Emprestar jogadores é uma tendência de qualquer clube bem estruturado, isso porque, apesar de alguns atletas terem boa qualidade, não possuem espaço no time, mas podem ser úteis no futuro justamente por sua técnica. Por uma questão econômica, se torna mais vantajoso emprestá-lo, para que ele ganhe experiência e ritmo de jogo em outro clube, do que deixá-lo apenas no banco. No final, é uma questão de aposta no talento do jogador.
Na maior parte das vezes, também é vantajoso para o atleta, que tem a oportunidade de enfrentar jogos importantes e fazer diferença no time que atuará – coisa que raramente aconteceria se ficasse no banco. Além disso, é uma proposta melhor do que ser dispensado, pois o vínculo com o time de origem continua, e certamente ele retornará se ganhar destaque na sua nova equipe, ou será vendido para outra de bom nível.
Victor Moses é um bom exemplo de empréstimo que deu certo. Após três temporadas em outros times (Liverpool, Stoke City e West Ham United), voltou para o Chelsea e se tornou indispensável para o sistema de Antonio Conte, e um dos motivos foi justamente seu crescimento tático durante o período que estava fora.
Recentemente, outra negociação acabou como um empréstimo, em benefício ao Chelsea. O zagueiro Kurt Zouma chegou na temporada 2014/15 e se mostrou um grande talento, mas teve uma séria lesão no ano passado. Com um futuro incerto após terminar a recuperação, preferiu ser transferido para o Stoke City em vez de negociado em definitivo, uma decisão que rendeu elogios do diretor técnico do azul de Londres, Michael Emenalo.
Tendo essas informações em mente, fica mais fácil entender as ações do Chelsea no mercado da bola. Apesar de receber bastante críticas por emprestar muitos jogadores, vale lembrar que poucos deles poderiam ter chance no time profissional, até porque, brigar pela titularidade com o elenco atual do Blues não é fácil.
Um destaque dessa temporada de empréstimos é Ruben Loftus-Cheek, que tem apenas 20 anos e foi usado nas temporadas 2014/15 e 2016/17. O garoto ganhou o prêmio de Revelação do Ano no Chelsea, e agora recebe a chance de evoluir no futebol profissional, pelo Crystal Palace, e quem sabe voltar à Stamford Bridge.
Padrões de empréstimo
Atualmente, o Chelsea tem 30 jogadores emprestados para diversos times, tanto ingleses como estrangeiros, de grandes ou pequenas ligas. Dentre esses, a maioria atua no meio de campo, setor que o Chelsea já conta com Eden Hazard, William, Cesc Fàbregas, Victor Moses, N’Golo Kanté e Tiemoué Bakayoko. Ou seja, a maior parte dos que foram emprestados são de uma posição que já está bem carregada, tanto para titularidade, quanto reserva.
Analisando os jogadores, percebe-se um denominador comum: todos jogaram na seleção de seus países, ao menos pelo sub-21 ou sub-19. E levando em conta que a média de idade deles é 21 anos, podemos dizer que têm muito tempo para evoluir, mas já mostraram que se destacam nacionalmente.
Além disso, o Chelsea é o primeiro time de grande parte deles, seja porque saiu da base da casa ou não. Isso indica pouca experiência, e já que o Blues disputará o campeonato inglês, mas foca também na Champions League, o momento é de contar com atletas experientes, e principalmente que tenham passado por jogos de grande pressão. Esse pode ter sido o motivo de um jogador como Loftus-Cheek ter ficado de fora, afinal, seria uma grande responsabilidade para ele, e uma má sequência poderia queimá-lo precocemente.
O jogador mais velho do grupo de emprestados é Michael Hector, zagueiro jamaicano de 25 anos, e merece atenção. Ele chegou em 2015 na Stamford Bridge, após uma sequência de empréstimos por times ingleses, e foi emprestado ao Eintracht Frankfurt, da Alemanha. Segundo suas entrevistas, o objetivo era que ele tivesse experiência em jogar num estilo europeu diferente do inglês, com bem mais contato e faltas. Além disso, durante a temporada, ele experimentou várias posições de defesa. A intenção do Chelsea seria ter um jogador mais preparado para uma Champions League? É uma hipótese plausível. Agora, ele enfrentará um novo desafio: defender o Hull City, que acabou de ser rebaixado, e tem sede de voltar à Premier League. Pressão por resultado é o que não vai faltar.
Para completar as tendências de empréstimos, está a categoria dos lesionados. Assim como Zouma, outros jogadores acabam se machucando ao chegarem no time, e são emprestados. É o caso de Lucas Piazon, que já está no sexto empréstimo, durante cinco anos de clube. Apesar de ser um bom profissional, têm uma sequência de lesões, e ainda não consegue se firmar como opção para o time da casa.
Por fim, parece que o motivo do Chelsea emprestar é simples: esperar que o jogador melhore, tanto fisicamente quanto psicologicamente, e adquira experiência, até estar no nível necessário para ajudar nas metas do time.