Quem assistiu os jogos da última rodada da Champions League não pôde deixar de notar duas coisas: que o RB Leipzig venceu o Tottenham de José Mourinho fora de casa e que Ethan Ampadu já não envergava mais o seu cabelo com dreadlocks tão característico. Mas, cabelos à parte, o aspecto mais interessante dessa partida tenha sido o desempenho praticamente perfeito para sua posição.
O galês de apenas 19 anos, emprestado pelo Chelsea ao clube alemão pela temporada, impressionou os críticos e deixou os torcedores com a pulga atrás da orelha: Teria lugar no time atual?
Carreira breve, mas bem avaliada
Já figurinha carimbada nas convocações do seu país e atuando ao lado de jogadores como Gareth Bale e Aaron Ramsey, Ampadu já não é novidade para quem acompanha a sua breve carreira. Nas suas 12 aparições pelo time principal do Chelsea o torcedor (e os adversários) puderam notar a qualidade demonstrada em cada jogada carimbada pelo jovem, seja na volância ou na zaga.
Porém, a grande questão é se o ex-cabeludo teria cacife para entrar no time titular e agarrar a vaga no projeto de renovação de Frank Lampard. Se tudo depender dele, sim. Após o desempenho contra o Tottenham, Ampadu disse que “Gostaria de voltar [a jogar pelo Chelsea], é o meu objetivo, mas estou focado no Leipzig. Eu sempre assisto o Chelsea e vejo o que está acontecendo”.
Solução dos problemas defensivos
Não é novidade para ninguém que o sistema defensivo do Chelsea, outrora tão eficiente, esteja devendo na atual temporada. Já são 39 gols sofridos só na Premier League, o que se traduz em uma média superior a um gol por jogo. Os culpados elegidos pela torcida variam, ora o goleiro Kepa Arrizabalaga, ora os zagueiros individualmente e ora a defesa como um todo.
Pode-se afirmar que as turbulências experimentadas pelo lado azul de Londres se devem ao fator renovação do elenco. De fato os aspectos principais deste ano são a presença de jogadores da base e de um técnico jovem para comandá-los. Porém, há quem enxergue na própria juventude a solução para os problemas defensivos, no nome de Ampadu.
O mais cético dos adeptos poderia dizer que os torcedores estão “emocionados” demais devido à falta de confiança nas peças do elenco atual. Contudo, não é somente a qualidade individual de Ampadu que poderia trazer de volta a segurança há tempos perdida pela zaga azul.
Duas das principais qualidades do galês são o tempo de bola e o ótimo senso de posicionamento dentro de campo, que fazem com que um zagueiro nada corpulento de apenas 1,82 possa ganhar tantos duelos, inclusive aéreos, e fazer tantas interceptações. Essas qualidades encaixam perfeitamente com a falta de coesão defensiva do Chelsea, que tem dificuldades em criar conexões entre os atletas e entre as regiões do campo.
Além disso, seu passe longo qualificado poderia dar mais opções de saída de bola para o time, que sofre com marcações mais altas principalmente em cima de Jorginho, o primeiro armador. Inclusive, Ampadu pode ocupar áreas mais avançadas do campo confortavelmente, mesmo jogando de zagueiro central em um esquema com dois ou três atrás.
O que fazer?
O ponto definidor do futuro do jovem em Londres pode ser a própria permanência de Lampard, questionada por alguns. O treinador, em mais de uma ocasião, exaltou Ampadu e ainda confessou em entrevista ter tentado leva-lo por empréstimo ao Derby County na última temporada da Premiership. Já nas graças do ídolo Blue, o caminho para o zagueiro parece cada vez mais pavimentado para uma volta triunfal e a consequente evolução dentro do time principal.
O único senão, talvez seja a própria política de empréstimos do Chelsea. Jogadores da base que conseguiram minutos regularmente na atual temporada como Tammy Abraham, Mason Mount e até Fikayo Tomori, todos foram testados em alguma divisão inferior do campeonato inglês antes de se aventurarem no time principal, justamente para conseguirem mais minutos durante a época.
Ampadu pode ser aquele a quebrar o padrão e voltar na próxima janela para a sua casa e então formar uma bela dupla de zaga com o próprio Tomori em um futuro não tão distante. Só é preciso paciência e cautela, coisa pela qual o fã dos azuis de Londres não é conhecido.