Por Gary Neville, colunista do Daily Mail
Quando vemos Abramovich e seus nove anos e meio no Chelsea, é como se ele tivesse inventado um protótipo de um jogo onde ele é o treinador e o presidente ao mesmo tempo.
Ele já trouxe ao Chelsea vários treinadores, como o jovem José Mourinho; o amigo Avram Grant; além de Luiz Felipe Scolari, brasileiro que já conquistou uma Copa do Mundo; Guus Hiddink, amigo de longa data; Carlo Ancelotti, campeão da Liga dos Campeões como treinador e jogador; outro jovem português, André Villas-Boas; e terminando com Roberto Di Matteo, ex-jogador do clube nos anos 90; e atualmente com Rafa Benitez, que não é querido pela torcida.
Então, quem será o próximo? Se você fosse o responsável para a elaboração de uma lista de possíveis treinadores para a próxima temporada, aonde você olharia? O primeiro na liga espanhola? Bem, Tito Vilanova não vai sair do Barcelona, então você terá que olhar para Mourinho. Mas ele já foi demitido.
Na Inglaterra, você nunca vai conseguir contratar Alex Ferguson ou Arsene Wenger e você não conseguirá tirar Roberto Mancini do Manchester City. E quem é o técnico do terceiro clube da liga no momento? É o Benitez, e ele já está no clube. Que tal o quarto colocado? É o Villas-Boas. Mas ele já foi demitido.
Olhe para a França, quem é o técnico do maior clube no momento, o Paris St Germain? Ancelotti. Mas ele já foi demitido. Olhe para mais longe: Quem é o técnico da seleção mais bem sucedida da história do futebol, o Brasil? Que comandará a equipe anfitriã na próxima Copa do Mundo? É o Scolari. Mas ele já foi demitido.
A verdade é que o Chelsea nunca será estável até Abramovich virar treinador, de fato. Porque se você não fizer o que ele quer – se você não colocar Torres em campo, se você não eliminar gradualmente os jogadores mais velhos, se você não jogar futebol atraente – você provavelmente será demitido de qualquer maneira.
Os rumores de 20 anos atrás de que proprietários de clubes italianos escolhiam os jogadores que entrariam em campo, “sugeriam” ao treinador como o time jogaria e decidiam quem chegava ou saía do clube, tornaram-se uma realidade. Ele trouxe o sucesso, mas a um preço.
Você não pode deixar de se perguntar o que poderia ter acontecido se ele não tivesse demitido Mourinho em 2007. Ou se ele permanecesse com Ancelotti, em 2011.
Então, se você é um dos poucos técnicos de alto nível que estão disponíveis e ainda é inexperiente – Jurgen Klopp no Borussia Dortmund ou Diego Simeone no Atlético de Madrid – então você deve ficar preocupado, pois o Chelsea está à sua procura.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.
