Partidas Históricas: do inferno ao céu, a virada sobre o Napoli e a caminhada ao título

Partidas históricas

A campanha do Chelsea na Champions League 2013/2014 ganhou ainda mais emoção nos duelos contra o Paris Saint-Germain. Os confrontos contra os franceses fizeram a torcida lembrar que nada é impossível desde a virada histórica contra o Napoli, em 2011/2012 quando os Blues se sagraram campeões da Europa.

Tanta semelhança levou a equipe do Chelsea Brasil a rememorar as partidas contra napolitanos na competição europeia. As semelhanças – derrota na primeira partida e virada no jogo de volta, em Stamford Bridge; isso pode representar para os mais supersticiosos, a repetição de uma campanha vitoriosa na Champions League. Predestinação ou não, vale a pena lembrar como os Blues fizeram o “impossível” e viraram um jogo praticamente perdido. Ali era o início da virada do que parecia uma temporada fadada ao fracasso e que terminou de maneira vitoriosa.

Oitavas-de-final: 21/02/2012 – San Paolo

André Villas-Boas viu seu inferno astral aumentar no estádio San Paolo
André Villas-Boas viu seu inferno astral aumentar no estádio San Paolo

Napoli: De Sanctis; Aronica, Campagnaro, Zuniga, Cannavaro; Maggio, Hamsik (Pandev 82), Gargano, Inler; Cavani e Lavezzi (Dzemaili 74).

Chelsea: Cech; Ivanovic, David Luiz, Bosingwa (Cole 12), Cahill; Ramires, Malouda (Lampard 70), Meireles (Essien 70), Mata; Drogba e Sturridge.

Temos plena consciência de que não estamos nas quartas-de-final ainda. Vimos que o Chelsea tem grandes jogadores que podem facilmente marcar dois gols em casa. Eu estou feliz por já termos jogado na Inglaterra, na fase de grupos contra o Manchester City. Pelo menos sabemos mais ou menos o que esperar em Londres”  Walter Mazzari, treinador do Napoli após a vitória de 3×1 na Itália.

À época do primeiro jogo contra o Napoli, pelas oitavas-de-final da Champions League de 2011/2012, o Chelsea era comandado por André Villas-Boas. O treinador português não vivia bom momento na Premier League, além de somar problemas de convivência com jogadores dos Blues.

Villas-Boas chegava ao Estádio San Paolo pressionado por bons resultados, mas apesar da necessidade de vitória, o treinador colocou peças como Ashley Cole e Frank Lampard no banco de reservas.

A partida teve um começo equilibrado. O gol de Juan Mata – o amuleto dos Blues naquela temporada – aos 27 minutos parecia encaminhar o time de Londres para uma partida mais tranquila, porém o Chelsea recuou e as consequentes falhas da equipe resultaram na virada do Napoli antes do intervalo.

Gols de Lavezzi pareciam o fim para o Chelsea
Gols de Lavezzi pareciam o fim para o Chelsea

Porém, a virada do Napoli ainda no primeiro tempo – em falhas da defesa azul – mostravam que a vida do Chelsea não seria fácil na Itália. Aos 39 Ezequiel Lavezzi empatara a partida, em um belo chute. Dois minutos depois, Edinson Cavani virou o jogo.

A segunda etapa da partida foi inteiramente dominada pela equipe de Walter Mazzari. Sem reagir, o Chelsea sofria com o ataque do Napoli. Nem mesmo as entradas de Lampard e Michael Essien equilibraram a partida.

Aos 65, a dupla Cavani Lavezzi mais uma vez infernizou a defesa do Chelsea e o argentino ampliou a vantagem do Napoli. A derrota por 3-1 significou lucro para os Blues, que assistiram a uma bela partida tática dos italianos.

Ao fim da partida, o pessimismo tomou conta da imprensa inglesa e era visível na expressão dos jogadores que o título da Champions estava distante. A demissão de André Villas-Boas após a derrota para o West Bromwich-Albion na Premier League era a prova de que as coisas não iam bem em Stamford Bridge, mas o destino reservava algo mais para o Chelsea na partida de volta contra o Napoli…

 

Oitavas-de-final: 14/03/2012 – Stamford Bridge

O gol de Ivanovic provou que nada é impossível
O gol de Ivanovic provou que nada é impossível

Chelsea: Cech; Ivanovic, A. Cole; David Luiz, Terry (Bosingwa 98); Essien, Ramires, Lampard, Mata (Malouda 95); Drogba e Sturridge (Torres 63).

Napoli: De Sanctis; Aronica (Eduardo Vargas 110), Campagnaro, Zuniga, Cannavaro; Maggio (Dossena 36), Hamsik (Pandev 106), Gargano, Inler; Cavani e Lavezzi.

[A desvantagem] de dois gols é mais difícil de recuperar, mas não impossível” André Villas-Boas, treinador do Chelsea na derrota para o Napoli.

Depois da derrota em Nápoles, o Chelsea tinha uma complicada missão em Stamford Brigde: vencer a talentosa equipe italiana por no mínimo dois gols de diferença. Substituindo Villas-Boas, Roberto Di Matteo fazia apenas seu terceiro jogo no comando da equipe – vindo de vitória sobre o Birmingham City na FA Cup e Stoke City na Premier League – tinha a missão de colocar os Blues no “eixo” até o final da temporada.

A declaração de Villas-Boas após a derrota em San Paolo servia de inspiração para a equipe: não era impossível reverter a vantagem do Napoli. Com as duas equipes em ótima fase, a partida começou com boas chances de ambos os lados sendo assim um ótimo “cartão de visitas” para quem gosta de um bom futebol. Apesar de a pressão ser toda dos Blues, o time napolitano conseguiu encaixar ótimos contra-ataques, colocando mais emoção na partida.

Espírito guerreiro dominou equipe do Chelsea (Foto: FoxSports)
Espírito guerreiro dominou equipe do Chelsea (Foto: FoxSports)

Se por um lado, Didier Drogba fazia o goleiro Morgan De Sanctis trabalhar, do outro Marek Hamsik, Edinson Cavani e Ezequiel Lavezzi também levariam riscos a meta de Petr Cech. O arqueiro dos Blues mais uma vez mostrava o porquê de ser ídolo e considerado um dos melhores goleiros do mundo, ao salvar de forma brilhante o que seria o gol de Hamsik.

A partida ganhou tons mais dramáticos quando o gol de Daniel Sturridge foi anulado aos 16 minutos. Mas aos 28, o Chelsea finalmente abriu o placar. Ramires fez um belo cruzamento da esquerda, que encontrou a cabeça de Drogba. O marfinense se antecipou marcador e deu o primeiro passo para a virada dos anfitriões. Faltava somente mais um! O gol animou o Chelsea e incendiou mais ainda a torcida londrina, que viu o mesmo Drogba quase fazer o segundo ainda na primeira etapa.

Torcida viu o impossível ser derrotado (Foto: Getty Images)
Torcida viu o impossível ser derrotado (Foto: Getty Images)

Ainda extasiados, os Blues voltaram para o segundo tempo com mais perseverança. Isso resultou no segundo gol aos 2 minutos: Após cobrança de escanteio de Frank Lampard, a bola passou raspando na cabeça de Drogba e achou o zagueiro John Terry. A bola encobriu o goleiro De Sanctis, estufando as redes e explodindo a torcida azul de emoção.

Vendo a classificação cada vez mais nas mãos do Chelsea, o Napoli resolveu partir com tudo ao ataque e provocar as mais diversas reações dos torcedores ingleses. Com brilhantismo, o time italiano precisou de apenas sete minutos para reverter a vantagem.

Depois de um cruzamento do lado esquerdo, Terry cortou de cabeça para a meia-lua da grande área. Nesse local, Gokhan Inler dominou no peito e bateu de primeira para o fundo da rede. A bola passou entre três defensores do Chelsea e impossibilitou a defesa de Cech. O drama continuava em Stamford Bridge!

As duas equipes continuavam atacando sem parar, mas o time inglês ainda precisava de mais um gol. Em um dos diversos ataques do Chelsea, Andrea Dossena acabou colocando a mão na bola dentro da área napolitana e obrigou o árbitro alemão Felix Brych marcar o pênalti. Nesse instante, o marcador em Londres apontava 75 minutos de jogo.

Mão de Dossena foi decisiva para Chelsea (Foto: Zimbio)
Mão de Dossena foi decisiva para Chelsea (Foto: Zimbio)

Sem titubear e mostrando seu poder de precisão já conhecido pelo futebol mundial, Lampard bateu forte no canto esquerdo e marcou o terceiro gol. O placar estava agora igual ao jogo de ida na Itália, 3 a 1 para os mandantes. De forma frenética o jogo chegava aos seus últimos minutos e as duas equipes corriam atrás de um gol que naquele momento daria números finais e decisivos a partida. Sem mais nenhum tento por ora, o jogo chegaria a prorrogação.

Mesmo com todo o cansaço dos times, o jogo permanecia com o mesmo ritmo acelerado na prorrogação. Tanto Hamsik quanto Fernando Torres perderiam chances claras de gol na primeira etapa do tempo extra. Primeira etapa essa que terminou com o gol decisivo que o Chelsea tanto precisava para a classificação.

Aos 14 minutos do primeiro da prorrogação, Ramires fez uma bela jogada que ao enganar dois jogadores do Napoli tocou para Drogba. O camisa 11 se virou e cruzou rasteiro na área, onde quase na marca do pênalti, Branislav Ivanovic mostrou categoria de atacante e fuzilou a rede adversária. Com o gol, Stamford Brigde viria abaixo e um misto de emoções tomou conta das arquibancadas, banco de reservas e no restante do globo.

Agora o Chelsea tinha 15 minutos para segurar o resultado. Ao time italiano restava buscar um gol salvador para a classificação. Mais uma vez se lançando ao ataque e promovendo duas alterações na equipe, o Napoli não conseguiu evitar a eliminação que outrora parecia difícil de acontecer.

Com o apito final do árbitro, a festa estava feita. Roberto Di Matteo que até então se mostrou impassível na sua área técnica, invadiu o campo e com um entusiasmo nunca visto, abraçou vários jogadores os coroando como guerreiros. Na entrevista pós-jogo, Robbie explicou quais foram os ingredientes cruciais para a vitória:

“O desempenho de toda essa equipe foi excelente – não apenas dos jogadores mais experientes, mas no desempenho coletivo […] Nós mostramos paixão, qualidade e espírito de equipe – e isso é o que precisávamos para passar”.

Segundo os torcedores do maior de Londres, essa partida foi uma das mais simbólicas na campanha da Champions League daquela temporada, que culminou com o título dos Blues.

Produzido por: Kris de Lima e Maria Akemi

Category: Conteúdos Especiais

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Article by: Chelsea Brasil

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