Diego Costa e Cesc Fàbregas são os jogadores que brilham nas estatísticas do Chelsea. Nove assistências do meio-campista em onze jogos e dez gols do atacante em nove, são números mais do que impressionantes. Na temporada passada da Premier League, o jogador que mais assistiu e marcou gols pelo Chelsea foi Eden Hazard, com 14 gols (quatro de pênalti) e sete assistências, em 35 jogos. Os números de Hazard a princípio não impressionam, mas o belga foi definitivamente a estrela do time no campeonato passado. Qualquer fã que acompanhou jogos do Chelsea viu que Hazard era sempre o homem que estava envolvido nas jogadas de gol, mesmo que indiretamente.
Os Blues tinham problemas crônicos de criação e piores ainda de finalização e conversão de gols. Samuel Eto’o que foi o atacante com mais gols, terminou a temporada com os mesmos nove gols que Costa já marcou nesse termo, porém o camaronês precisou de 21 jogos para alcançar a marca – mais do dobro de Costa. O brasileiro Oscar, que começou a temporada muito bem, caiu de produção na segunda metade e não era sombra do jogador dos primeiros meses. Willian e André Schürrle se adaptavam ao novo time e à nova liga, muito mais física e competitiva que o campeonato russo e a Bundesliga, onde jogavam respectivamente.
Hazard era a referência do time e comandou estatísticas impressionantes. Foi o jogador da Premier League que mais criou chances para os companheiros – com 93 criadas (e mesmo assim o ataque do Chelsea passou longe de Liverpool e Manchester City, que foram os times que mais marcaram gols) e também o que mais dribles completados – teve 132. O segundo colocado nesse quesito foi Luís Suárez, com 93.
O talento de Hazard é inegável, mas a idade do jogador também. O belga completou 23 anos em janeiro e em alguns momentos da temporada sentiu o acúmulo de jogos, mas principalmente de responsabilidade e pressão. O meia era a válvula de escape do time, aquele que poderia desequilibrar e muitas vezes o fez, conforme as estatísticas mostram, mas mesmo assim o Chelsea não conseguiu deslanchar.
As chegadas de Fàbregas e Costa aliviaram o peso e a responsabilidade de Hazard e o belga tem jogado com mais liberdade, menos pressão e os números novamente estão aparecendo. Envolvido indiretamente em quase todos os gols do time nesta edição do inglês, Hazard mostra que cresceu e aprendeu com a experiência que teve na última temporada. Os números continuam impressionantes. Em apenas onze jogos – menos de um terço do campeonato -, Hazard já coleciona 57 dribles completados com sucesso e 21 chances de gols criadas.
E com dois jogadores de peso ao seu lado e Oscar novamente jogando o seu melhor futebol pelos Blues, Hazard pode ver os números ‘teóricos’ serem convertidos em dados que influenciam o placar das partidas. O belga ainda tem estatísticas diretas tímidas, apenas uma assistência e três gols até aqui. Mas é inegável que a postura de Eden tenha mudado em campo. O jogador deu entrevistas no começo da temporada onde disse que seu objetivo era marcar mais gols, mesmo declarando que acha que o seu estilo é mais para assistir do que empurrar a bola para o fundo das redes. E o fato é que Hazard tem se posicionado em zonas de perigo com muito mais frequência nesse ano. O belga parece estar com fome de gols, mesmo pecando nas finalizações como tem feito nas últimas partidas.
Mais incisivo e agressivo (tecnicamente), o torcedor já não vê partidas em que Hazard parece desinteressado, desmotivado ou tímido. No decorrer da temporada passada, em algumas partidas parecia que o #17 sequer havia entrado em campo. Havia certa passividade e inércia do jogador, o que gerou criticas até de José Mourinho. Na versão 2014/15, Eden está em ponto de bala. Se envolvendo mais e chamando o jogo para si, Hazard tem explorado a maior liberdade com que tem jogado. Os times adversários já não podem se dar ao luxo de fazer marcação dobrada ou triplicada no belga, porque isso significa dar mais espaço para Fàbregas, Costa e outros. A presença de jogadores decisivos, perigosos e experientes ao seu lado, não apenas aliviou Hazard no aspecto mental – já que agora o time não depende tanto dele como no passado – mas também em campo. Nas partidas contra Crystal Palace, Manchester United e Liverpool, o principal criador do time, Fàbregas, teve marcação especial por parte dos adversários e isso favorece o jogo de Hazard.
O rei dos dribles em Stamford Bridge continua se destacando pela facilidade com que deixa filas de adversários para trás e tem usado com inteligência o maior espaço que tem para não apenas puxar os ataques do Chelsea, mas também ir para o gol. A confiança para marcar ainda está em baixa, após algumas chances perdidas que visivelmente chatearam o jogador, mas não seria inesperado que após marcar um belo gol com bola rolando, Hazard exploda também na conversão de chances. Será difícil parar o baixinho do Chelsea.
Não há em português um adjetivo para aquele que pode ser parado por algo ou alguma coisa, mas usando a licença poética do jornalismo, Eden Hazard é imparável.
*Estatísticas: WhoScored.com/Opta
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.