O carnaval chegou no Brasil. A folia nos quatro cantos do país segue até quarta-feira. Nesse contexto de festas, o Chelsea Brasil aproveito o momento para reviver mais uma partida histórica dos Blues.
O quadro de hoje será um pouco diferente do que havia sendo feito nesses especiais. Em vez de escolhermos apenas um jogo, nossa missão hoje é contar como foi o inesquecível duelo entre Barcelona e Chelsea na Champions League de 2004/2005. A decisão foi tomada pelo simples motivo: seria um pecado escolher entre um dos dois jogos para esse especial.
Queria ver outro jogo sendo relembrado aqui? Então deixe seu comentário com sugestões, críticas e pitacos sobre os futuros Partidas Históricas.
Barcelona 2×1 Chelsea – 23/02/2005 – Camp Nou
Na última semana do mês de Fevereiro de 2005, Os Blues enfrentariam o todo poderoso Barcelona de Ronaldinho, Samuel Eto’o e Deco pelas oitavas-de-final da Champions League 2004/2005. O time inglês havia se classificado em primeiro na fase de grupos, perdendo apenas uma partida na última rodada para o Porto por 2×1. Já o Barça avançou em segundo lugar, atrás do Milan de Kaká (que seria o finalista daquela competição) perdendo pra os italianos e para o Shakhtar Donetsk. Até aquele momento, as duas equipes haviam se encontrado cinco vezes, em toda história. Desses confrontos, três haviam sido vencidos pelo time catalão.
Esperado com ansiedade pelo mundo todo, o jogo de ida foi realizado no Camp Nou com casa cheia e a torcida fazendo um espetáculo à parte. Nos primeiros dez minutos de jogo, o Barcelona era só ataque e quase marcou em três oportunidades – duas dessas com o camaronês Eto’o. Porém, para a surpresa de toda a torcida da casa e do técnico holandês Frank Rijkaard, quem marcou primeiro foi o Chelsea. Lampard recebeu a bola antes do meio de campo e fez um lançamento fantástico para Duff que invadiu o flanco direito da área dos espanhóis e tentou direcionar a bola para Joe Cole, porém na tentativa do corte, o zagueiro brasileiro Belletti acabou tocando na bola e fez um gol-contra. Alegria dos ingleses e de Mourinho, que dirigia o time também naquela temporada.
A noite que tinha tudo para ser boa para o Chelsea acabou se transformando em pesadelo rapidamente depois da expulsão de Drogba. O craque marfinês já havia levado um cartão amarelo após falta no zagueiro Rafa Márquez, mas não esperaria levar outro após uma disputa de bola com o goleiro Valdés. No lance, o atacante acabou levantando demais o pé e o arqueiro espanhol. O árbitro sueco Anders Frisk não pensou duas vezes e mandou o goleador dos Blues pro chuveiro mais cedo.
A expulsão teve um efeito devastador para o Chelsea e eletrizante para o time espanhol. Renovado com confiança e um jogador a mais, Maxi López foi colocado em campo já no segundo tempo – pela primeira vez com a camisa do time e fez seu melhor jogo na temporada. Após cinco minutos em campo, López recebeu uma bola dentro da área aonde driblando Gallas mandou uma forte bomba para o gol de Petr Cech que nada pôde fazer para impedir o tento.
Sendo constantemente atacado, a dupla de zaga da equipe inglesa, Ricardo Carvalho e John Terry, fazia o que podia para evitar o bombardeio que sua equipe estava sofrendo no jogo, mas a virada seria inevitável de ser combatida. O mesmo López do primeiro gol dessa vez cruzou rasteiro para a área, Eto’o no meio de dois jogadores adversários conseguiu marcar o gol da virada.
Acometidos por uma derrota inesperada, o Chelsea teria que reverter o resultado negativo diante de sua apaixonada torcida no Stamford Brigde.
Chelsea 4×2 Barcelona – 08/03/2005 – Stamford Bridge
Mesmo com a vitória do Barcelona no jogo de ida, a decisão aconteceria em Stamford Bridge. A favor do Chelsea, o histórico de partidas sob o comando de José Mourinho. Desde sua chegada à Inglaterra, o treinador não havia perdido jogando em seus domínios. A torcida prometia aquecer ainda mais o caldeirão azul.
As duas equipes iam a campo com desfalques. Pelo lado azul, Didier Drogba – expulso no primeiro jogo – dava lugar a Mateja Kezman. Com a ausência do marfinense, o Chelsea mudava também a formação. Do 4-3-3 passava para o 4-4-2, com Joe Cole e Eidur Gudjohnsen fazendo os wingers e Kezman como referência.
