Willian chegou ao Chelsea para a disputa da temporada 2013-2014, junto com José Mourinho, que voltava a Stamford Bridge, após períodos em Inter de Milão e Real Madrid. Naquele momento, no entanto, o esperado reencontro carregou consigo uma grande dúvida, uma vez que rapidamente o Special One diminuiu o espaço de Juan Mata, substituindo-o por Willian, um recém-chegado do futebol russo, que brilhara na fraca liga ucraniana.
O tempo passou, Mata saiu, Mourinho e Willian ficaram e o Chelsea voltou a vencer a Premier League com o aplicado brasileiro mostrando evolução em relação a seu início de trajetória no clube. Além disso, hoje, mostrando ainda mais qualidade, o meia se tornou o grande protagonista de uma equipe que vem tropeçando sistematicamente – o que seria muito pior sem Willian. Os números provam isso. Nesta temporada, o brasileiro já marcou mais gols do que nas duas outras campanhas inteiras.
À Willian faltava ousadia, drible e invenção, mas seu treinador já sabia que estava diante de um jogador destinado a brilhar. Hoje, se compararmos as formas de Mata, no Manchester United, e de Willian, no Chelsea, e pedirmos para o público apontar qual dos dois gostaria de ver em sua equipe, é possível que a resposta seja bem diferente daquela tida como óbvia há duas temporadas e meia.
Hoje, Willian é indubitavelmente o melhor jogador dos Blues e o time não se modificou muito. Estrelas de tempos recentes seguem lá, talvez com menos interesse e disposição, mas ainda estão todos os dias em Cobham. Isso só aumenta os méritos do brasileiro, que foi se transformando e buscando insistentemente melhorar seu desempenho desde que fez de Londres sua casa.
Seus passes, dribles, disposição na marcação e sobretudo suas cobranças de falta melhoraram exponencialmente desde sua chegada. De quem é o mérito? É claro que do jogador, mas não seria equivocado não dar os créditos ao mestre que, com destreza, lapidou seu diamante bruto?
Sempre que houver dúvida quanto à competência de Mourinho, devemos nos lembrar de dois Willian’s, o que chegou timidamente em 2013 e o protagonista atual, compará-los e percebermos a diferença. E o mesmo poderia ser dito sobre outros jogadores, como o próprio Eden Hazard, que vive péssimo momento, mas, após receber muitas críticas do próprio treinador em 2013-2014, tornou-se o melhor jogador da Inglaterra na temporada passada.
Se os jogadores atuais estiverem de fato promovendo um “complô”, o problema são eles e não o treinador. Felizmente, Roman Abramovich tem sido mais paciente do que o habitual, bem como o verdadeiro torcedor, que marca presença frequentemente em Stamford Bridge e, demonstrando apoio e gratidão, não se cansa de aclamar o Special One.
“Quando eu retornei para o clube e nós jogamos a primeira partida em casa, contra o Hull City, a forma como o estádio me recebeu foi incrível. Mas não foi comparável à de hoje. Hoje (o apoio) veio em um momento em que os resultados não têm sido bons. Veio em um momento em que há pessoas pedindo por meu ‘fim’. Os torcedores leem jornais. Eles veem televisão. Eles escutam especialistas, comentaristas, opiniões, leem blogs e foi inacreditável o que eles tentaram falar hoje”, revelou Mourinho após a última partida contra o Dynamo de Kiev.
Não é que não exista nenhum treinador melhor que Mourinho. Mas, para o Chelsea, neste momento não há. Nenhum outro treinador conhece tão bem o grupo de jogadores e o clube. Ele erra? Incontáveis vezes, o que inclui casos lamentáveis como o da Dr. Eva Carneiro. Mas qual comandante é perfeito?
O imediatismo que às vezes aflige o torcedor é em grande medida fruto da imprensa, que nem sempre age de forma responsável. Por isso, é preciso paciência com o momento dos azuis de Londres. Ninguém esperava uma má fase tão grave, é claro, mas a realidade é essa. Tirar Mourinho seria apenas tapar o sol com a peneira. O português, que vem recebendo apoio de muitos lados, já provou que é extremamente competente em clubes e situações diferentes e, identificado com os Blues, é a pessoa certa para recolocá-los nos trilhos.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil