Hoje fazem cinco dias da noite mágica de 29 de maio de 2021 em Porto. A ficha ainda não caiu e pela forma como tudo aconteceu, é possível que a ficha vá demorar a cair. Mas, tudo bem. Somos bicampeões da Europa, seja qual tenha sido a expectativa de cada um. Mais um título para o Chelsea e só isso importa agora.
Nos dias antes do jogo, comentava com amigos e familiares como tudo parecia uma grande brincadeira. Sim, brincadeira, porque não parecia real ver o Chelsea finalista da UEFA Champions League depois de nove anos. Em 2012, ainda tinha 12 anos, mas lembro bem de assistir à final em Munique. E por mais que não entendesse muito sobre o jogo de futebol, meu coração de torcedora sabia muito bem o que significava aquele momento. Agora, com meus 21 anos e com noção de como funciona o futebol dentro e fora de campo tudo pareceu ainda mais especial. Até por conta de tudo que aconteceu na temporada.
Na verdade desde a temporada 2019/2020, quando garantimos nossa vaga na Champions apenas na última rodada. Foi no sufoco, como muitas vezes antes, contudo foi muito significativo. O clube impossibilitado de fazer contratações, com um elenco jovem que estava sendo treinado por uma das maiores lendas do Chelsea, em meio a uma temporada atípica. A classificação para a Champions, sem dúvidas, estava escrita nas estrelas. Era pra ser e vimos o porquê.
No curto intervalo que tivemos entre as temporadas o Chelsea se movimentou e muito no mercado. Como deveria ser. Foram muitos milhões de euros em reforços, mas, ao contrário do que a mídia falou por grande parte da temporada e das grandes críticas feitas, vale lembrar que foram duas janelas de transferências sem contratação. Enquanto isso, outros gigantes europeus se movimentaram. Por sua vez, o Chelsea esperava. Então, quando se movimentou e da forma que se movimentou, óbvio que incomodou muita gente. Só lamento. Até porque não fomos nós que quebramos a regra do fair play financeiro…
De Londres a Porto
Apesar dos pesares, das críticas e das dúvidas chegamos ao mata-mata. Primeiro, batemos o então favorito Atlético de Madrid. Depois, “demos sorte no sorteio” e pegamos o Porto (que tinha acabado de eliminar a Juventus). Nos últimos 180 minutos que nos separavam da final enfrentamos o maior campeão da história da Champions League, por isso, era o grandíssimo favorito no confronto. Afinal, a camisa pesa. Porém, no final, mais um favoritismo caindo no ralo.
E óbvio que na final não ia ser diferente. Mais uma vez, não éramos favoritos. Longe disso inclusive… Mas somos o Chelsea Football Club e, como já diz o próprio hino do clube, estamos juntos sempre e vencer é o nosso objetivo. Hoje falo assim, mas há cinco dias estava mais pé no chão. Se perdêssemos ficaria triste, apesar de falar várias vezes que não ficaria, “porque chegar na final já tinha sido incrível”. O que não é mentira, mas até parece que ficaria suave com uma derrota. Nunca nesta vida.
Foi duro ver a grande maioria da mídia dar o Chelsea como vencido, algo que fizeram desde que a final foi definida. O quanto que eu não ouvi e li de gente falando “ah, mas o City tem se preparado para esse momento há anos. Tem os jogadores, o treinador, o investimento e a vontade de ganhar”. “Chelsea nasceu ontem, sem tradição, nanico da Europa”. “Só gasta e não vence nada, vai ser amassado pelo Guardiola na final”. Ainda bem que o futebol se resolve naquelas quatro linhas, no 11 contra 11, em 90 minutos. E torno a dizer: estava escrito nas estrelas. E quando o destino está traçado, não tem jeito.
Escrito nas estrelas
O amasso que o City ia dar nem chegou perto de acontecer. Administramos o jogo por um tempo de jogo e mais sete minutos (os sete minutos mais longos da minha vida por sinal). O maior susto que tivemos foi o chute do Mahrez aos 96′. Confesso que eu vi aquela bola entrando. Mas, apesar de todo o favoritismo, de todas as estatísticas e probabilidades, não era para ser. Com o apito final, tive que tomar uns bons segundos para digerir tudo. Olho vidrado na televisão, um mix de surpresa e felicidade indescritíveis. “Fomos campeões. Nós ganhamos a UEFA Champions League mesmo?”. Mais de 120 horas depois sigo me perguntando a mesma coisa, ainda não parece real.
O Chelsea tem história para muito antes de 2003. O Chelsea é grande e merece sua grande. Mais que merecer, faz jus a ela como pode, dentro e fora de campo. Muitos esquecem ou apenas observam o que convém, só que nós torcedores sabemos e temos orgulho de tudo que passamos. Dos altos e baixos, dos erros e acertos. A chegada de Abramovich é um marco na nossa história, mas já existia Chelsea antes e com certeza vai seguir existindo depois.
Os 200 milhões em contratações, que muitos falavam que não dariam em nada. O acolhimento a um verdadeiro ídolo que foi deixado de lado dos planos do clube onde jogava há anos, que é pouco valorizado por ser “velho demais”. O difícil momento de ter que deixar ir um jovem treinador que é uma lenda do clube. A construção de um time repleto de jogadores com bastante tempo de casa, seja pela formação em Cobham ou por seus feitos em Stamford Bridge. O trabalho de um treinador que muitos insistiram em diminuir, mas que em tão pouco tempo no comando mostrou sua consciência, seu realismo e sua confiança.
E eu poderia falar 1001 fatos que marcaram os altos e baixos da temporada. Poderia também tocar em todos os acontecimentos do último ano que muitos julgaram e usaram para diminuir o Chelsea. Contudo, três palavras são suficientes: bicampeões da Europa.
A Europa é azul, de novo
Que, com o tempo, possam enxergar o Chelsea da mesma forma como nós enxergamos. Que Aceitem e respeitem sua grandeza, sua importância e sua respeitem sua história, desde 10 de março de 1905. Sem dúvidas, o dia 29 de maio de 2021 marca o início de um novo capítulo dessa história. E eu mal posso esperar para ver o que o futuro nos reserva, porque daqui, ele parece ser brilhante. Independente do que aconteça nós seguiremos e lutaremos por mais, dentro e fora de campo, uns pelos outros escreveremos ainda mais páginas na história do clube.
Em 2008, a conquista do título ficou a um escorregão de distância. Doeu, mas não era nossa vez ainda. Em 2012, tivemos nossa segunda chance, jogando contra o time da casa em uma Allianz Arena lotada, de vermelho e branco até onde dava. Daquela vez conseguimos, fizemos história. Uns falam em sorte, mas a gente vê e reconhece a luta e todo o esforço que levaram àquela conquista. E que roteiro de final maravilhoso… Chelsea do início ao fim, como deveria ser. Agora, tentam falar em sorte de novo. Tratam em diminuir o trabalho de um elenco, de uma comissão e de um clube que a todo momento relembram sua essência vencedora. Mais uma vez, tá ai. Três palavras apenas: bicampeões da Europa.
Enfim, alguns estão doídos até hoje. Enquanto isso, eu sigo tentando digerir o título e passando todo o filme pela cabeça. Uma coisa é certa: a Europa é azul. Mesmo que um azul que poucos imaginavam. Ou melhor, um azul diferente daqueles que muito queriam.
Chelsea Football Club, eu te amo. Vamos por (muito) mais!
As palavras neste texto condizem com a opinião da autora, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.