Quando o Chelsea anunciou a contratação do atacante brasileiro Kenedy, o jogador já havia se desvinculado do Fluminense há muito e inclusive participara da pré-temporada do time, na América do Norte. Até então, embora o atual camisa 16 tenha disputado a partida contra o Barcelona, era difícil imaginar, considerando o histórico recente dos Blues, que o garoto, de 19 anos, fosse ser integrado ao elenco principal.
Passado o espanto da incorporação do jovem, que demorou a conseguir um visto de trabalho em solo inglês e encantou Mourinho desde o início, Kenedy vem justificando a confiança de Mou.
“Nós compramos Kenedy porque acreditamos nele. Ele é um garoto muito jovem que acreditamos muito, temos muita esperança nele (…) Não quero que ele saia por empréstimo”, disse o português, ainda na pré-temporada.
Em três jogos como profissional do clube londrino, o jogador tem mostrado muita disposição e personalidade e vai se afirmando, de fato, como um atleta cuja presença no time se justifica. Se no Fluminense o garoto atuava na maior parte das poucas partidas que fez aberto pelo lado direito do ataque, favorecendo a manjada jogada consagrada por Arjen Robben – em que o jogador canhoto conduz a bola para o centro e finaliza -, Kenedy tem atuado pelo lado esquerdo e foi, inclusive, lateral em sua estreia.
Ainda que não acerte tanto o que tenta, Kenedy não tem se omitido. O jogador arranca em velocidade, cruza, finaliza e dribla – em sua estreia até um elástico foi visto. Não há dúvidas de que o o garoto tem se sentido em casa, em Stamford Bridge. É evidente que a presença de tantos falantes do português ajuda muito na ambientação e adaptação, mas, mesmo assim, não são todos os que conseguem isso e alguns craques já tiveram problemas com esse tipo de situação.
Titular na partida contra o Walsall, válida pela Capital One Cup – ocasião em que Mourinho escalou um time misto – Kenedy deixou sua marca de forma consistente na partida, assistindo Ramires no primeiro tento da partida e marcando o terceiro – marcado também por sua emocionada comemoração. A dedicação do jogador esteve estampada em seu semblante exausto ao ser substituído por Pedro.
“Kenedy jogou bem. Ele estava com dores, então tive que substituí-lo, mas foi uma boa performance dele, boa experiência, mais minutos em campo”, disse o Special One após o último jogo.
A maior prova de que treinador tem o brasileiro em alta conta é o fato de que Bertrand Traoré, incorporado ao time, após empréstimo ao Vitesse, perdeu muito espaço no elenco com a chegada de Kenedy. Com perfil semelhante – velocidade, drible e o pé canhoto –, o africano viu-se suplantado pela chegada do camisa 16, e até agora só atuou em 13 minutos na temporada.
É evidente que não é sugerível que Kenedy lute por um espaço no time titular para o futuro imediato – até mesmo porque Mourinho vem mostrando que prefere o garoto pelo flanco esquerdo, posição em que Eden Hazard reina soberano. Todavia, sua versatilidade e personalidade o candidatam a um lugar cada vez mais constante no time, que tem sofrido com muitas lesões no setor de criação neste início de temporada.
Aquele que disser que não está surpreso com o desempenho de Kenedy dificilmente estará sendo honesto – com o público e consigo mesmo. O brasileiro não sente o peso da camisa do Chelsea, cujo número 16 vestiu Robben. A longo prazo, o jovem poderá se confirmar um ótimo negócio para os Blues e, no momento, a surpresa causada pela personalidade de Kenedy agrada.
https://www.youtube.com/watch?v=VtATuOqj16k
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil
