O Chelsea conquistou sua primeira vitória na Premier League sob o comando de Frank Lampard. Os três pontos foram muito bem vindos para trazer ânimo a um time que precisará de muita confiança ao longo da temporada. Além disso, os resultados ruins atrapalhavam quem utilizava o patrocinador de apostas Eurocup e incomodavam bastante. O futebol jogado alterna momentos de encanto e de medo.
Ter um ídolo como treinador iniciante em um grande clube é um desafio e traz diversas reflexões ao torcedor. E é sobre essas reflexões que o Terceiro Tempo dessa semana tratará.
Primeiro Tempo: Problemas recorrentes
O primeiro triunfo na Premier League aconteceu na terceira rodada. Partida fora de casa contra o Norwich, vitória por 3-2 com dois gols de Tammy Abraham e um de Mason Mount. Todd Cantwell e Pukki marcaram para os donos da casa. Placar elástico que foi se alternando durante o jogo, os canários chegaram a empatar a partida duas vezes, e tiveram a oportunidade de empatar pela terceira vez, mas a bola bateu na trave.
Nenhum jogo do campeonato inglês é fácil. Mas é necessário que o Chelsea jogue de forma mais segura. Foram sete gols sofridos em apenas três jogos. Notam-se problemas no sistema defensivo dos Blues. Adversários conseguem atacar com certa facilidade.
É oportuno que a critica ao trabalho do Lampard seja feita após uma vitória. Vale lembrar que criticar não é falar mal. É dizer o que ainda pode melhorar. E a defesa está mal. O ataque ainda está em evolução, mas os atacantes estão adquirindo mais confiança e acertando mais a cada jogo. Já o sistema defensivo parece estar estagnado.
A impressão que fica é que o problema não passa exatamente pelos jogadores escolhidos para compor o sistema. Por mais que David Luiz tenha sido negociado no último dia da janela (com influência direta de Lampard), Rudiger ainda esteja voltando de lesão, e Kanté ainda não esteja 100%, toda a forma do time se postar na hora de defender ainda precisa melhorar. O lateral-direito Azpilicueta, um dos jogadores mais seguros defensivamente do Chelsea nas últimas temporadas, falhou em alguns gols sofridos pelo time. Zouma também. Mas há um espaço vazio muito grande entre a defesa e o meio campo, falta compactação entre as linhas. Isso facilita o ataque do time adversário e faz com que os defensores estejam mais expostos e susceptíveis a erros.
Esse é um problema que apenas o treinador deve solucionar. É responsabilidade de Frank Lampard. Por mais que seja um ídolo e esteja no início de sua carreira como técnico, é necessário que se cobre dele quando as coisas não dão certo dentro de campo. Lembrando novamente, cobrar não é pedir a cabeça. Longe disso. Mas é fundamental que os torcedores vejam uma evolução ao longo da temporada.
O elenco não é fraco. Não é um dos três mais fortes da Premier League, mas é um elenco competitivo. O Chelsea tinha muitos recursos entre emprestados e promessas da base, e finalmente chegou o momento de usá-los. O treinador tem que extrair o melhor de seus jogadores e criar um sistema competitivo e forte, tanto defensiva quanto ofensivamente.
Que essa seria uma temporada de desafios, os torcedores e a diretoria já sabiam. Mas isso não pode servir de muleta para que resultados não apareçam com o passar do tempo. O time fez boas partidas, o primeiro tempo contra o United foi bom, a final contra o Liverpool também. Mas vieram derrotas. Contra o Leicester a partida do time foi ruim, e até na vitória contra o Norwich, os erros de sempre apareceram.
Ainda tem muito tempo e muitas partidas para que a evolução apareça. E que Lampard faça esse time evoluir, pois ser ídolo não vai sustentá-lo como treinador se ele não se mostrar competente o suficiente para isso.
Segundo Tempo: Os jovens estão aparecendo
Quem acompanha o Chelsea a mais tempo sabe que sempre foi um desejo de boa parte da torcida ver os jovens jogadores do clube sendo aproveitados no time principal. A base sempre vitoriosa revelava alguns jogadores com potencial, mas a diretoria emprestava essas promessas e era muito difícil que eles lutassem pelo seu espaço com a camisa dos Blues.
Inclusive, era normal que pagassem caro em jogadores jovens de times menores da Europa, e eles tomassem o espaço daqueles formados no próprio clube. Diversos são os exemplos: Solanke, Musonda, Chalobah, Aké, Bertrand. Esses deixavam o time para que jogadores como Batshuayi, Drinkwater e Baba Rahman chegassem por um preço elevado. Por mais que a maioria dos citados não virassem no futebol, fica a dúvida se eles vingariam se tivessem mais oportunidades no Chelsea.
Com a punição, os Blues foram forçados a interromper esse processo. Com a renovação que era necessária naquele momento, os jovens precisariam chegar para ocupar o espaço de jogadores mais experientes que deixaram o clube. E aparentemente, a estratégia vai dar certo!
Para ser justo, na temporada passada alguns jovens formados no clube já foram aproveitados. Andreas Christensen, Loftus-Cheek e Callum Hudson Odoi foram peças importantes do Chelsea de Maurizio Sarri.
