O meio-campista do Blues, Kai Havertz, foi elogiado por seu gesto de Natal com os antigos companheiros do Bayer Leverkusen.

Lupa Tática: Kai Havertz precisa de liberdade e atuação próxima ao gol

A liberdade e atuação próxima ao gol são condições que devem ser observadas na implementação de Kai Havertz ao Chelsea. O time londrino incorporou características de uma equipe com fluidez, transição rápida e de posse de bola. Consequentemente, esse modelo de jogo é consonante e justifica a aquisição do jovem alemão para a temporada 2020/2021. A versatilidade é palavra-chave para Havertz. Por isso, versatilidade também é a palavra-chave da edição de hoje da Lupa Tática.

Recentemente, a Bundesliga publicou um vídeo com os gols de Kai Havertz. Quem assistiu os cinco primeiros gols da publicação observou algo em comum. Primeiramente, a proximidade com a área e, em segundo momento, o leque de possibilidades quanto ao posicionamento do alemão. Essa situação também é observada nos cinco últimos gols do vídeo, todos de autoria do atleta na temporada 2019/2020. Deste modo, iniciemos a Lupa Tática.

Kai Havertz e seu posicionamento

A conclusão é a necessidade de liberdade de atuação, a rapidez e aproximação do gol adversário. Kai Havertz não precisa estar fixado entre os zagueiros, longe disso, ele precisa se deslocar e ser deslocado. Um time que atrela dinamicidade ao sistema ofensivo, aumenta suas chances de sucesso com Kai Havertz.

Deste modo, o alemão pode ser 8, 9 ou 10, taticamente falando. Honestamente, ele pode desempenhar muitas ações dentro do sistema ofensivo do Chelsea. Principalmente, por causa do leque de possibilidades existentes no plantel londrino. Lembre-se que Lampard foi um camisa 8, de chegada, de muitos gols e aproximação. Havertz tem alguns atributos de referência ofensiva e, ao mesmo tempo, de “atacar o espaço”. Por outro lado, vejo o atleta alemão distante de um 10 clássico, pelo o que ele fez no Leverkusen e pelas considerações de Lampard. Embora essa escolha vai depender muito do desejo de Frank Lampard e de um contexto situacional.

Os cinco primeiros gols de Kai Havertz

O primeiro gol aponta Havertz dentro da área e a finalização, com a perna esquerda, para o fundo do gol do Wolfsburg. A liberdade para finalização é visível, mas isso vai contrastar com as situações apresentadas nos demais tentos. Sem o devido acompanhamento e encontrando buracos na linha defensiva, Havertz está no lado esquerdo. Com o passe “esticado”, ele tem liberdade e espaço para concluir em gol. Gol do Leverkusen contra o Wolfsburg, na temporada 2016/17, empate em 3 a 3.

2º gol

O segundo tento é uma cobrança de escanteio no “primeiro poste” e o cabeceio de Havertz no contrapé do arqueiro do Ingolstadt. Havertz é um atleta alto, tem 1,89, e é ágil. Claro que com essa altura, ele vira um alvo de marcação para os zagueiros adversários. Por outro lado, isso promove a reflexão sobre um posicionamento estático do atleta. Se ele estiver “fixado”, será um alvo mais fácil do que movimentando e flutuando. De toda forma, Havertz conseguiu se deslocar até o “primeiro pau”, e resvalar na bola. Além disso, perceba que o nº 33 do Ingolstadt faz a marcação olhando a bola e não percebe a movimentação de Havertz. Gol do Bayer no empate em 1 a 1, contra o Inglosdadt.

3º gol

Posteriormente, o terceiro tento mostra Havertz no lado direito do ataque, em movimentação e a realização do “1-2” com o companheiro de Leverkusen. Vai reiterar que o pivô não é Kai Havertz, ele inicia o “1-2”, aciona o pivô e finaliza de pé direito contra o Hertha Berlin. Além disso, o cenário do terceiro gol é um cenário muito diferente do primeiro gol. Primeiramente, repare o lado de início da jogada. Em segundo momento, vale a percepção quanto a finalização de perna direita e o pouco espaço de ação. No momento da finalização, quatro atletas do Hertha Berlin estão próximos ao atleta contratado recentemente pelo Chelsea. Dessa maneira, tente imaginas as peças que poderiam fazer esse pivô, tendo em mente o contexto londrino. Seria Timo Werner? Seria Tammy Abraham?

