Que diferença três meses podem fazer. O Chelsea vinha amargando alguns anos com problemas no ataque, deixando de ganhar partidas pela ineficácia de seus jogadores de frente. Didier Drogba saiu ao fim da temporada 2011/12 – quando o time venceu a Champions League e Daniel Sturridge – ainda uma promessa – foi negociado na janela subsequente. O clube ainda apostava no investimento de 50m de libras em Fernando Torres, mas os torcedores acreditavam menos e menos no espanhol. José Mourinho voltou ao Chelsea após sete anos, na temporada 2013/14 e trouxe consigo um velho conhecido de Internazionale de Milão – Samuel Eto’o. Com Demba Ba, trazido seis meses antes da chegada de The Special One, o português sofreu o mesmo que Roberto di Matteo e Rafael Benitez antes dele: os atacantes do Chelsea não marcavam gols.
Mourinho deu mais uma chance para Fernando Torres e defendeu o jogador inúmeras vezes, mas a falta de produção do ataque dos Blues estava custando ao time chances de lutar para valer por títulos. Em janeiro deste ano, Mourinho começou a mudar o seu discurso e sem delongas disse em algumas ocasiões que ele não tinha atacantes. Desde então, Ba foi negociado junto ao Besiktas, Eto’o teve o seu contrato encerrado e Fernando Torres vai passar os dois últimos anos do seu contrato emprestado ao Milan da Itália.
Para os seus lugares, vieram Diego Costa – finalista do prêmio Balon D’Or da FIFA pela campanha na temporada passada com o Atlético de Madrid; Loïc Rémy – que veio do Newcastle – e um velho conhecido da torcida dos Blues – Didier Drogba, The King, de volta a Stamford Bridge após temporadas na China e Turquia.
Mesmo não jogando há duas partidas, Diego Costa continua sendo o artilheiro da Premier League, com nove gols em sete jogos (empatado com Sérgio Agüero) e enquanto estava jogando recebia grande destaque na mídia pelos seus gols, mas os substitutos do brasileiro naturalizado espanhol também têm se apresentado bem.
Drogba começou a temporada com uma contusão, fez sua reestreia pelo time justamente na primeira partida da atual campanha da Champions League contra o Schalke 04, porém ainda estava fora de forma. Nova contusão e o marfinense passou semanas sem sequer figurar entre os reservas à disposição do Mourinho. Rémy recebia poucas chances, com Diego Costa atuando em quase todos os jogos da liga nacional e da continental, mas conseguiu marcar contra o Swansea no seu primeiro jogo com os Blues. Na sua primeira chance de começar entre os titulares contra o Maribor, pela Champions League, também deixou seu gol em 13 minutos. Drogba o substituiu na ocasião, quando Rémy saiu machucado aos 15 minutos. De lá para cá foram três jogos de The King e três gols marcados (e participação vital no gol contra marcado pelo Shrewsburn – pela League Cup), um pela Champions League, um pela Premier League e um pela League Cup.
Isso significa que em nove jogos pela Premier League, os atacantes do Chelsea marcaram onze gols e em três partidas, pela Champions League, balançaram as redes duas vezes. Para se ter uma ideia, na temporada passada em doze partidas pela Champions League, foram dez gols de jogadores de ataque, mas em 38 rodadas da Premier League apenas 19 do trio Eto’o, Torres e Ba. Em 2013/14, os gols marcados pelos atacantes no campeonato inglês (19) representaram apenas 27,5% do total marcado pelo time (69). Nesta campanha, essa média já subiu para 47,8 % (11 em 23) mesmo com pelo menos um dos atacantes contundidos a cada rodada.
Diego Costa pode ser o principal responsável por isso, mas não é e nem será o único salvador da pátria. Sozinho ele já representa 39% dos gols marcados pelo time na Premier League (9 em 23) e em sete partidas já alcançou a marca de Eto’o em 21 jogos e quando marcar seu próximo gol – o décimo, terá alcançado a produção de Torres e Ba juntos, que marcaram cinco gols cada, o primeiro em 29 jogos e o segundo em 19. Mas, com Loïc Rémy se adaptando ao time e Didier Drogba reencontrando a sua boa forma com a camisa azul, o perigo continuará mesmo na ausência de Costa (que deve voltar na partida desse sábado contra o QPR).
Ainda vale ressaltar que mesmo com o desempenho excelente dos jogadores de ataque do Chelsea, o clube continua sendo o time que teve mais jogadores distintos marcando gols. Dos 24 gols na Premier League, um foi contra, e os outros 23 foram marcados por onze jogadores diferentes, inclusive os três atacantes.
O torcedor por respirar aliviado, porque finalmente, temos atacantes.
*Estatísticas por ESPNFC
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.