
Antes de iniciar o meu texto, gostaria de prestar um pequeno depoimento, para que não existam interpretações equivocadas. Em nenhum momento deixarei de respeitar Drogba como grande ídolo da instituição Chelsea. O atacante, mesmo tendo menos partidas do que, por exemplo, Lampard, Terry e Cech, com certeza deixou o maior legado de um jogador pelo clube inglês. Suas conquistas, sua técnica e sua imponência dentro de campo acabaram criando uma relação rara entre torcedor-jogador em um clube de futebol. Sua história é inabalável. Mas realmente não há mais motivo para continuar.
Nessa semana, o atacante marfinense declarou que irá continuar jogando futebol na próxima temporada. O seu contrato com o Chelsea vai até o final desta época, e assim só uma renovação determinaria sua continuidade no clube londrino. A ideia inicial, quando um acordo para sua volta foi selado, era de aposentaria ao fim da temporada, e consequentemente o ganho de um cargo dentro da comissão técnica. Mourinho chegou a dizer, inclusive, que ele poderia ser seu assistente vitalício.
Mas esse acordo foi “quebrado”. O Chelsea não tem interesse em renovar, embora não vá deixar isso claro. Caso ocorra uma prorrogação de contrato, será por parte da pressão dos torcedores. A vontade do clube tem alguns motivos:
1 – O Chelsea está se tornando cada vez mais um clube autossuficiente. Para isso, é preciso rentabilidade. Drogba tem um dos maiores salários do elenco;
2 – Apesar de ter feitos gols importantes (vs Tottenham, exemplo), Didier pouco acrescentou tecnicamente em sua breve segunda passagem. Atuou por 572 minutos e marcou três gols. Rémy, em 486, foi para as redes em cinco oportunidades. Além disso, seu índice de finalizações no alvo é o menor entre os três centroavantes (35%);
3 – Apostando na renovação (Lampard e Cech por Fàbregas e Courtois), o Chelsea trairia sua atual ideologia renovando com Drogba;
4 – Bamford é um dos grandes destaques da Championship, pede passagem; Um “não” para ele poderia significar uma venda, como em outros exemplos recentes;
Observando pelo lado bom, uma permanência de Drogba poderia servir para a orientação de novos talentos. Mas seria incoerente tirar o tempo de campo deles. A alternativa mais viável e acessível para todos realmente seria a inclusão de Didier na comissão técnica. Com essa possibilidade já sendo descartada, pelo menos, no momento, pelo próprio jogador, é necessário ter muito cuidado.
O Chelsea não teve muita cautela no “caso Lampard”, o que causou incômodo para ambas as partes. É necessário saber conduzir para que mais um ídolo não termine sua carreira com algum tipo de mágoa dentro do clube. Se a sua volta foi uma decisão questionável, a não aposentaria acaba deixando todos ainda mais confusos. Se o real objetivo de seu retorno era encerrar a carreira e integrar a comissão técnica, por que as coisas tomaram outro rumo? A situação é confusa, exige reflexão e também muita sensibilidade (ou não).
Como um clube gigante, que vem tendo um nível de exigência cada vez maior dentro das competições, o Chelsea não pode se curvar ao passado. John Terry, por exemplo, é da velha guarda, mas segue atuando como em seu auge. É necessário se reforçar, renovar alguns setores e buscar alternativas que permitam a Mourinho a montagem de um bom plano tático. Infelizmente nem todos podem entrar nessa.
Você, como dirigente, tomaria qual decisão no “caso Drogba”? Aguardo a opinião de todos.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.