Pergunte a qualquer torcedor, do mais apaixonado ao mais distante: você gosta de ver seu clube sofrer uma goleada? A resposta será um “não”. Como ossos do ofício, acompanhar as partidas dos Blues é uma necessidade para a equipe Chelsea Brasil. No último sábado (8) não foi diferente.
Coube a pessoa que vos escreve assistir a goleada por 4×1 e escrever o pós-jogo. A princípio, não foi das tarefas mais agradáveis. Sou torcedora do Chelsea há mais de uma década e muito me incomoda perder, especialmente na Champions. Porém, o jogo serviu para destacar pontos já observados.
Obviamente seria muito difícil virar contra o Bayern. Além do placar da ida, reverter o agregado sem as principais peças do elenco era uma “Missão Impossível”. Talvez nem Tom Cruise conseguisse êxito. Sendo assim, o resultado negativo já era esperado. O que não pode acontecer é isso se repetir em 2020/2021.
Primeiro Tempo: Deja vu da temporada
O Bayern jogava em casa e tinha a larga vantagem de 3×0 na partida de ida, realizada em fevereiro. Sem os principais nomes, o elenco de Frank Lampard de cara sofreu mais um duro golpe. O relógio nem marcava 10 minutos de jogo e Willy Caballero cometeu pênalti em Robert Lewandowski.
E que 10 minutos infernais! Os jogadores não viram a cor da bola. O meio-campo estava completamente bagunçado. O sentimento era de que jogávamos com menos dois ou três, tamanha desorganização no setor de marcação. Falhas assim contra uma equipe tão capacitada não passam impunes. E não passaram.
14 minutos depois mais um gol. Parecia um deja vu de toda temporada. Defesa perdida, sem acertar uma linha de marcação e atacantes adversários atuando em ritmo de treino. A conclusão? Frank Lampard tem muito mérito por fazer desse time finalista na FA Cup e quarto colocado na Premier League.
Contudo, se quiser voltar a brigar por títulos precisa urgentemente agir. Alguns nomes não são adequados para os Blues. Ao passo que certas escolhas táticas não são as corretas. A hora de repensar é essa, Super Frank. E um adendo: N’Golo Kanté é homem de desarme, não de passe pelo amor de Deus.
Segundo Tempo: Há potencial no elenco
Em sua primeira temporada no comando, Lampard fez história por promover atletas da base ao time principal. Reece James, Fikayo Tomori, Callum Hudson-Odoi, Tammy Abraham e Ruben Loftus-Cheek são promessas. O quinteto mostrou potencial, cabe ao inglês lapidá-los.
Todavia, o Chelsea não pode depender apenas dessas joias. Claro que dar chance aos jovens da Academia é importantíssimo. Entretanto, um elenco competitivo precisa mesclar experiência e juventude. A ausência daquele elemento foi visível ao longo da temporada 2019/2020.
O confronto contra o Bayern escancarou isso. Os golpes sofridos com menos de 25 minutos abalaram o emocional já machucado. Tanto que o grupo apenas esboçou reação quando o cronômetro apontava 28 minutos (no gol anulado de Odoi). Fora esse chute a gol e o tento de Abraham, quantas vezes o Chelsea conseguiu ir ao ataque e levar perigo?
Em síntese, apostar na juventude merece uma salva de palmas. Há anos o Chelsea deveria ter olhado com mais carinho para a base. Todavia, não dá para jogar toda responsabilidade nas costas deles. É preciso equilíbrio em 20/21. Juventude, aliada à experiência podem trazer bons frutos.
Terceiro Tempo: Hora de ir às compras
Encerrada a Temporada 19/20 é a hora de o elenco descansar. Tal pausa era necessária. Afinal, foi um retorno desgastante e as lesões falam por si. Fora de campo, é a hora de agir. Semana passada surgiu a informação de que Lampard tem uma lista de dispensa.
Alguns nomes contidos ali mereciam uma segunda chance. Outros, não. Seja qual for a escolha do inglês, o caminho é esse. Se a proposta da Diretoria ao trazer Lampard é reconstruir os Blues, a caminhada começa pela “limpeza do plantel”.
Adeus às peças esgotadas
Nomes como Jorginho, Danny Drinkwater, Emerson Palmieri, Kepa e Antonio Rudiger – para citar alguns – demonstraram ser incapazes de vestir essa camisa. No geral acabam sendo pesos mortos ao grupo. Todos têm suas qualidades, mas não apresentam serventia ao clube.
Conforme dito acima, o momento é de usar a juventude. Christian Pulisic e Mason Mount indicam que o ataque pode dar trabalho na próxima temporada. Obviamente, com ajuda da experiência de Olivier Giroud, Mateo Kovacic e o sangue novo de Timo Werner e Hakim Zyech.
Reforços para ontem!
Enquanto alguns podem e devem deixar Londres, a reposição precisa ser feita com inteligência. Um goleiro, defensores, mais homens qualificados no meio-campo. Lampard deveria dar mais atenção a esses pontos. Há atletas interessantes no mercado, mas ter referências também é crucial ao sucesso do seu projeto.
Retomo um ponto. É importante saber equilibrar juventude e experiência. Caso não encontre o tom adequado, Lampard pode acabar minando seu trabalho. Dito isso, exponho uma preocupação pessoal. Diariamente observamos notícias de atletas com 18, 21, 23 anos na mira dos Blues.
Talvez não seria melhor optar por alguém um pouco mais velho, ao menos à defesa? Juventude com qualidade, a base já contempla a demanda. Na minha percepção, se for para investir em alguém para ser a referência na zaga, esse atleta precisaria ter mais rodagem.
“O futuro a Deus pertence”
Desta feita, assim como o presidente do Chelsea avalio como positivo 19/20. Não foi a temporada dos sonhos. Contudo, é sempre bom frisar que foi o pontapé para uma nova era. Conforme escrevi na semana passada, o trabalho precisa de tempo.
Com os reforços que já chegaram e podem desembarcar em Londres, Lampard tem tudo para construir uma equipe competitiva. A princípio 19/20 desenha-se como “fora da curva”. Prefiro acreditar que não. Opto em enxergar o ano como o primeiro degrau.
Ademais, o êxito (ou não) caberá ao treinador. Ao fim da partida, Lampard indicou que há um grande projeto em execução. “Posso ver para onde quero levar o time e sei que voltaremos“, disse. Por fim, resta aguardar o início da nova temporada em setembro.