4º gol

Seguidamente, o quarto gol é uma aproximação de Havertz ao sistema ofensivo do Leverksuen. Havertz não está na área e a jogada rápida do Bayer se desenrola pelo lado esquerdo. O jovem alemão aguarda a clássica descida em velocidade até a linha de fundo. Ele também aguarda o famigerado passe para trás e conclui chegando de frente para o gol. Dessa maneira, ele não é referência, ele aguarda a velocidade de outros companheiros e aparece como elemento surpresa. Desta forma, refletindo sobre um cenário de adversário com linhas descompactadas, ele pode ser o atleta surge entre as linhas de marcação. Cenário apresentado no quarto gol do vídeo acima.

Gol de Kai Havertz contra o Stuttgart. (Bundesliga / Youtube)

5º gol

No quinto gol, o oportunismo e faro de gol aparecem. O passe parecia despretensioso pela quantidade de marcadores dentro da área. No momento do passe para Havertz, oito atletas do Stuttgart estão dentro de sua área. Desta maneira, o jovem alemão se desloca de dentro para fora e, em um pequeno espaço, finaliza sem dominar. Novamente como elemento surpresa, mas com espaço menor e com muitos adversários na proximidade.

Você, que acompanha o Chelsea Brasil, pode argumentar. “Mas esses são os gols de Havertz na primeira temporada!” Sim. “Ele pode ter mudado o estilo de jogo dele.” Pode mesmo. “A parte física dele sofreu modificações”. Acredito que sim. Ou seja, eu concordo com essas afirmações e um jogador sempre assimila novos conceitos, isto é, temporada após temporada. Por isso, a versatilidade de Havertz é condizente com o leque de peças frontais do Chelsea e suas respectivas características.

Kai Havertz e os cinco últimos gols

26º gol

Troca de passes e entrosamento. O 26º gol aponta um entrosamento da parte frontal do Leverkusen, isto é, tempo de trabalho entre as peças. Isso pode ser um desafio no começo para Havertz, haja vista que ele passou 10 anos no Leverkusen e inicia uma nova página de sua carreira em Londres. Nesse caso, o Leverkusen conseguiu uma troca de passes no sistema defensivo do adversário. Saindo de uma extremidade e encontrando Havertz, livre, do outro lado da área.

27º gol

A velocidade e inteligência para no acompanhamento da jogada do 27º gol. Destaco a leitura sobre fazer uma opção, na outra extremidade do lance, pois a linha defensiva do adversário está desguarnecida. Ou seja, o companheiro de Leverkusen recebe a bola pelo lado esquerdo de ataque. A defesa desmontada tenta cercar o passe mais próximo. Assim sendo, Havertz surge como opção de passe longo na outra extremidade. 4 a 1 para o Leverkusen, frente ao Paderborn, na temporada 2019/20.

Atuação de Kai Havertz na Alemanha
Havertz se desloca e procura o espaço entre a linha de zagueiros dentro da área. (Bundesliga / Youtube)

28º gol

Em seguida, um cabeceio dentro da área no 28º gol. Reitero que Havertz não está fixado, ele entende a iminência do cruzamento e explora espaços entre os zagueiros. Veja que são três atletas dentro da área, um defensor marca a bola, o segundo zagueiro marca o jogador e o terceiro não consegue acompanhar Havertz. Esse foi o gol da vitória contra o Fortuna Dusseldorf, em Leverkusen.

29º gol

Oportunismo e posicionamento. O lance foi originado de uma ligação direta. Em segundo momento, o atleta do Leverkusen “tira casca” da bola em um cabeceio. Além disso, ressalto o deslocamento de Kai Havertz que estava sob marcação e se movimenta para o centro da linha defensiva. Ele antecipa e se aproxima do atleta que foi acionado. Sem possibilidade de domínio, ele finaliza. Esse jogo foi em Berlim, 1 a 1, contra o Union.

30º gol

O último gol do vídeo. O lateral realiza o trajeto de linha de fundo, mas, desta vez, um cruzamento rasteiro para o centroavante. Havertz estava em velocidade e posicionado para o cruzamento do lateral. Esse gol é interessante para refletirmos sobre a importância de um lateral que apoie bastante: Chilwell ou Alonso, por exemplo.

Concluindo…

Desta forma, o Chelsea soma ao seu sistema ofensivo mais uma peça de velocidade e movimentação. Um sistema frontal com Ziyech, Werner, Pulisic, Mount e, mais recentemente, Havertz é dotado de rapidez e intensidade. A busca do entrosamento entre as peças é primordial para Frank Lampard ser bem-sucedido no gerenciamento do plantel. É um time jovem, promissor, com talentos individuais que precisam de um entendimento coletivo. Com um plantel versátil e pluralizado, o Chelsea ganha muito com Havertz.

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Article by: Chelsea Brasil

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