Um mês de futebol já se passou e, em Stamford Bridge, não há mais desculpas por dar nesta altura. A janela de transferências se encerrou e com seu fim não vieram os talentos que todos os torcedores do Chelsea aguardavam. Nada de John Stones ou Paul Pogba. No fim das contas, um zagueiro chegou (ainda que não seja o que se esperava) e esse é o material humano de que José Mourinho disporá para a primeira metade da temporada que, embora a letargia dos Blues diga o contrário, já se iniciou. Agosto acabou e setembro está aí, com uma pedrada atrás da outra, com um clássico, dois jogos de UEFA Champions League, estreia na Capital One Cup e encontros duros na Premier League.
A esta altura, os pés dos envolvidos na causa blue tem que estar bem fincados no chão, afinal a realidade não é mais a de time campeão na temporada passada e o que passou, passou – embora siga eternizado na história. Todos sabem e chega a soar estúpido afirmar que “futebol é momento” e o momento do Chelsea é ruim. Qualquer sucesso ao final da presente temporada dependerá deste pródigo mês de setembro que se iniciou com a data Fifa e a evasão da maior parte do time para defender suas seleções.
O problema do Chelsea ainda é um mistério. Como John Terry, Branislav Ivanovic, Cesc Fàbregas e Eden Hazard – para citar apenas alguns – “desaprenderam” a jogar futebol? A resposta é simples: eles não desaprenderam. É bem verdade que podem ter perdido um pouco de seu fôlego e ainda estarem vivendo dos sucessos de um passado que ainda permeia a memória imediata, mas, se for este o caso, a hora de pôr um fim a tudo isso é agora.
Embora o início de Premier League do Chelsea seja catastrófico, sobretudo considerando ser este o time campeão em 2014-2015, a diferença de oito pontos para o líder Manchester City ainda é possível de ser transposta. Ainda.
E mais: mesmo que o time não consiga ao final da temporada figurar novamente no topo da tabela do Campeonato Inglês, há mais glórias por disputar e nenhuma delas se iniciou até o momento. Champions League, Capital One Cup e FA Cup são outras frentes que o Chelsea disputará e devem ser tratadas com muito carinho. Como as duas primeiras se iniciam neste mês, com partidas contra Maccabi Tel-Aviv e Porto, pela competição continental, e Walsall, pela local, a hora é agora, sobretudo na frente nacional, que não admite deslizes.
A despeito de tudo isso, agora também é hora de o torcedor mostrar sua verdadeira face e simplesmente torcer. Não adianta fechar a cara e virar as costas para o time pela falta de reforços, não é hora para críticas. Mourinho escalou mal? Hazard e Fàbregas não encantam como outrora? Terry e Ivanovic vêm em má forma? Ainda faltam peças para o elenco? Paciência. A paciência tem uma grande força e, em dado momento, poder-se-á ver que o português voltou a fazer escolhas acertadas e os destaques do time voltaram a ser isso: destaques.
Geraldo Vandré, um indivíduo, dentre tantos, que desafiou a ditadura militar no Brasil, presenteou o país com uma célebre e importante frase em uma canção: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Na temporada passada, o Chelsea sabia de suas condições e foi, desde o início, “fazendo acontecer”. O saldo final a memória facilmente revela: dois títulos. Esse time que “soube” e “fez a hora” em 2014-2015 é, basicamente, o mesmo de 2015-2016.
A hora de fazer acontecer na janela de transferência passou – ponto, fim! O passado e o futuro estão fora do alcance das mãos. O tempo da reação do Chelsea é agora e não faltam razões para confirmarem tal fato. Embora o Manchester City tenha disparado na tabela, as equipes que vêm logo a seguir (Crystal Palace, Leicester City e Swansea City) dificilmente terão fôlego para se manterem no topo e os tradicionais concorrentes dos Blues também não encontraram seu melhor futebol ainda.
Setembro é um mês crucial e pode definir os rumos da temporada do Chelsea, portanto, passada a data Fifa, agora é a hora de o Chelsea mostrar sua cara. Agora é a hora de o time dar seu máximo, suar sangue e renovar as esperanças do torcedor, que, por sua vez, tem a missão de evitar ao máximo as críticas – que surgirão – e em altos brados proclamar seu amor ao clube. Blindados, Mourinho e seu elenco terão mais tranquilidade e, sem mais delongas, poderão “fazer acontecer”, afinal “quem sabe faz a hora” – e a hora é agora.
Lista de jogos do Chelsea em setembro:
- Everton (12);
- Maccabi Tel-Aviv (16);
- Arsenal (19);
- Walsall (22);
- Newcastle (26);
- Porto (29).
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.