“Their city, their stadium, our title”: os 10 anos da conquista em Munique

Na última quinta-feira (19), o Chelsea Football Club comemorou os 10 anos da primeira conquista de Liga dos Campeões do clube. A campanha dos Blues esteve longe da tranquilidade. Sobretudo na fase de mata-mata. Mas, como Martin Tyler naquela noite de 19 de maio de 2012: eles tiraram o coelho da cartola mais uma vez!

Com isso, contra muitas expectativas anteriores e desde as circunstâncias da partida, o Chelsea conquistou pela primeira vez a Champions League e marcou seu nome na história do futebol europeu. Mais ainda, deu a certeza àqueles que duvidavam de que estavam e pertenciam à elite do futebol do velho continente. De onde, uma vez que chegaram, nunca mais saíram.

Em Nápoles, o adeus parecia certo

Depois de terminar a fase de grupos em primeiro do grupo E, o sorteio levou ao confronto entre Chelsea e Napoli nas oitavas de final. Dessa forma, o jogo de ida, na Itália, aconteceu no dia 21 de fevereiro de 2012 e terminou com a vitória dos italianos por 3-1 em sua casa.

O momento dos Blues na temporada não era dos melhores, com André Villas-Boas tendo muita dificuldade de fazer a equipe render. Enfim, o português deixou o comando do clube em 4 de março, após derrota para o West Brom – que deixou o Chelsea a três pontos do top 4 da Premier League.

Nesse sentido, a poucos dias do confronto de volta com os Partenopei, Roberto Di Matteo assumiu o comando do time de forma interina. Sendo assim 10 dias depois os londrinos receberam a Napoli em Stamford Bridge precisando de uma vitória por três gols de diferença.

Em sua estreia na Liga dos Campeões, Di Matteo escalou o Chelsea em um 4-2-3-1 com Petr Cech no gol e com a linha defensiva formada por Ashley Cole, John Terry, David Luiz e Branislav Ivanovic. Em seguida, Frank Lampard e Michael Essien atuaram na primeira linha de meio com Ramires, Juan Mata e Daniel Sturridge atuando mais avançados. Por fim, Didier Drogba era o grande nome do ataque.

Os visitantes, por sua vez, foram escalados por Walter Mazzarri com Morgan De Sanctis no gol e a forte linha defensiva formada por Salvatore Aronica, Fabio Canavarro e Hugo Campagnaro. No meio, Juan Zúñiga, Walter Gargano, Gökhan İnler e Christian Maggio. Enfim, o ataque tinha Ezequiel Lavezzi e Marek Hamšík como apoio a Edinson Cavani, que havia sido o grande nome do jogo de ida.

A volta por cima

Com a necessidade de vencer e vencer por uma diferença considerável de gols, os londrinos não poderiam jogar de outra foram a não ser ofensiva. Porém, a ofensividade abriu espaços e deu chances para os italianos chegarem com certo perigo ao ataque.

Perto da meia hora de partida, finalmente veio a faísca que o Chelsea precisava. Ramires cruzou na medida para Drogba cabecear e abrir o placar. Nos quinze minutos finais da etapa os donos da casa seguiram pressionando, mas pararam em De Sanctis. Assim, o jogo foi para o intervalo com 1-0 em favor dos Blues, que precisavam de mais dois gols para garantir a classificação.

Logo, pouco após a retomada do jogo, os Blues ganharam um escanteio. Lampard cobrou e, em boa movimentação, John Terry chegou na posição perfeita para cabecear e marcar o segundo gol do jogo. Com isso, o placar agregado estava empatado em 3-3, com o time inglês tendo a vantagem do gol fora de casa.

Porém, a alegria não durou muito uma vez que aos 10 minutos da etapa complementar Inler marcou para a Napoli. Desse modo, para garantir a classificação nos 90 minutos, o Chelsea precisaria marcar dois gols.

Em bom chute de Drogba, De Sanctis fez um milagre e espalmou a bola para escanteio. Lampard, mais uma vez, cobrou o corner e Ivanovic cabeceou – mas a bola parou no braço aberto de Andrea Dossena. Pênalti para o Chelsea que, como de costume, foi batido e convertido pelo camisa 8.

