O Chelsea de 2014 vem provando o que muitos já sabiam, apesar de poucos admitirem: José Mourinho não é retranqueiro, é estrategista. Na temporada passada, o Chelsea tinha alguns problemas que não foram resolvidos com o passar dos meses. O principal deles: o ataque. Fernando Torres, Demba Ba e Samuel Eto’o não conseguiram nem de longe se destacarem como outrora fizeram em seus tempos de ouro, jogando por Liverpool, Newcastle e Barcelona, respectivamente.
Tendo isso em mente, o português precisou se redobrar para tentar vencer partidas com o que o Chelsea tinha de melhor no momento: sua sólida defesa.
É certo que o Chelsea estava devendo muito lá na frente, mas para os que dizem que Mourinho é retranqueiro, eu pergunto: por que então conseguimos vencer o Liverpool duas vezes, empatar fora e vencer o Arsenal em casa (inclusive com um show de 6 a 0), bater o atual campeão Manchester City no turno e no returno e empatar e vencer o Manchester United, com direito até a hat-trick de Eto’o na vitória por 3 a 0?
José Mourinho sabia que em partidas contra os times considerados “grandes”, o jogo seria aberto. Ambas as equipes (Chelsea contra Liverpool/Arsenal/City/United) precisam da vitória pelo simples fato de sempre almejarem o título ou no mínimo uma vaga direta na Champions League. Por tanto, os “clássicos” entre esses times eram um prato cheio para aqueles que fazem acontecer: os meias. São eles que criam, conectam a defesa ao ataque e além de tudo são os habilidosos, capazes de romper muros de concreto com dribles ou chutes de fora da área. É por isso que o treinador “soltava” mais o time, ou seja, se preocupava levemente menos com a parte defensiva.
Já contra os clubes de menor investimento, o Chelsea perdeu pra ele mesmo. Sabendo que essas equipes tendem a jogar muito fechadas e explorando chances de contra-ataque, o Chelsea não conseguiu obter resultados positivos nos momentos em que precisou, como, por exemplo, nas derrotas para o Sunderland e Crystal Palace, já na reta final da Premier League.
Quando disse anteriormente que os jogadores do setor de criação da equipe, como Hazard, Oscar, Willian e Schürrle eram os que faziam acontecer nas partidas contra os grandes, quis dizer que em jogos onde ambas equipes “querem” o resultado, jogando para frente e buscando o gol a todo momento, eles se destacam. Já contra os “pequenos”, o cenário muda, já que a partida toma características de muita marcação, chutões e pouco espaço, fato que diminui e muito a produtividade desses jogadores. É aí que entram os atacantes, capazes de trombar lá na frente, dividir uma bola, fazer um pivô ou até mesmo aproveitar cruzamentos e rebotes. E é por isso que o Chelsea perdeu para ele mesmo. Porque não contava em seu elenco com atacantes em péssima fase, que por muitas vezes não conseguiram fazer isso.
Questionadas ou não, as estratégias de José Mourinho na temporada passada foram corretas, principalmente porque ele sabia da deficiência ofensiva do elenco, por tanto, a ideia sempre foi potenciar o lado defensivo e “torcer” para os jovens e habilidosos jogadores de meio-campo decidirem, fato que por muitas vezes não aconteceu, seja por má sorte ou por uma marcação implacável dos adversários em cima desses garotos.
A temporada atual é a prova concreta que José Mourinho é um gênio. Ele consegue traduzir o elenco quem tem na melhor estratégia de jogo possível. Sabendo que o poderio de fogo do Chelsea agora é enorme (graças ao excelente Diego Costa, Loic Rémy e a lenda Didier Drogba), somado à contratação cirúrgica de Cesc Fàbregas, Mou armou seu time com o objetivo de fazer o que ele faz de melhor: vencer.