O status alcançado pelo Chelsea como uma das maiores equipes da Europa foi construído ao longo dos anos. A pedra fundamental veio em 2004/2005. Era apenas a segunda temporada da “Era Abramovich”. Ambicioso fora de campo, os Blues iniciaram a caminhada rumo ao primeiro título em mais de 50 anos.
16 anos separam o Chelsea atuou daquela máquina destruidora de rivais e recordes. E o primeiro jogo daquela temporada faz aniversário neste dia 15 de agosto. O Na História dessa semana relembra aquele duelo. Para quem não recorda, 2004/2005 marcava o primeiro compromisso do contrato assinado com José Mourinho.
O português desembarcou em Londres trazendo no currículo a Champions League de 2003/2004 com o Porto. De início o “Special One” foi ao mercado e montou seu Chelsea ideal. Sem pensar duas vezes Abramovich injetou mais de £70 milhões nas contratações solicitadas.
A princípio chegaram os desconhecidos Petr Cech (goleiro), Arjen Robben (ataque) e Didier Drogba (ataque). Do mesmo modo dois rostos já familiares do Special One, Ricardo Carvalho (zaga) e Paulo Ferreira (lateral-direita) também vieram. Aquele verão era de fato promissor aos Blues e os reforços alçaram o Chelsea a forte candidato ao título. Apesar da desconfiança dos críticos, quando a bola rolou, o olhar torto dos “antis” se rendeu a um dos melhores Chelsea já visto.
Mourinho promoveu dança das cadeiras em Londres
Além dos nomes já conhecidos dos Blues, Mourinho também foi às compras por atletas como Mateja Kezman, Tiago, Nuno Morais e Jiri Jarosik. Por outro lado, outros jogadores os quais brilharam no passado deixaram Stamford Bridge. Winston Bogarde, Juan Sebastián Verón, Marcel Desailly, Jimmy Floyd Hasselbaink, Mikael Forssell, Mario Melchiot, Emmanuel Petit, Mario Stanić, Jesper Grønkjær, Carlton Cole, Hernán Crespo, Boudewijn Zenden, Neil Sullivan e Marco Ambrosio. Eles, ou foram dispensados ou negociados. Sendo assim, Mourinho chegou e mostrou: “a partir de agora construirei um novo Chelsea”. E o português teve êxito nesse processo.
Jogo de abertura da Premier League
Encerradas das compras e a pré-temporada, Mourinho fez sua estreia no Stamford Bridge no dia 15 de agosto de 2004. 41,813 torcedores acompanharam a vitória por 1×0 contra o Manchester United, de Sir Alex Ferguson. As escalações daquele domingo foram as seguintes:
Chelsea: Cech, Paulo Ferreira, Gallas, Terry, Bridge, Geremi, Makelele, Lampard, Smertin, Drogba, Gudjohnsen. Reservas: Cudicini, Mutu, Kezman, Parker, Ricardo Carvalho.
Man Utd: Howard, Silvestre, Gary Neville, Keane, Fortune, Miller, O’Shea, Djemba-Djemba, Giggs, Scholes, Smith. Reservas: Ricardo, Phil Neville, Bellion, Richardson, Forlan.
Em suma, a BBC relatou que o resultado foi “duro” para o United. O motivo? Os visitantes pressionaram, porém não souberam converter suas chances. Em contrapartida, Eidur Gudjohnsen marcou o único gol aos 14. Geremi roubou a bola no meio-campo e lançou Drogba.
Por fim o Rei de Wembley passou para o islandês fuzilar Tim Howard. O United tinha mais posse, pressionava e não conseguia igualar. Já o Chelsea chegava com perigo e por pouco Frank Lampard não ampliou a vantagem, de falta, antes do intervalo. A etapa final parecia um repeteco dos 45 minutos iniciais.
Nem mesmo as mexidas de ambos os treinadores modificaram o cenário. Alan Smith e Ryan Giggs tentaram, sem sucesso. A defesa demonstrava ser difícil vazá-la naquela edição. Por sinal, falando nas mexidas, Carvalho e Kezman também foram a campo e estrearam oficialmente pelos Blues. Apito final, 1×0 Blues. Não foi o início brilhante. O melhor ainda estava por vir…
Recado do Special One
Ao final do jogo Mourinho falou com a imprensa. “United foi infeliz por não [pontos], mas também penso que nosso desempenho merecia três pontos. Quando Mikael Silvestre [atleta do United] diz que não tivemos tempo de criar o espírito esportivo, ele está enganado”, disparou o português.
Ou seja, para o Special One, aquele time infernizaria os adversários por muito tempo. “O grupo tem sido fantástico desde o dia que cheguei. Nós temos uma mentalidade de time. Disse aos atletas que teríamos que vencer esse jogo, porque seriam três pontos contra um adversário direto”, afirmou.
Temporada marcada por recordes
Para muitos a equipe de 2004-2005 dos Blues é a melhor já vista em Londres. Não acredita? Esse grupo de Mourinho foi um rolo compressor de recordes. Ao término da temporada o Chelsea somou impressionantes 95 pontos. Sabe quando tal marca conseguiu ser superada? Apenas na temporada 2017/2018 quando o Manchester City alcançou 100 pontos.
Foram 38 partidas, 29 vitórias, uma única derrota e oito empates. O ataque azul marcou 72 gols e sofreu 15. Por pouco os Blues não finalizaram a temporada invicta. Por ironia do destino o Manchester City foi a única equipe a derrotar o Chelsea naquela Premier League (1×0 fora de casa com gol de Nicolas Anelka, aos 11 de pênalti).
Acha que foi pouco? O Chelsea terminou 2004/2005 somando o maior número de vitórias fora de casa (15), mais clean sheets (25), menos gols sofridos fora de casa (9), mais vitórias na temporada (29) e por fim, menos gols na competição (15).
Premiações
Obviamente que o Chelsea dominou as premiações individuais da Premier League. Cech levou a Luva de Ouro e esteve na Seleção do Ano ao lado de Lampard, Terry e Robben. Terry foi eleito Melhor Jogador da Temporada pelos atletas. Em síntese, no que diz respeito a Mourinho, o português merecidamente foi eleito Treinador do Ano. Antes já havia conquistado o prêmio de Treinador do Mês por duas vezes (Novembro e Janeiro). Justiça, afinal o elenco refletia tudo que a mente do Special One produzia.
Ano espetacular de um certo camisa 8
Por fim, Lampard foi eleito pela torcida como Melhor da Temporada. O camisa oito também foi reconhecido pela imprensa como Jogador do Ano. Nesse sentido o atual treinador encerrou 2004/2005 como artilheiro da equipe (19 gols) e com mais partidas no ano (58). Dessa forma, ainda levou o prêmio de Melhor Atleta da Premier League. E não por menos foi o eleito Segundo Melhor Jogador do Mundo em 2005.