Tudo igual no placar e nas vantagens

Com o 3-1 no tempo regulamentar, o placar agregado ficou empatado em 4-4. Mais ainda, ambas as equipes tinham marcado um gol fora de casa. Com isso, não havia vantagem para qualquer um dos lados. Portanto, houve a necessidade de jogar mais 30 minutos em Stamford Bridge. E os Blues não precisaram da prorrogação completa para cumprir seu dever.

Ainda no final dos primeiros 15 minutos do tempo extra, Ramires deu uma bagunçada pela lateral direita do ataque e atraiu dois para marcá-lo. Assim, deixando Drogba livre para receber e cruzar rasteiro para Ivanovic, livre, furar a meta de De Sancti.

Para terminar o jogo, uma das grandes defesas da história do clube se comportou bem para controlar a pressão dos italianos e os ânimos da partida. Ao fim dos 120 minutos, Di Matteo fechou sua estreia nas “noites europeias” com uma das performances mais marcantes da história do clube. Sendo assim, com 5-4 no placar agregado, os Blues avançaram para mais uma fase de quartas de final.

A calma depois (e antes) da tempestade

O adversário seguinte dos Blues foi o Benfica. Na terça-feira, 27 de março, as equipes disputaram a partida de ida em Lisboa e na quarta seguinte, 4 de abril, jogaram a volta em Stamford Bridge.

No Estádio da Luz, Jorge Jesus escalou o time em um 4-3-3 com Artur no gol e uma defesa com três brasileiros: Emerson, Jardel e Luisão. Além de Maxi Pereira pela lateral esquerda. No meio, mais um brasileiro: Bruno César juntamente com Javi García e Pablo Aimar. Enfim, Óscar Cardozo, Nicolás Gáltan e Axel Witzel formavam o ataque.

Por sua vez, o Chelsea foi a campo com Cech; Paulo Ferreira, David Luiz, Terry e Cole; Ramires, Raul Meireles, Mata e John Obi Mikel; Salomon Kalou e Fernando Torres.

A partida em Portugal foi bastante disputada dos dois lados do campo. Os donos da casa chegaram mais ao ataque, porém, a defesa dos londrinos conseguiu pará-los. Desse modo, foi apenas aos 75 minutos de jogo que o placar se alterou.

Ramires escapou muito bem pela direita e contou com um pouco de sorte para a bola permanecer com ele, após tentar passar a bola para Torres. Na sequência, o passe para o camisa 9 finalmente deu certo e ele se livrou da marcação para se infiltrar na pequena área e cruzar para Kalou. Livre, o marfinense chutou e marcou o único gol da partida – e que garantia ainda mais vantagem para os Blues que decidiriam o confronto em casa.

Classificação selada sem sustos

Para o jogo de volta ambos os técnicos mudaram suas equipes. Do lado do Chelsea, Ivanovic começou a partida no lugar de Paulo Ferreira na lateral direita e Meireles deu lugar a Lampard no meio. No ataque, Kalou caiu mais pela esquerda enquanto Torres ficou posicionado como o homem de ataque.

Jesus também fez mudanças: Artur seguiu no gol e a defesa, agora, tinha Maxi Pereira, Javi García, Emerson e Joan Capdevila. No meio, Bruno César se manteve entre os titulares com Matic e Witsel ao seu lado. Por fim, Aimar foi ao ataque juntamente com Galtán e Cardozo.

Mesmo em casa, os Blues seguiram atacando menos que o Benfica e o cenário do jogo, em termos gerais, foi o mesmo da partida de ida. No entanto, em Londres, os donos da casa abriram o placar aos 20 do primeiro tempo.

Terry enfiou pela bola por cima para Cole que dominou e entrou na área, mas foi derrubado por García. Lampard bateu e guardou deixando o placar agregado em 2-0. Mais ainda, Maxi Pereira foi expulso ainda no primeiro tempo e os Blues jogaram com um a mais por metade da partida.

Mesmo com a vantagem, os londrinos não conseguiram matar o jogo e o Benfica chegou a dar uns sustos. Os Águias conseguiram seu gol aos 40 minutos da etapa complementar com uma bela cabeada de Javi García. Contudo, o empate não persistiu por muito tempo.