Porem, nesse ano, serão vários jogadores aproveitados. E já nessas primeiras partidas, Lampard mostrou que confia nesses atletas até para os jogos mais importantes. O treinador já usou Zouma, Tomori, Mason Mount e Tammy Abraham, além de outros jovens como Christensen e Pulisic. Até o meio campista Gilmour se destacou na pré temporada e foi convocado por Lampard para a final da Supercopa da UEFA.
E, vem dando resultado. Mason Mount fez gol nas duas últimas partidas e assegurou alguns pontos para o time. Tammy Abraham anotou dois tentos e comandou o time na primeira vitória da temporada. Pulisic fez boas partidas e deu assistências importantes, inclusive aquela para o Giroud na final contra o Liverpool.
Ainda está cedo para cravar, mas os jovens já ganham confiança e podem evoluir muito durante o ano, valorizando o clube e encontrando soluções para problemas antigos do elenco. Em breve Loftus-Cheek, Hudson-Odoi e Reece James voltarão de lesão e podem ser outras peças importantes para Lampard na temporada.
Confiança nos jovens, pois eles podem ser a salvação.
Prorrogação: “Problemas saudáveis” no elenco
Um elenco repleto de opções é tudo que um técnico deseja para a temporada. É o famoso “problema que todos os treinadores gostariam de ter”. No caso do Chelsea, poucos jogadores são unanimidade em suas posições, o que faz com que eles tenham que elevar cada vez mais o nível para conquistar seu lugar no time titular.
Para o gol, Kepa Arrizabalaga é absoluto. O jovem goleiro fez uma boa temporada de estréia e continua a fazer boas exibições atualmente. A opção no banco é Willy Caballero, que não ameaça muito o espanhol.
Na lateral direita, já há quem defenda que Reece James ganhará a posição de Azpilicueta. É o retrato da análise acima, pelo fato do capitão não fazer boas atuações recentemente, já faz com que a sombra do jovem inglês cresça. Para quem não conhece, James é um autêntico lateral direito, que ataca e defende com competência. Ele tem apenas 19 anos e se destacou na base do Chelsea e em seu empréstimo ao Wigan na temporada passada.
Já o espanhol, não precisa de muita apresentação, é um dos principais nomes dos Blues há alguns anos, e é um capitão sólido que veste a camisa com muito amor. Uma solução, pode ser mudá-lo para a zaga, uma vez que já jogou muito bem assim com Antônio Conte.
A dupla de zaga deverá ser definida depois de muitos testes. A princípio, Lampard tem usado Christensen e Zouma. Porém, Rudiger já está voltando de lesão, e deve ganhar chances como titular, há quem considere o alemão como o melhor zagueiro do time. Outra opção é Tomori, que era o titular do técnico na temporada passada com o Derby County. E por último, existe a opção de usar o Azpilicueta como zagueiro. Ele já fez uma temporada muito segura atuando nessa função, mesmo que fosse num sistema com três defensores, pode valer o teste.
A lateral esquerda parece ser cada vez mais de Emerson Palmieri. O ítalo-brasileiro vem sendo o escolhido de Frank Lampard e corresponde a altura. Vem bem na função. Porém, Marcos Alonso já chegou a ser eleito o melhor lateral esquerdo da Premier League, e pode agarrar a vaga caso tenha oportunidades. A competição é saudável ao clube.
No meio campo estará a maior dor de cabeça do treinador. Existem inúmeras opções e vai depender da formação que Lampard escolherá. Ele pode escalar 3 meias em um 4-3-3 por exemplo, ou pode contar com até 5 meias, num 4-2-3-1 mais defensivo. Vamos analisar por formação:
4-3-3
Esse esquema pode variar muito a posição dos meias. Pode usar como foi com Sarri, Jorginho organizando o time de trás, Kanté mais solto e Barkley, Kovacic, Mount, Bakayoko ou Loftus-Cheek. São muitas opções. Atualmente, Kanté e Cheek não estão na forma física ideal, mas assim que estiverem à disposição, Lampard poderá variar mais o seu meio campo para extrair o melhor de seus atletas. Nesse esquema, Barkley e Mount, por exmplo, não rendem tanto por serem meias mais ofensivos, que gostam de jogar mais próximos ao gol.
4-2-3-1
Com dois volantes e três meias mais ofensivos, esse esquema dá muitas opções ao treinador. Para jogar mais atés, Lampard teria Kanté, Jorginho, Bakayoko e Kovacic. Mais à frente, Mount e Barkley já atuaram centralizados ou pelas pontas. Loftus-Cheek também consegue fazer todas essas funções no meio. Enfim, são muitas opções para atuar na região do campo na qual poucos conhecem mais que o nosso treinador, um dos maiores da história na posição.
Para o ataque, o Chelsea conta com Pedro, Willian, Pulisic, Hudson-Odoi e Kenedy para as pontas. Desses nomes, até dois podem jogar juntos por partida. Odoi está voltando de lesão e deve ser uma das principais opções de Lampard para os lados. Já Pulisic começa bem a temporada e pode se tornar um dos jogadores mais importantes do clube. Por outro lado, a experiência dos camisa 10 e 11 podem pesar em algum momento dos campeonatos, e podem ser uma escolha segura do treinador para certos jogos.
Na função de camisa 9, são três opções: Abraham, Giroud e Batshuayi. Dai, a escolha é menos complexa. O que estiver fazendo mais gols jogará.