o atleta em definitivo, mas com uma cláusula de recompra em favor do clube inglês, o que é prática comum em vendas de jovens atletas pelo Chelsea. Na última quarta-feira (24), Thorgan Hazard ajudou o seu atual clube a vencer o Young Boys nos Playoffs da Champions League por 6-1 marcando um hat-trick. Não sendo atuação isolada, em sua terceira temporada na Alemanha Hazard vem desabrochando seu potencial atuando ao lado do brasileiro Raffael na criação das jogadas. Com estilo menos elétrico que o do irmão capitão da seleção belga, Thorgan se destaca por chutes de média e longa distância e pelas assistências, foram 10 passes para gol em cada uma das duas últimas temporadas.
O descaso com os jogadores jovens já vem dando resultados negativos, em que os Blues vendem seus jogadores por não serem aproveitados no time principal e os vê brilhando em outros clubes. Casos recentes de jogadores como Nemanja Matic, Kevin De Bruyne, Romelu Lukaku e do caminhão de jovens espalhados pelo mundo demonstram a política de simplesmente não utilizar jogadores jovens em seu plantel principal.

Além dos jovens, jogadores com história no clube como é o caso de Frank Lampard e Petr Cech, e de jogadores importantes como Juan Mata são constantemente liberados em favor de novas contratações que não tiveram o impacto previsto. O clube, apesar de protestos de sua torcida, não parece propenso a mudar de estratégia, pelo menos não a princípio.
Com a mudança de técnico, todos esperavam que os jovens fossem melhor utilizados. Jogadores como Andreas Christensen, Ruben Loftus-Cheek, Kenedy e Dominic Solanke estão pedindo passagem a algum tempo e Conte, também num primeiro momento, parece não querer depositar tantas esperanças na base do Chelsea que, reconhecidamente, é uma das melhores da Europa.
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É muito cedo para definir o papel que a base terá na formação do time pelos próximos anos, mas o italiano no comando dos Blues já deu pinta de que irá utilizar pelo menos os jovens que já estão integrados ao time, Loftus-Cheek principalmente.
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Só nos resta torcer para que erros do passado, com diversos treinadores, não se repitam com os jogadores do presente. O tempo está passando, inclusive para algumas lendas do clube e o torcedor blue se acostumou com títulos. A base é promissora e temos um treinador que trabalha bem com jovens mas a política interna do clube tem que mudar se um dia o Chelsea quer mudar de patamar no cenário europeu, de time gastador para time formador de atletas.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.