Após cobrança de falta dos portugueses, Mikel afastou a bola e Raul Meireles, que havia entrado no lugar de Juan Mata, se aproveitou da sobra. O camisa 16 dominou e partiu em velocidade ao ataque sem marcação. Com Artur adiantado, Meireles chegou na entrada da área e bateu com força para dar a vantagem novamente ao Chelsea e selar a classificação.

Grande nome do Porto alguns anos antes, Meireles marcou um golaço que selou a classificação e pediu para a torcida do Benfica se calar em Stamford Bridge (Reprodução: Clive Rose/Getty Image)

A hora da revanche

Depois de despachar o Benfica, o Chelsea reencontraria um velho conhecido nas semifinais: o Barcelona. Inclusive, três temporadas antes, em 2008/09, as equipes haviam se encontrado na mesma fase e os catalães, após jogo de decisões polêmicas por parte da arbitragem, conseguiram a classificação para a final. Logo, o confronto trazia um sentimento de revanche, com os Blues podendo pagar pela eliminação em 2009 – e foi o que aconteceu.

Para a partida de ida, Di Matteo escalou os donos da casa com Cech; Ivanovic, Gary Cahill, Terry e Cole; Mikel, Meireles e Lampard; Mata, Drogba e Ramires. O Barcelona de Pep Guardiola entrou em Stamford Bridge com Víctor Valdés; Daniel Alves, Charles Puyol, Javier Mascherano e Adriano; Sergio Busquets, Xavi Hernandéz e Andrés Iniesta; Lionel Messi, Alexis Sánchez e Cesc Fàbregas.

Diante de um dos melhores times da história, o Chelsea fez o jogo defensivo perfeito. Assim como contou com um pouco de sorte. Logo, mesmo com os catalães tendo quase 70% da posse de bola e finalizando muito mais, o contra-ataque Blue prevaleceu.

O Barcelona tocava a bola no puro estilo tic-tac de Guardiola, mas Messi foi desarmado por Lampard na entrada da área e, assim, se deu início à jogada do gol dos ingleses. O camisa 8, então, lançou para Ramires que dominou e partiu para o ataque. Já na área, o brasileiro cruzou rasteiro e Drogba empurrou a bola para o fundo da rede. Com isso, a defesa se tornou ainda mais importante no segundo tempo e teve competência para parar o ataque, geralmente, mortal do Barça. Pedro quase marcou para o time espanhol no final do jogo, mas parou na trave.

Decisão antecipada

Portanto, o Chelsea levou a vantagem de 1-0 para o Camp Nou qualquer vitória ou empate, ou até mesmo uma derrota por um gol de diferença, classificava os londrinos. No dia 24 de abril, as equipes se encontraram novamente para decidir a vaga na final.

Guardiola mudou o XI inicial para o jogo de volta, assim, o Barça entrou em campo com: Valdés; Puyol, Gerard Piqué e Mascherano; Busquets, Xavi e Iniesta; Isaac Cuenca, Messi e Fàbregas; Alexis Sánchez. Enquanto isso, os Blues entraram com a mesma equipe titular do jogo de ida, no entanto, Mata e Ramires jogaram mais recuados em relação ao jogo em Londres.

Da mesma forma que na partida de ida, o Barcelona controlou a posse de bola e finalizou mais. Mas a trama defensiva do Chelsea não conseguiu evitar os gols na Catalunha. Foi uma sequência difícil para os Blues, que tomaram dois gols e se viram com um jogador a menos em um intervalo de 10 minutos. Busquets abriu o placar aos 35 do primeiro tempo, dois minutos depois Terry foi expulso e aos 43 Iniesta marcou o segundo do Barça.

Mesmo assim, nos acréscimos do primeiro tempo, Ramires recebeu de Lampard e encobriu Váldes para deixar o placar agregado em 2-2. Mais ainda, garantindo a vantagem do gol fora de casa para os londrinos.

Herói improvável

O segundo tempo começou com um banho de água fria. Drogba foi ajudar na marcação e derrubou Fábregas na pequena área. De pronto, o árbitro não marcou, mas com a indicação do bandeira, o Barcelona teve a penalidade marcada a seu favor. Messi na bola para bater o pênalti e tentar fazer seu primeiro gol em uma meta defendida por Petr Cech. No entanto, como nas oportunidades anteriores, o argentino não teve sucesso, parando na trave. Ou seja, a partida segue em 2-1 e o agregado com 2-2 e os Blues indo à final.

