A Bélgica, já dizia o jornalista Paulo Vinícius Coelho, se chegasse nas quartas-de-finais não seria considerada uma surpresa, tamanha fora a expectativa criada em cima dos comandados de Marc Wilmots. E realmente ele tinha razão. Apesar de não ter dado nenhum ‘show de bola’ em suas partidas, os belgas estão com 100% de aproveitamento até aqui, com vitórias na primeira fase sobre Argélia, Rússia e Coreia do Sul, além do triunfo diante dos Estados Unidos na fase de oitavas-de-final.
Antes da partida contra os Estados Unidos, muita gente questionou exatamente o futebol apresentado por esta geração, apelidada de ‘time de PlayStation’. Onde está o show? Cadê os belos dribles de Hazard? Eram apenas algumas das perguntas dos torcedores que criaram expectativas além do necessário.
A verdade é que quem acompanhava os jogos da Bélgica durante as Eliminatórias da Copa, já deveria ter percebido que eles nunca deram o esperado ‘show’, pelo contrário. Era a mesma seleção pragmática que está sendo vista aqui no Brasil. Joga pelo resultado, joga para vencer e não convencer.
Veio então a partida contra os surpreendentes norte-americanos, válida pelas oitavas-de-final. Teve ‘show’? Não. Teve eficiência do ataque, que produziu mais de 30 finalizações durante todos os 120 minutos jogados. É claro, mais eficaz (durante o tempo normal) fora o goleiro Tim Howard, com absurdas 16 defesas.
Deve se destacar que nenhuma das seleções que os belgas desafiaram nesta Copa estão entre as melhores do mundo, é verdade. Eis que surge o maior dos desafios para Eden Hazard e cia: a Argentina de Lionel Messi no próximo sábado. O que Wilmots deve fazer para eliminar os argentinos?
Primeiramente, não dá para vencer a Argentina se compararmos o peso da camisa, obviamente. Inclusive, em 1986, ano da melhor campanha belga (foram 4º colocados), fora a equipe de Maradona que eliminara a Bélgica.
Analisando de um ponto de vista tático, Wilmots não pode soltar seus laterais, coisa que fez contra os EUA. O sistema composto pelo moderno 4-2-3-1 não possui laterais de ofício. Na verdade, são quatro zagueiros que compõem a primeira linha, sendo que Toby Alderweireld e Jan Vertonghen estão improvisados nas laterais. Vanden Borre, que poderia ser o lateral ofensivo que a Bélgica procurava, se lesionou e não poderá jogar mais na Copa.
Com os laterais presos, os dois bons volantes, Marouane Fellaini e Axel Witsel, teriam mais liberdade para atacar e assim ajudar os três meio-campistas, que provavelmente serão Kevin De Bruyne, Eden Hazard e Dries Mertens. Vale lembrar que a seleção argentina não possui um grande sistema defensivo, o que poderia facilitar a vida da Bélgica.
Por último, Wilmots precisa parar com a mania de tirar coelhos da cartola. Nas quatro partidas, ele tirou alguém do banco para poder resolver a parada e levar a vitória. Mas isso não é algo bom? Sim e não. Sim porque mostra o quão bom é o banco da seleção belga. Não porque isso mostra que os onze titulares em cada jogo não estão escalados de maneira correta. Romelu Lukaku não vinha fazendo uma boa Copa, mas por que deixar um dos melhores centroavantes da Premier League na reserva em jogo decisivo contra os EUA?
Se houverem tais correções, a Argentina, que também não apresentou um grande futebol até aqui, pode ser eliminada. Seria a grande vingança de 1986. De quebra, esta geração repetiria a daquele ano, quando chegou nas semis. Agora, por que não sonhar mais alto? Muitos torcedores dos Diabos Vermelhos conseguem imaginar o capitão Kompany erguendo o troféu, o que não seria nenhum absurdo.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.