Blog: Por que o Brasil de Felipão não encanta?

Luiz Felipe Scolari enfrenta problemas (Foto: Lancenet)

O Brasil está classificado. Foram duas vitórias e um empate, com sete gols marcados e dois sofridos. Nos números, a campanha é boa, e eles dariam segurança para a sequência da Copa do Mundo. Mas, ao visto, esses dados parecem um pouco enganosos.

A seleção brasileira falha muito taticamente, e Felipão se perde em meio as suas próprias ideologias. Abaixo, irei citar alguns pontos que vem fazendo o Brasil não jogar tudo o que pode e passar sufoco em alguns momentos do Mundial.

– O ímpeto ofensivo dos laterais

O Brasil vem atuando num 4-2-3-1 clássico, que apresenta muitas variáveis. A mais visível delas é quando o time está com a posse de bola. Marcelo e Daniel Alves se lançam ao ataque para fazer apoio aos jogadores de frente, enquanto Luiz Gustavo, primeiro volante, recua e faz proteção junto aos zagueiros, praticamente ficando inativo no ataque (a não ser em situações isoladas, como na vitória contra o Camarões, quando roubou a bola, foi para a linha de fundo e deu assistência para Neymar marcar). Na teoria, isso teria tudo para funcionar.

No entanto, todos sabemos dos problemas enfrentados pelos laterais brasileiros. Marcelo fez a sua pior temporada pelo Real Madrid. Quando não esteve lesionado, ficou, com justiça, no banco de Coentrão. E o momento ruim vem se refletindo na seleção. Ele chega pouco a linha de fundo, não arrisca jogadas individuais (que sempre foram um de seus principais méritos) e, além disso, falha muito na marcação. Já Dani Alves tem bons recursos ofensivos, mas a impressão é que muita vezes ele não tem a oportunidade de fazer bons cruzamentos e jogadas de fundo. Já na parte defensiva, assim como Marcelo, está um desastre.

Observado isso, é notável a facilidade dos adversários – até o momento frágeis – em se aproveitar pelas pontas. Camarões e Croácia chegaram aos seus gols por ali,  e o México teve muitos contra-ataques construídos pelos lados, que por muito pouco não se transformaram em gols. Mais para frente, contra fortes adversários, isso pode (e deve) ser um problema. O Chile, do excelente Sampaoli, tem tudo para se aproveitar desse fator.

– O inexistente Paulinho

A posição de segundo volante é uma das mais importantes do futebol. Ainda mais no sistema de Felipão, que faz Luiz Gustavo encostar nos zagueiros quando tem a posse de bola. Sendo assim, a função tática de Paulinho, de ser o equilíbrio do meio-campo, fica ainda mais evidente. Mas é uma pena que ele não esteja conseguindo cumpri-la.

Se apresentar para receber o passe, aparecer como elemento surpresa na área… Coisas que o antigo Paulinho fazia, e muito bem. Mas agora, em momento muito ruim tecnicamente e esgotado fisicamente (não tem férias desde 2012), ele inexiste. O que se percebe, muitas vezes, é que os jogadores de frente ficam sem opção de passe e tem que apelar muito para as jogadas individuais. Isso é, em grande parte, culpa de Paulinho. No último jogo, Fernandinho entrou em seu lugar e fez tudo que o titular de Felipão ainda não havia feito. Pede passagem e deve assumir a posição.

– A limitação tática de Hulk

Felipão vem fazendo algo que é tendência atual no futebol: a rotação de seus três meias. Durante o jogo, é possível ver Neymar, Oscar e Hulk quase sempre em posições diferentes. De fato, o dinamismo de Neymar e Oscar permite que essa “troca” seja feita. Já o de Hulk, não.

Durante toda sua carreira, Hulk foi um jogador espetacular atuando pelo lado direito do campo. Porém, no Brasil, essa é a função que ele menos tem feito. É possível ver Hulk tentando armar as jogadas pelo meio, subindo pela esquerda, mas ele ainda não fez UMA jogada individual pelo seu lado preferido nessa Copa. Sendo assim, Felipão perde Hulk, que não apresenta nem de longe o mesmo nível técnico atuando fora de sua zona de conforto. Willian não tem o mesmo poder de decisão que Hulk teria em ocasiões comuns, mas, se a ideia de Felipão é a rotação dos meias, o jogador do Chelsea se encaixaria muito bem nesse estilo, visto que a dinâmica de jogo é seu ponto forte.

– Convocação “fraca” e que não permite opções

O time titular do Brasil é bom. Tem todos esses erros citados acima, mas é bom. Já o banco de reservas é um abismo técnico em comparação ao time principal. Sendo assim, Felipão pouco muda a estrutura do time, porque realmente não tem como alterar muita coisa.

No atual momento vivido por Marcelo, ter um Filipe Luis, que fez uma temporada gigante no Atlético de Madrid, como opção no banco de reservas, seria sensacional. E imagine ter um Philippe Coutinho ou um Roberto Firmino ao invés de Bernard, o Menino De Alegria Nas Pernas™? Daria outra cara.

Felipão precisa largar algumas de suas teimosias, para assim poder ser cada vez mais competitivo. Ao visto, a primeira delas, chamada Paulinho, deve ser abandonada já no próximo jogo, contra o Chile.

As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.

Category: Opinião

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Article by: Chelsea Brasil

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