Colunas: Descaso e mais descaso

Thorgan Hazard em Gladbach. Apenas mais um exemplo (Foto: Bild)

Você tem um sistema. Faz com que ele funcione da maneira que se espera, que ele gere frutos promissores. Na teoria, isso lhe dará anos e anos de bastante produtividade. Porém, na hora de colocar isso em prática, você, que fez com que toda essa ideia fosse possível, acaba realizando um boicote contra si mesmo.

Esse é o Chelsea. A manchete que circulou pelos jornais europeus anteontem, de que Thorgan Hazard fechou com o Borussia Monchengladbach em definitivo não assusta. Deveria assustar. Pois assim, tudo o que é pregado a respeito da política de empréstimos do Chelsea é jogado no lixo. Já foram alguns casos e, se a mentalidade for mantida, ainda poderemos ver grandes talentos se perdendo por valores desprezíveis.

Desprezíveis, sim. Uma equipe com o poderio financeiro que tem o Chelsea não irá ver sua história mudar por conta de 8 milhões de euros (valor especulado da transferência de Thorgan). Nessa negociação, ainda existe a bobinha e inocente cláusula de recompra, que não é tão eficiente quanto se coloca.

Situação hipotética: Thorgan Hazard prova seu talento na temporada 2015/16, protagonizando a campanha de classificação do Gladbach para a Champions League. Oscar apresenta declínio (isso, atualmente, já não é tão hipotético assim). O Chelsea precisa ir em busca de um novo “10” e estuda utilizar a prática de recompra para Thorgan. Porém, nesse meio tempo, o Bayern de Munique, que tem como passatempo prediletro secar a fonte de todos os seus rivais na Bundesliga, estuda pagar 40 milhões de euros pelo jogador.

O Chelsea não pode cobrir esse valor e também não quer se desfazer de Oscar. Assim, perde Thorgan. Levando em consideração a irregularidade do brasileiro e o crescimento do Gladbach nas últimas temporadas, não é absurdo pensar que algo parecido com isso possa acontecer. E aí vemos algo que era nosso e se mostrou valioso ter se perdido por tão pouco.

Repito algo que disse em outro momento, mas que fica cada vez mais claro: o mercado nunca esteve tão complicado. Não é exagero dizer que o Gladbach fez um negócio monumental frente a um time extremamente ingênuo. O mesmo se aplica ao Southampton-Bertrand e ao Wolfsburg-De Bruyne. Entretanto, já falei tanto do belga em outro texto (com muita tristeza) que é até difícil superar tamanha burrada, então deixa para lá. Já sobre Bertrand ainda não tive a oportunidade de dar meu veredito, então aproveitarei o espaço. O jovem inglês é o melhor lateral defensivo dessa Premier League e também evoluiu muito em outros quesitos que apresentava, sim, muita dificuldade. Perdemos por 10 milhões de euros, novamente feitos de bobos.

Não podemos continuar brincando de Football Manager. Aquela promessa que é vista com bons olhos hoje pode ter seu preço triplicado a partir de duas ou três atuações. Atualmente (e infelizmente) é assim que funciona. Para buscar ela, não é mais tão fácil como a alguns anos. É tão bonito ver um clube com tanto poderio financeiro e que poderia inflingir regras cumprindo o flair play financeiro. Somos exemplo nisso. Agora, para que tudo funcione bem, é inadmissível que casos como os de Thorgan, Bertrand e De Bruyne se repitam. Sabe as promessas que citei linhas acima? Nós temos muitas, e estamos entregando-as de bandeja para outros times. Requer cuidado e muita atenção.

As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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