Muito se dizia antes da chegada de Kai Havertz, inclusive por este que vos fala, sobre o futuro de Mason Mount. Alguns professavam que seria o fim do inglês, mas outros afirmavam que a vinda do alemão não era necessária. Entretanto, apesar de toda a discussão, os dois estão atualmente no clube e jogando juntos em várias oportunidades. Inclusive poderão atuar contra o Leeds neste sábado (5).
Portanto, isso abre um leque de opções para Frank Lampard e abre novamente uma discussão famosa no futebol: eles podem jogar juntos? A história diz que, normalmente, jogadores da mesma posição não podem atuar como titulares sem prejudicar um deles ou ambos. Contudo, no caso dos jovens, a sua versatilidade e a ideia de jogo do manager podem fazer toda a diferença na combinação. É isto que o Lupa Tática de hoje abordará.
Então, se você quer saber como a dupla pode encaixar no time titular, continue lendo.
Mudança de esquema ensaiada
Desde a temporada passada, Lampard já vinha demonstrando seu interesse em uma formação com dois “camisa 8” jogando juntos. Assim, a tática foi experimentada várias vezes, com diversas peças. Todavia, os resultados foram menos do que definitivos e nada lisonjeiros. Ruben Loftus-Cheek e Barkley, apesar de bons jogadores, não cumpriam com a função desejada pelo treinador. Já Jorginho, Mateo Kovacic e N’golo Kanté não tinham o “cacoete” ofensivo para ocupar a faixa do gramado.
A despeito dos críticos, aparentemente foi por conta disso que o Chelsea buscou a contratação de Havertz na última janela de transferências. O jovem meia é a versão alemã da joia inglesa que veste a camisa 19. Assim, Lampard tinha nas mãos dois diamantes que pareciam se anular em teoria. Mas, na prática, não foi isso que aconteceu.
Ambos começaram bem a temporada. Apesar do destaque ir para Mount, mais adaptado, Havertz mostrou eficiência nas assistências e gols. Ou seja, o tapete vermelho foi colocado para o antigo 4-2-3-1 dar vez ao 4-3-3 com dois meias ofensivos. Entretanto, o esquema tem algumas desvantagens.
Ofensivo demais?
A formação ainda tem de se provar contra equipes mais qualificadas ofensivamente. Além disso, contra times que gostam de jogar mais avançados e com marcação alta, a falta de um outro meio-campista de marcação pode gerar resultados indesejáveis. Entretanto, enquanto nem Jorginho nem Kovacic possuem o poderio defensivo ideal para atuar na vaga, Kanté parece ter se adaptado satisfatoriamente à função.
Apesar de promissora, a nova tática precisa de treinamento e de coordenação dos meias com os pontas para não deixar o time desprotegido. Portanto, Hakim Ziyech e Christian Pulisic devem dialogar e alternar com os meias na fase defensiva. Mas, é na fase ofensiva que esse 4-3-3 se destaca, dando opção dos Blues atacarem com até sete jogadores de uma só vez com o avanço simultâneo dos laterais.
Estilos distintos, qualidades semelhantes
Outro fator que pode contribuir para o sucesso da dupla é o fato de que ambos são jovens e versáteis. Por exemplo, Mount pode jogar nas duas pontas, como meia ofensivo e como meia central, em vários desenhos táticos. Por outro lado, Havertz coleciona, além das funções do colega de time, a capacidade de atuar como centroavante, segundo atacante ou falso 9.
Apesar dessas semelhanças, o inglês é mais passador e o alemão mais finalizador. Enquanto o camisa 19 busca mais o jogo e é extremamente ativo na construção, o camisa 29 flutua mais para perto do centroavante e infiltra com maestria na grande área. Contudo, um sabe fazer as vezes do outro com tranquilidade. Assim, a parceria continua equilibrada.
O que será do meio de campo?
Desde a contratação de Kanté e, posteriormente, com a chegada de Kovacic e Jorginho, o meio de campo azul contou com mais opções do que as vagas em campo. Ou pelo menos é o que dizem as partidas em que os três jogaram juntos. Isso levou inclusive ao questionamento se poderiam atuar ao mesmo tempo. Todavia, com a nova dupla de ouro que se forma entre inglês e alemão, os dias de algum deles podem estar contados. Pelo menos dos dias da trinca jogando junta.
Assim, parece que o futuro do meio-campo dos Blues será definido pela quantidade de fé que Lampard depositará na dupla. Será que o time será montado em torno dos dois jogadores ou a formação é só mais uma dentre as várias que a profundidade de elenco agora permite? Eu pessoalmente acredito na segunda hipótese. Contudo, para a parceria funcionar, quando jogarem juntos, o manager deve sim montar o time ao redor deles.
Rivalidade inexistente
Alguns jornais apontaram ambos os atletas como rivais, ou até mesmo desafetos. Apesar de já terem se enfrentado algumas vezes, inclusive pelas categorias de base de seus países, não existe problema nenhum entre as promessas. Muito pelo contrário. Entretanto, hierarquicamente, é natural que Mount esteja um pouco na frente de Havertz. Mas, não pela qualidade, e sim pelo tempo de clube, entrosamento com os companheiros, idioma etc. Portanto, o torcedor do Chelsea pode comemorar porque, pela primeira vez em muito tempo, temos um elenco maior que 11 jogadores e pelo menos meia dúzia de formações possíveis.
Deixe um comentário ou compartilhe com outros torcedores se gostou do conteúdo. Perdeu alguma edição do Lupa Tática? É só clicar aqui.