Durante todo o ano, você se planejou para aquela viagem especial na qual aguardava por algum tempo. Passagem comprada, hotel reservado e roteiro agendado com o guia local. No entanto, duas semanas antes da viagem, seus amigos te chamam para ‘jogar uma bola’ na praia. Você aceita e vai com eles na certeza de que mal nenhum aconteceria.
O jogo começa e logo no início você pisa em falso e torce o tornozelo. O pé incha na hora e bate um arrependimento. Dias depois você faria aquela viagem incrível, com passeios comprados e com direito a muita trilha e atividades físicas. Agora, com o pé avariado, você até vai, mas sabe que não dará o seu 100%.
Entendeu a referência. Não? Pois bem, estou falando da lesão de Loftus-Cheek no amistoso contra o New England Revolution, nos Estados Unidos.
Primeiro tempo: vale a pena?
Amistoso é coisa para se fazer no início da temporada. Qual o sentido tem para um clube, após uma longa e exaustiva temporada, sair de seu país, cruzar o oceano para disputar um jogo nos Estados Unidos? Para mim, nenhum.
Pior. O Chelsea agendou esse amistoso em março desse ano. Naquele momento, já estávamos eliminados da FA Cup (a derrota para o Manchester United aconteceu no dia 18/02) e o time continuava mostrando muita instabilidade na Premier League. Não é possível que a diretoria agendaria esse amistoso sabendo que o time ainda teria algum compromisso posterior, no caso a final da Europa League.
Pelo contexto, fico convencido que o jogo foi marcado como um encerramento da temporada. Não há outro motivo que me convença.
- Contratos publicitários – Sério? Nesse momento do ano? Não poderia agendar para o início da próxima temporada?
- Divulgar a marca – O Chelsea não está mais em 2008, quando precisava realizar amistosos na Ásia, América do Norte e outros cantos do mundo para pescar mais e mais torcedores.
Além da ida sem sentido aos Estados Unidos, ainda perdemos Loftus-Cheek. O jogador que melhor encaixou no time durante a temporada simplesmente não estará em Baku, no Azerbaijão, na final contra o Arsenal. Loftus-Cheek não chega a ser uma espinha dorsal fundamental para os Blues, mas certamente vai fazer com que a gente não tenha um time tão forte quanto poderia.
Você até pode cogitar que a lesão poderia acontecer em um treino, em Cobham. Sim, poderia, mas as chances eram muito menores. É só lembrar das outras lesões. Kanté, Rudiger e Hudson-Odoi, todos eles se lesionaram jogando, não treinando.
Segundo tempo: pelo menos veio a vitória
Quem tá na chuva tem que se molhar. Pegando carona no ditado popular, vamos falar então do tal jogo nos Estados Unidos. Como era de se esperar, a partida foi fácil e o Chelsea venceu sem esforços. Me lembrou muito alguns amistosos as Seleção Brasileira agendados pela CBF.
Logo aos 3’ Barkley abriu o placar, aproveitando um rebote da defesa americana. O jogo continuou com o Chelsea em cima e ainda no primeiro tempo, Giroud ampliou de peixinho aproveitando cruzamento de Zappacosta. Já no segundo tempo, com uma equipe bem alternativa, Willian cobrou escanteio rasteiro e Higuain chegou chutando. A bola ainda desviou em Barkley fechando o placar no Gillette Stadium, em Foxborough, casa do New England Revolution.
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Tempo extra: próximos passos
De volta a Inglaterra, o Chelsea agora tem uma semana e meia para se preparar para o grande jogo da temporada. Não, não é exagero dar esse status ao jogo. São vários os motivos:
- Título inédito para Maurizio Sarri – Sim, nosso técnico nunca conquistou um troféu. Mesmo com o belo trabalho que fez a frente do Napoli em três temporadas, o italiano não conseguiu vencer uma taça que seja;
- Chelsea vencer um título na temporada – Os Blues chegaram perto de vencer uma taça na temporada ao chegar na final da Copa da Liga Inglesa. A decisão contra o Manchester City foi cheia de nuances e por pouco não vencemos. A Liga Europa nos dá essa perspectiva de levantar, pelo terceiro ano consecutivo, um troféu (16-17 Premier League; 17-18 FA Cup);
- Revanche contra o Arsenal – As últimas duas decisões contra os Gunners foram para esquecer. Na temporada 16-17, de título da Premier League para os Blues, enfrentamos o rival de Londres na final da FA Cup e perdemos. Meses depois voltamos a nos enfrentar na Supercopa da Inglaterra e fomos novamente derrotados. Tá na hora dessa sequência ser interrompida;
- Ser cabeça de chave na Champions League – Esse talvez seja o motivo mais importante. Ser campeão da Europa League nos coloca como cabeças de chave da UCL. Caso isso não aconteça, poderemos cair contra um dos campeões nacionais (PSG, Barcelona, Juventus). Na última temporada, por exemplo, o Tottenham, que terminou a Premier League 2017-18 em 3º, ficou no ‘pote 2’ e caiu em um grupo com Barcelona, Internazionale e PSV. Os Spurs tiveram vida dura e só conseguiram garantir a classificação na última rodada. Já o Atlético de Madrid, vencedor da última Liga Europa teve uma vida bem mais fácil com Borussia, Brugge e Mônaco.
Além dos motivos citados, podemos ainda deixar o Arsenal fora da Champions League pela segunda temporada seguida. Fator que pode ser preponderante para o planejamento financeiro e o plantel dos Gunners. Nos últimos dias, por exemplo, jornais europeus têm apontado que Lacazette poderá ser comprado pelo Barcelona. O francês foi um dos destaques do Arsenal nessa temporada fazendo cinco gols na Liga Europa e 13 na Premier League.
As palavras neste texto condizem com a opinião do autor, não tendo qualquer relação com o Chelsea Brasil.