No restante da partida, o time de Di Matteo fez tal qual em Stamford Bridge: se defendeu de todas as maneiras diante de um poder ofensivo enorme dos adversários. Mesmo com um a menos, o encaixe e a postura defensiva do Chelsea dificultaram as chegadas do Barcelona. Com isso, os catalães, por vezes, se viram obrigados a cruzar bolas na área na esperança de que alguém conseguisse alcançar – o famoso chuveirinho.

Sanchéz recebeu de Daniel Alves e marcou, mas o brasileiro estava impedido e o gol não valeu. Em outra oportunidade, Messi conseguiu espaço para finalizar, só que parou na trave. Assim, a partida se aproximava do fim e o Chelsea conseguia sua classificação apesar da derrota. Entretanto, deu tempo de buscar o empate.

Em bate e rebate na área de defesa dos visitantes, a bola sobrou com Ashley Cole que sentou um chutão para cima. Torres, que havia entrado no lugar de Drogba aos 80 minutos, partiu do campo de defesa  e, com a defesa do Barcelona quase que inteiramente no ataque, conseguiu alcançar a bola. O camisa 9, então, partiu sozinho até a pequena área do Barça, deixou Váldes no chão e fez o segundo do Chelsea no jogo.

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Com o gol do espanhol, o placar agregado ficou em 3-2 para os ingleses que avançaram para a final buscando mais um feito dito impossível: vencer o Bayern na Allianz Arena.

Missão quase impossível

A verdade é que a final da Liga dos Campeões de 2012 foi feita entre os azarões. Quase todos esperavam um El Clásico na decisão europeia, porém, os espanhóis foram frustrados por Chelsea e Bayern. E assim, Roberto Di Matteo e seus comandados viajaram para Munique e disputar o título da Liga dos Campeões na casa dos adversários.

A decisão aconteceu no dia 19 de maio de 2012 com início às 15h45 (horário de Brasil). Jupp Heynckes escalou o Bayern no esquema de 4-2-3-1 com Manuel Neuer no gol. O capitão, Philipp Lahm atuou na lateral esquerda com Jérôme Boateng e Anatoliy Tymoshchuk formando a dupla de zaga e Diego Contento na direita.

No meio campo, os bávaros tinham Bastian Schweinsteiger e Toni Kroos mais recuados, sendo os grandes responsáveis pela distribuição da bola. Mais a frente, o ex-Chelsea Arjen Robben, Thomas Müller e Franck Ribéry. Para fechar, como o grande nome do ataque, os alemães tinham Mario Gomez.

O Chelsea, por sua vez, tinha grandes desfalques: John Terry, que estava suspenso, e Ivanovic e Ramires, que estavam lesionados. Sendo assim, a equipe teve algumas surpresas na escalação e se postou em um esquema mais conservador (4-4-1-1) com Petr Cech no gol e com Bosingwa, David Luiz, Cahill e Cole formando a linha defensiva.

No meio, Kalou e Ryan Bertrand jogaram pelas laterais enquanto Mikel e Lampard jogaram mais centralizados. Por fim, Juan Mata e Didier Drogba eram os homens de centro no ataque – com o marfinense atuando mais avançado.

Ataque contra defesa

Assim como na semifinal, o fator crucial para os Blues foi sua performance defensiva. Os alemães, jogando em casa, tiveram o controle da partida. Porém, não foram clínicos. Dessa forma, mesmo chegando ao ataque em muito mais oportunidades, não conseguiram marcar e deixam a oportunidade para os adversários no contra-ataque.

Só que o Chelsea também não conseguiu aproveitar as oportunidades que apareciam. Com isso, o jogo foi seguindo dessa forma até os 7 minutos finais, quando, finalmente, o placar foi alterado. Aos 83 minutos de jogo, Kross cruzou e a defesa dos Blues só observou a bola alta que parecia que sairia na linha de fundo. Porém, Müller partiu por trás da defesa e conseguiu cabecear e marcar.

