Salvo raríssimas exceções, o Chelsea segue uma cartilha em relação aos jovens jogadores contratados, destacando principalmente os que chegam de mercados menores. O caso de Kenedy, 19 anos, que deve assinar oficialmente com os Blues nos próximos dias (valor estimado de 6 milhões de libras), se assemelha com muitos já observados ao longo desses últimos anos. No cenário recente, Nathan é o que mais se aproxima do atacante que será contratado junto ao Fluminense, principalmente pelas trajetórias. Destaques nas categorias de base de seus clubes e da seleção brasileira, mas com a falta de afirmação entre os profissionais.
Para um, o destino recente já está selado: Nathan passará a próxima temporada na Holanda, emprestado ao clube/parceiro de negócios, Vitesse. Já para o outro, uma diferente realidade deverá ser vista. Após o amistoso contra o Barcelona, que marcou a estreia de Kenedy, Mourinho rasgou elogios ao jovem, exaltando seus primeiros passos com a camisa do Chelsea e revelando que “não quer que ele seja emprestado”.
Curioso, até determinado ponto. Em Kenedy, ainda não foi possível observar nada além do habitual (tecnicamente falando), sendo que o atleta não era unanimidade nem mesmo entre os torcedores de seu ex-clube. Entretanto, a sua parte tática pesa na decisão de Mourinho em mantê-lo. O quadro abaixo ajuda a explicar um pouco essa visão.
O mapa de calor do atacante acusa muita colaboração defensiva, ponto cobrado por Mourinho em suas equipes (e especialmente no Chelsea). Winger pelo lado direito, Kenedy, que surgiu nas categorias de base do Fluminense como um artilheiro, vem mudando o seu estilo de jogo, adequando-se a uma nova realidade futebolística e sendo recompensado com isso. Na partida contra o Barcelona, inclusive, ele teve papel fundamental para a limitação do jogo adversário pelos flancos.
A permanência do jogador para a temporada ainda é incerta, apesar da declaração e dos elogios do “professor”. De qualquer maneira, é extremamente satisfatório ver que o Chelsea pode pensar diferente em determinadas ocasiões, sem tratar seus valores apenas como mercadorias (como já aconteceu, e muito). E que a educação tática de Kenedy sirva como exemplo para muitos jovens, que em algum momento terão que se adaptar ao que o futebol exige nos dias de hoje.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil
