Com a Copa do Mundo a pleno vapor, o Chelsea Brasil vem trazendo reportagens diárias sobre o desempenho dos jogadores blues no Mundial. O site oficial, por sua vez, está criando uma série de reportagens a respeito dos jogadores do clube em outras edições da Copa, que iremos trazer em primeira mão para o público brasileiro.
Antes de 1998, quando a França – que incluía Frank Lebouef e o recém adquirido Marcel Desailly – levantou o troféu em casa, nove jogadores do Chelsea participaram de Copas do Mundo, desde a aparição de Roy Bentley em 1950.
A crescente natureza cosmopolitana, tanto do futebol na Inglaterra quanto das nossas equipes propriamente ditas, implicaram num aumento de participação de jogadores blues nos Mundiais a partir de 1998 – foram dez jogadores do Chelsea na edição da França, cinco em 2002, 15 em 2006 e 12 em 2010.
Na primeira parte dessa série de reportagens, o foco será nos blues que apareceram nas Copas de 1950 e 1958, começando no Brasil, onde, assim como neste ano, os anfitriões são os favoritos para levantar o troféu.
1950
A Segunda Guerra Mundial impediu Copas do Mundo planejadas para os anos de 1942 e 1946, e, no meio de tanta devastação, a FIFA, compreensivelmente, teve que desprender tempo e esforço para voltar aos trilhos. No fim das contas, apenas 13 Seleções competiram no Brasil. França, Índia, Escócia e Turquia desistiram de última hora, enquanto Japão e Alemanha, ainda sob ocupação, foram proibidos de participar do evento.
A Inglaterra estava estreando nas Copas do Mundo, tendo saído da FIFA em 1928. As expectativas eram altas, com o seu time contando com as superestrelas da época: Stanley Matthews, Billy Wright, Tom Finney, Jackie Milburn e o nosso Roy Bentley. O jogador, na época com 26 anos, tinha acabado de completar a sua temporada mais produtiva em Stamford Bridge, marcando 23 gols em todas as competições. Ele também ajudou o Chelsea a chegar nas semifinais da FA Cup pela primeira vez desde 1932.
Tendo acontecido um ano após o desastre aéreo da Superliga em que o time inteiro do Torino morreu no acidente, a Itália escolheu ir para o Brasil de navio. A Inglaterra voou, numa maratona de 31 horas, incluindo paradas em Paris, Lisboa, Dakar e Recife. Pousando no Rio, três homens com máscaras de gás subiram a bordo e borrifaram pesticida no avião.
Apesar das condições suspeitas no Brasil, incluindo vestiários infestados por ratos, a Inglaterra fez uma boa estreia, vencendo o Chile por 2-0, num Maracanã metade construído, metade vazio. Bentley liderou uma formação WM – que era efetivamente um 3-4-3 – e, de cabeça, quase abriu o placar. The Times escreveu que “Mannion, Mortensen, Bentley e Wright foram proeminentes para a Inglaterra, que foi o melhor time”.
O choque do torneio – até, pelo menos, a derrota do Brasil para o Uruguai, na partida que era equivalente a final – foi em seguida. As coisas não foram bonitas para a Inglaterra: num estádio antigo em Belo Horizonte, perderam por 1-0 para os Estados Unidos, que tinham um time de jogadores amadores que haviam perdido as sete últimas partidas internacionais, desde a Copa de 1934. Apesar de inúmeras chances para a Inglaterra – incluindo de Bentley, que parou no goleiro adversário -, foi o haitiano que jogava pela equipe americana, Joe Gaetjens, quem marcou o gol da partida. “Provavelmente nunca antes o time da Inglaterra jogou tão mal”, disparou o repórter do The Times.
No último jogo da Inglaterra, uma derrota por 2-0 frente a Espanha que encerrou a participação inglesa no torneio, Bentley não foi escalado.
1958
Nenhum jogador do Chelsea foi convocado para o time final da Copa de 1954, então Peter Brabrook foi o próximo representante dos Blues no torneio, na edição de 1958, na Suécia. Ao lado de Peter Sillett, Brabrook esteve no banco durante os três jogos da fase de grupos da Inglaterra, todos terminando em empates.
Nosso avançado, que fez mais de 250 aparições pelos Blues durante a sua passagem de sete anos em Stamford Bridge, começou jogando no play-off contra a União Soviética. Empatados em pontos no grupo, o resultado determinaria qual dos lados avançaria para as quartas-de-final.
A noite foi frustrante em Gothenburg, com Brabrook sendo o jogador mais sem sorte por não ter marcado, tendo atingido a trave duas vezes e tendo um gol anulado. Com a derrota por 1-0, a Inglaterra encerrou as suas aspirações na Suécia. Depois disso, só após 12 anos um jogador do Chelsea participaria de uma Copa do Mundo novamente.