Há pouco mais de um mês, eu escrevi uma coluna aqui no Chelsea Brasil que descrevia como as partidas dos últimos 30 dias seriam decisivas para definir de vez se teríamos chances ou não de classificação para a UEFA Champions League através da Premier League. Como havia dito, seriam seis partidas do torneio nacional em um espaço de um mês, sendo que quatro destas partidas seriam em casa, o que nos daria uma chance única de diminuir a vantagem na tabela e embalar uma possível corrida para a quarta colocação.
Àquela altura havia ressaltado que a distância a ser tirada era de 13 pontos restando 18 rodadas. Hoje, contudo, restam apenas 12 partidas por disputar e a distância aumentou em um ponto – são 14 em relação ao Manchester City, atual quarto colocado. Ou seja, se já era difícil há um mês, agora se torna praticamente impossível, já que são seis rodadas a menos e um ponto a mais para tirar.
A coluna do mês passado dizia que era o momento decisivo, que se conseguíssemos sair com quatro vitórias em casa e uma fora, teríamos 15 de 18 pontos possíveis. Se isso tivesse acontecido estaríamos a nove pontos da zona de classificação para a UCL. Haveria espaço para sonhar. Mas hoje devemos ser realistas: o quarto lugar não é mais possível, mesmo que matematicamente ainda haja chances.
A impressão que fica depois da partida contra o Newcastle é a melhor possível. Goleada, bom futebol, boa dinâmica em campo e intensidade. Por este confronto apenas, muitos de nós acabam com a impressão do “Agora vai!”, mas analisando os últimos seis jogos, e eu volto a ressaltar, foram quatro em Stamford Bridge, a verdade é que não devemos ficar tão empolgados assim. Por um lado não perdemos nenhum jogo, mas foram quatro empates e apenas duas vitórias neste momento crucial da temporada.
De 18 pontos possíveis, conseguimos dez. Parece um bom número se pensarmos na realidade da atual temporada, mas a verdade é que é praticamente metade dos pontos. São 55% de aproveitamento no último mês. Em relação aos 42% que temos na competição até o momento é um avanço, mas se pensarmos que o quarto colocado hoje tem 60% de aproveitamento, nosso desempenho teria que estar acima dos 70% para que tivéssemos chances de reverter a vantagem que hoje existe entre nosso humilde 12º lugar e a última vaga para a UEFA Champions League.
Foram quatro empates com sabor de derrota e duas boas vitórias, contra Arsenal e Newcastle. Dos quatro empates, apenas o contra o Manchester United é considerado um bom resultado, apesar de que ocorreu em Stamford Bridge. Os outros três, West Brom, Everton e Watford, eram partidas que obrigatoriamente deveríamos ter vencido para almejar ainda alguma coisa na temporada doméstica. E a maneira como o time atuou nestas partidas deixou a sensação de que com um pouco mais de esforço dos jogadores e de Guus Hiddink, teríamos saído facilmente com as vitórias nestes jogos.
Até porque o treinador holandês foi bastante cauteloso, para não dizer covarde, em muitos deste jogos. Sua filosofia de “não perder em primeiro lugar” ficou clara em todos estes jogos, com exceção da última partida, contra o Newcastle, em que o time voltou a jogar com apenas dois volantes (Mikel saiu do time), retornando ao esquema com três armadores, o que deu ao time um equilíbrio que possibilitou um desempenho mais intenso e competitivo. Tanto que saímos com a vitória por um placar elástico.
Hoje são 14 pontos para serem retirados em 12 rodadas. Não vai acontecer, infelizmente. Teríamos que ter um desempenho beirando os 80% para que isso acontecesse, pensando que o nível de aproveitamento dos quatro primeiros colocados não vai cair, e que entre nós e eles ainda existem outros oito adversários.
As chances de ficarmos fora da Champions League pela primeira vez na Era Abramovich é real, já que não dá pra contar com um título do torneio europeu, que sabemos, é muito difícil de conquistar. Uma vaga na Europa League, que já salvaria a próxima temporada até em questões financeiras, é até possível, mas também pouco provável se pensarmos no nosso retrospecto não só no último mês, mas em toda a competição. São oito pontos de diferença para o Manchester United, restando 12 rodadas. Dá pra tirar, mas precisaríamos mostrar um futebol mais parecido do contra o Newcastle do que o mostrado em todo o resto de competição. Ficou uma gota de esperança pelo bom desempenho do último jogo, mas ainda é apenas um lampejo numa constante de atuações medianas, impulsionadas por escolhas táticas conservadoras de nosso atual treinador.
Ou seja, a não ser que aconteça um milagre como o de 2012 e vençamos a Champions League, é bem provável que ano que vem assistiremos ao torneio europeu do sofá pela primeira vez em 13 anos. Uma Europa League já seria consolação, mas ainda pouco perto do que merecemos. Porém, com a temporada que fizemos até aqui já seria o lucro. O problema é que com as atuações que temos tido também parece pouco provável alcançar a quinta colocação. Há ainda uma vaga na Europa League via título da FA Cup. É uma alternativa, mas a verdade é que nosso lugar de merecimento em todas as temporadas, a UCL, ficou distante de mais para se alcançar.
As palavras contidas nessa reportagem condizem à opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.