Com o gol, a Allianz Arena foi a loucura e os próprios jogadores do Bayern já faziam a festa em campo. Logo após o gol dos bávaros, Di Matteo colocou Torres em uma clara tentativa de tudo ou nada – logo, o camisa 11 e o camisa 9 jogariam juntos mais avançados dando mais possibilidades ao ataque Blues.

Por outro lado, Heynckes sacou Müller e colocou Daniel Van Buyten para tentar segurar o resultado.

Com os 90 minutos ainda mais próximos, o Chelsea se lançou ao ataque e, em uma jogada um tanto confusa perto da linha de fundo, Torres conseguiu um escanteio para os ingleses. Frank Lampard cobrou e Drogba se antecipou a Boateng para cabecear sem qualquer chance de defesa para Neuer. 88 minutos, 1-1 na final e viriam mais 30 minutos de jogo pela frente.

Cech brilha na meta azul

Logo no início do tempo extra, o camisa 11 do Chelsea que tinha dado sobrevida à equipe pouco antes quase colocou em xeque o esforço anterior. Com os Blues buscando ser mais ofensivos que no tempo regulamentar, o time londrino saiu ao ataque nos primeiros momentos da prorrogação, porém, provaram do próprio veneno.

Em rara situação de contra-ataque dos bávaros, Ribéry se aproveitou do espaço deixado na defesa adversária e entrou na área. Drogba derrubou o francês na área e o Bayern teve um pênalti a seu favor.

Robben chamou a responsabilidade e, caso marcasse, basicamente acabaria com as chances de seu ex-clube. Contudo, como em Barcelona semanas antes, o marfinense e o Chelsea tiveram sorte. Dessa vez, não por conta da trave, mas pelo fato de que os londrinos tinham sob sua meta um dos melhores goleiros do mundo. Com um mar azul nas suas costas, Petr Cech defendeu o pênalti batido pelo holandês.

Cech garantiu a sobrevivência dos Blues na luta pelo título (Reprodução: Laurence Griffiths/Getty Images)

Nos 15 minutos finais, o Bayern retomou sua postura ofensiva e atacou o Chelsea como pôde. Contudo, a defesa Blue seguiu tendo sucesso e, com isso, ao fim de 120 minutos de partida, a decisão da Liga dos Campeões seria resolvida nos pênaltis.

Fazendo história

A última e única vez que o Chelsea tinha chegado na final da competição europeia, até então, havia sido na temporada 2007/08. No Estádio Luzhnik, em Moscou, a equipe de Londres enfrentou o Manchester United e, da mesma forma que em 2012, viu o jogo terminar com 1-1 no placar após a prorrogação. Naquela oportunidade, Terry escorregou e perdeu o pênalti que daria o título aos Blues. Mesmo assim, os londrinos seguiram na disputa. Porém, a cobrança de Nicolas Anelka parou em Van der Sar e os Red Devils levaram a taça.

Agora, era a chance da redenção. Sem chuva e com a moral mais em alta tudo poderia acontecer. Mesmo estando diante de uma verdadeira muralha vermelha na hora das cobranças.

O time de Munique abriu as cobranças com Lahm. Cech chegou a tocar na bola, mas, com a categoria do alemão, a bola passou. 1-0 Bayern.

Na sequência, Mata bateu para os Blues. Sem tomar muita distância, o camisa 10 bateu firme, só que muito no centro do gol. Logo, Neuer conseguiu defender e os bávaros seguiram na frente.

Goméz e David Luiz foram os segundos batedores e ambos converteram, com isso, o placar da disputa de pênaltis ficou em 2-1 para o Bayern. Na sequência, Neuer e Lampard bateram e converteram, deixando a contagem em 3-2.

Cech havia defendido a penalidade de Robben na prorrogação e tinha acertado o lado de todas as cobranças até aquele momento. No entanto, não teve sucesso – até o pênalti cobrado por Ivica Olic. Com a mão trocada, o goleiro pegou o pênalti do croata e, na sequência, Ashley Cole acertou sua cobrança para deixar a disputa em 3-3.

