Colunas: Flexibilidade

Mourinho mostrou que pode mudar

Há algumas semanas deixei minha “cornetada” para José Mourinho. Na ocasião, o grande ponto era na sua dificuldade de implementar novas ideias ao seu esquema tático e na sua maneira de enxergar o jogo. Mas, contra o Stoke City, o português conseguiu sair um pouco do seu clichê.

O primeiro tempo do Chelsea teve lá o seu volume. Hazard, de pênalti, abriu o placar. Remy e Oscar tiveram boas oportunidades de ampliar, mas pararam em Begovic. Ainda antes do intervalo, Charlie Adam fez um gol antológico que voltou a tornar o jogo interessante.

Era imaginável que o Stoke seria passivo no segundo tempo. Observando isso, Mourinho promoveu mudanças importantes para a continuidade da partida.

Oscar, novamente nome mais apagado entre os jogadores de frente, deu espaço para a entrada de Diego Costa. Com isso, o Chelsea, quando tinha a posse de bola, passou a se comportar de maneira mais incisiva. Matic passou a ficar preso, para dar possibilitar o trabalho de Fàbregas como “10”, com livre circulação na linha de meias. Ivanovic e Azpilicueta também adotavam uma postura ofensiva, com várias ultrapassagens em busca do fundo. Hazard e Willian passaram a fechar um pouco mais pelo meio, para permitir os avanços dos laterais e consequentemente fazer com que houvesse uma aproximação maior entre os meias. Assim, Remy e Diego Costa (depois Drogba), jogavam enfiados, esperando uma oportunidade.

Esse desenho tático difere muito do corriqueiro 4-2-3-1 de Mourinho. Este, no entanto, seguiu vigente, quando o time se reconstituía após perder a bola. No papel, o time ficou postado dessa maneira, respectivamente, com e sem a bola.

Obviamente essa configuração tem lá seus perigos, principalmente em jogadas rápidas do time adversário, que ficam mais explicitas em contra-ataques. Após o gol de Remy, por exemplo, foram necessários três toques na bola do time do Stoke City para que N’Zonzi saísse no mano a mano com Cahill e finalizasse na trave. É certo que foi um momento isolado, até porque o time visitante não tinha a mínima intenção de atacar até levar o segundo gol.  Mas vale a pena o registro.

Com essa formação, o Chelsea ficou muito mais presente no campo de ataque, obrigando o adversário a apenas observar o toque de bola. Isso, aliado a jogadas individuais de Willian, Hazard ou Diego Costa pode dar muito certo caso seja melhor encaixado. O gol de Remy saiu rapidamente, e assim voltamos ao “padrão” rapidamente, com a entrada de Cuadrado no lugar do francês.

Seria extremamente interessante observar variações desse estilo para os próximos jogos, e por mais tempo. O Chelsea tem certa folga na liderança da Premier League, mas o futebol apresentado nos últimos meses faz com que o título da Premier League, caso venha, tenha menos brilho. Enquanto jogadores cruciais continuarem com desempenhos individuais fracos (principalmente Oscar), novas alternativas, como a testada no sábado, devem continuar surgindo. E é bom que José Mourinho, tão fiel a seu esquema desde a Inter da temporada 2010/11, esteja aberto a mudanças. Com o seu devastador conhecimento tático, é provável que muita coisa boa venha por aí. E quando as peças forem mais variadas, a esperança é ainda maior.

As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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