Do lado espanhol, Oleguer substituía o zagueiro lesionado, Rafael Marquez. No ataque, o herói da primeira partida Maxi Lopez ficou no banco, dando lugar a Samuel Eto’o. Ludovic Giuly não se recuperara a tempo e Andres Iniesta foi a opção para o jogo.
Anfitrião da partida, o Chelsea foi a campo com Cech; Paulo Ferreira, Carvalho, Terry, Gallas; Makelele, Lampard, J. Cole; Duff, Gudjohnsen, Kezman. O Barça, de Frank Rijkaard ia com Valdes; Belletti, Puyol, Oleguer, van Bronckhorst; Xavi, Gerard, Deco; Iniesta, Ronaldinho, Eto’o.
Com a bola rolando, o Chelsea foi pra cima querendo reverter a desvantagem da primeira partida. E com menos de 20 minutos o placar marcava 3-0 para o Chelsea. Aos sete, Gudjohnsen anotou o primeiro. Kezman foi lançado em profundidade pela direita, avançou na velocidade e cruzou para o islandês. Gudjohnsen deu um corte em Oleguer e tocoupara balançar as redes de Valdes. Um a zero no placar, 2-2 no agregado.
A pressão dos Blues só aumentou após o gol. Da lateral do campo, Rijkaard viu Lampard quase aumentar o placar. Após cobrança de escanteio, uma confusão na área e o meia chutou por cima do gol.
Pouco depois, aos 16 Lampard aumentou a vantagem do Chelsea. Numa belíssima jogada de Joe Cole, a zaga do Barcelona ficou perdida. O camisa 10 azul chutou para defesa de Valdes e no rebote, Lampard empurrou pras redes.
Desorganizada e completamente aturdida, a defesa do Barcelona sofreu outro gol. Dois minutos após o tento de Lampard, Duff marcou o terceiro. Carvalho rebateu uma bola da defesa, numa tabela rápida no meio de campo, Lampard lançou Duff em profundidade e o irlandês não deu chances pra Valdes.
A reação do Barcelona começou com o chute de Eto’o de fora da área. Cech fez uma bela defesa e evitou o gol dos espanhóis. Na cobrança do escanteio, Ronaldinho sozinho quase marcou.
O gol do Barça veio com o mesmo Ronaldinho que assustara Cech. Em bola lançada da esquerda para a área do Chelsea, Paulo Ferreira meteu a mão na bola. Pênalti marcado, Ronaldinho foi para a cobrança e descontou, na cobrança, Cech quase alcançou.
O Chelsea levava perigo constante nos contra-ataques. Mas foi forçado a se reorganizar taticamente para equilibrar forças no meio de campo. Lampard ficou mais centralizado com Makelele a frente dos zagueiros e Duff também no meio, ajudando na marcação.
Mas a precaução de Mourinho não evitou o segundo gol do Barcelona. Mesmo com quase um time a sua frente, Ronaldinho sambou e colocou a bola onde Cech não conseguiria chegar. Um belo gol do brasileiro, que igualava o placar agregado: 4×4.
Após cinco gols em menos de 40 minutos, o público em Stamford Bridge viu duas equipes buscando marcar gols, mas o primeiro tempo terminou em 3×2.
Na volta para os últimos 45 minutos, o jogo continuou disputado. Barcelona e Chelsea alternavam ataques perigosos e faziam um jogo pegado, com os jogadores indo com vontade de vencer a cada bola disputada.
Cech e Valdes alternavam grandes defesas e ambas as torcidas ficavam com o grito de gol entalado na garganta. Aos 75 minutos de partida finalmente uma torcida pôde celebrar mais um gol anotado em Stamford Bridge. E os fanáticos em questão foram os anfitriões que lotaram o estádio.
Após cobrança de escanteio de Duff, Terry subiu sozinho e cabeceou a bola, indefensável para Valdes. Explosão em Londres, Chelsea em vantagem no agregado: 5×4. Os últimos 15 minutos seriam de muita emoção.
Rijkaard mexeu no Barcelona, buscando mais ofensividade ao time. Enquanto Mourinho soube jogar com as peças e colocou sua equipe para manter a vantagem. Pressão, ataques, contra-ataques e a partida terminou com vitória azul.
Após 93 minutos (somando os acréscimos), o Orgulho de Londres saia vitorioso em uma partida memorável. A imprensa europeia na época chegou a dizer que o primeiro tempo de Chelsea 4×2 Barcelona foi o melhor dos últimos 20 anos. A certeza para quem acompanhou o duelo foi que encontros entre os Blues e o Barça sempre rendem excelente jogos.
Produzido por: Kris de Lima e Maria Akemi