Quinta e decisiva rodada de pênaltis. Schweinsteiger bateu rasteiro no canto direito para os alemães, Cech acertou o canto e deu uma desviada crucial na bola que bateu na trave. Sendo assim, a conquista estava nos pés de Didier Drogba. O camisa 11 foi para a bola e bateu com confiança, tirando totalmente Neuer da bola e dando ao Chelsea sua primeira Liga dos Campeões.

(Reprodução: Alex Livesey/Getty Images)

Consagração merecida

Desde a chegada de Roman Abramovich até então, o Chelsea havia parado na semifinal em quatro oportunidades anteriormente. Além de ter chegado na final na temporada 2007/08. Fora outras participações que acabaram em fases anteriores. Nesse sentido, desde a chegada do russo até a primeira conquista da Orelhuda, os Blues haviam participado de todas as edições possíveis da Liga dos Campeões.

A evolução no torneio foi nítida e, por fim, em 2012, contra todas as expectativas, o time de Londres venceu a competição. Não apenas foram embates duros no caminho até Munique, mas também houve mudanças de comando na equipe. Além disso, o time teve lesões importantes ao longo da campanha. Ainda assim, chegaram ao topo do futebol europeu.

Na volta a Londres, não poderia ser diferente além de uma grande festa para reconhecer tamanho feito. Uma temporada longe do ideal, porém, que marcou a história do clube de forma inédita e inesquecível. Sem dúvidas, a grande confirmação da Era Abramovich e da consolidação do Chelsea entre os grandes. Se antes, olhar para o futebol inglês se restringia muito aos clubes vermelhos, os Blues atraíram o olhar para si e demonstraram que dali em diante ainda apareceriam muito mais.

Abramovich esteve presente nas comemorações do Chelsea após a conquista da UCL (Reprodução: Andrew Couldridge/Action Images)

Assim, desde 2012/13 são mais sete participações em Liga dos Campeões. Além de dois títulos de Liga Europa. As campanhas na Champions estavam aquém, até que, enfim, quase um ano atrás, a Orelhuda voltou a Londres. Com um feito repetido em condições um pouco similares àquelas de 2012.

Além do segundo título do mais alto escalão europeu, o Chelsea conquistou, também, o título de Supercopa da Europa e do Mundial de Clubes, títulos que a geração campeã passada não havia conquistado. Dessa forma, os Blues conquistaram tudo e reafirmaram sua posição no futebol mundial. Lógico, que ainda podem ser tratados como pouco favoritos, mas se tem uma coisa que a história ensinou é que esse clube nunca pode ser deixado de fora. E, com uma nova Era chegando, é crucial provar isso.

Conquista e reformulação

Ao contrário do que acontece na grande maioria dos clubes, após a conquista europeia o elenco do Chelsea passou por uma grande reformulação. Em primeiro lugar, a grande saída, que já estava acertada antes mesmo do fim da temporada 2011/12, foi a de Drogba – que foi para o futebol chinês.

Michael Essien, que estava no clube desde 2005, e que foi uma peça vital vinda do banco no ano mágico, deixou Londres e foi jogar no Real Madrid. Raul Meireles que havia chegado no verão de 2011 saiu no verão seguinte rumo ao Fenerbahce. Kalou foi para o Lille e Bosingwa, que jogou a final, foi para o Queens Park Rangers.

Por outro lado, nomes que se consagraram no clube chegaram naquela mesma janela. Os dois principais, sem dúvidas: Eden Hazard e César Azpilicueta. Além deles, os Blues contrataram o brasileiro Oscar que, naquela época, brilhava no Internacional. Foi no mesmo verão, também, que chegou Victor Moses.

Mais ainda, durante as temporadas 2011/12 e 2012/13, Romelu Lukaku estava em sua primeira passagem pelo Chelsea. Apesar de ter ficado de fora da campanha da Champions League, o belga esteve no plantel em jogos das competições nacionais e jogou na Reserves League. Da mesma forma, Kevin De Bruyne também era dos londrinos – ele foi contratado em janeiro de 2012 e passou o resto da temporada emprestado ao Genk.

Por fim, parece que os Blues entrarão em uma nova fase de reconstrução. Que lições do passado sirvam de aprendizado e que, com isso, outros troféus de Liga dos Campões possam estar em Stamford Bridge.

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Article by: Nathalia Tavares