Um dos problemas que levaram o Chelsea a cair de produção no último mês foi a falta de rotatividade do elenco, que levou as principais estrelas do time a uma exaustação física. José Mourinho insistiu em escalar praticamente os mesmos 11 titulares em praticamente todos os jogos da primeira metade da temporada, a não ser em um outro jogo da Copa da Liga, em que o Chelsea foi a campo com um time completamente reserva. E nem sempre esta insistência foi voluntária, alguns jogadores chaves sofreram com lesões.
A grande maioria das partidas dos Blues, até agora, foram jogadas com o mesmo time titular. Isso pode ser considerado bom, já que dá entrosamento ao grupo, mas também pode ser ruim, pois cansa os principais jogadores do elenco.
Adicionado a isso, vem o fato de que Mou praticamente não tem feito substituições durante os jogos. De forma surpreendente, quando há trocas no time, acontece já aos 80, 85 minutos jogados. E com um elenco considerado tão vasto, como o do Chelsea, é de se surpreender esta falta de rotação entre os jogadores. Parece até que Mourinho não confia em certas peças.
No início da temporada, imaginava-se mesmo um time titular parecido com este que está em campo atualmente. Mas também se imaginava Ramires, Schürrle, Salah e Filipe Luís, constantemente em campo. E não foi o que aconteceu.
Alguns deles ficaram de fora por opção técnica, como Salah e Luís, apesar de que recentemente o brasileiro tem jogado mais, o que é bom. Outros acabaram contundidos, como Schürrle e Ramires, que, por triste coincidência, tiveram problemas considerados leves, mas que se agravaram e os deixaram de fora de grande parte da primeira metade da temporada.
Ambos lutam para voltar à velha forma. Schürrle, quando voltou e jogou, não mostrou estar ainda no nível da temporada passada, como escrito na bela coluna de Felipe Maia, a situação preocupa. Há rumores de que ele possa sair.
Já Ramires tem voltado gradativamente à equipe e tem mostrado evolução em sua condição e ritmo de jogo. O que nos deixa esperançosos de que ele vá voltar àquela velha forma que o tornou um dos maiores ídolos recentes do clube, com grandes atuações defensivas e ofensivas.
Se a volta da boa forma de Schürrle pode ser boa, para dar mais opções a trinca de armadores, a volta de Ramires ao bom futebol é fundamental, imprescindível para as pretensões do time. O brasileiro disponível pode significar um grande avanço tático para a equipe.
Por isso digo sem medo: a volta de Ramires é a melhor contratação que o Chelsea poderia fazer na janela de transferências. É tudo que o Chelsea precisava neste momento.
Não digo que ele volte para ser titular, nem gostaria que fosse esse o caso, pois Matic e Fàbregas tem sido o coração da equipe. Mas a possibilidade de mudar completamente o padrão de jogo durante uma partida é algo raro de se fazer com a mudança de apenas um jogador. E Ramires permite isso.
Se nos lembrarmos bem, no início da temporada, essa era a toada de Mourinho. Em jogos difíceis, como o emblemático 6×3 sobre o Everton, no fim de agosto, Mourinho tirava um dos armadores, muitas vezes Willian ou Oscar, e promovia a entrada de Ramires. O time reforçava a marcação e ao mesmo tempo o ataque. Genial.
Se em tese o time passava a jogar com três volantes, na prática, com a bola, o time jogava com quatro armadores. Fàbregas se adiantava e Ramires também subia, preenchendo o lado do campo. O time ficava mais ofensivo, leve, com transição de jogo, e ao mesmo tempo mais defensivo, com Ramires, Matic e Fàbregas juntos, sem a bola, fazendo papéis de volantes de fato.
E é disso que o Chelsea precisa neste momento. Sofremos durante alguns jogos pelo mesmo problema da temporada passada: ser um time previsível. Por mais que Fàbregas, Hazard e Diego Costa estivessem em grande fase, muitas vezes uma defesa bem montada era o que bastava para impedir o Chelsea de criar suas jogadas.
Por isso é tão importante ter Ramires em forma. Pois ele pode ser o cara que vai mudar uma partida fechada, com um adversário retrancado. Ou até mesmo um jogo grande, truncado. Ele é o cara que vai entrar e dar gás ao time, melhorar a transição defesa-ataque e dar velocidade ao time sem perder a qualidade no passe. Vai dar, principalmente, a opção tática de que eu falava. Jogar com três volantes e dois armadores que podem se transformar rapidamente em um volante e quatro meias.
Mas ele também pode ser importante em jogos em que temos a vantagem no placar, mas precisamos matar a partida. Num segundo tempo, vencendo, o adversário precisa sair mais para o ataque, nos oferecendo os contra-ataques. E quem melhor que Ramires para ser um dos elementos de transições desse tipo de jogada?
Além do mais, o brasileiro, em boa forma, oferece a chance de descansar qualquer jogador do meio de campo. Dá para colocá-lo no lugar de Matic, Fàbregas, Oscar, Willian e até do Hazard, bastando reorganizar a posição dos outros jogadores.
Com isso, o meio de campo pode rodar mais, Mourinho pode fazer o famoso revezamento europeu e ter, assim, um time mais descansado, mais em forma, para os momentos difíceis. Se temos um bom elenco, é para usá-lo, e Ramires é uma das grandes cartas na manga que temos neste bom grupo de jogadores.
Acredito que nos próximos meses veremos o melhor de Ramires, marcando e atacando, e com isso o Chelsea irá crescer nos principais momentos da temporada. Com ele em campo, seja como titular ou entrando no segundo tempo, teremos um time ainda mais forte para lutar por todas as competições.
Por fim, uma outra grande vantagem de ter o volante ex-Cruzeiro em forma, é que com isso não vamos precisar ver Mikel tanto em campo.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.
