O Lupa Tática aborda o jogo mais recente do Chelsea na Women’s Super League. A vitória contra o Everton, por 4 a 0, com mando do time de Londres. Após o apito final, o primeiro destaque do embate foi Bethany England com dois gols e duas assistências no jogo. A partida foi especial para a equipe de Emma Hayes, pois o time azul de Liverpool tinha eliminado o Chelsea na Copa da Inglaterra 2019/20. Querendo ou não, o aspecto de devolver o resultado era algo que perpassava os corredores –e as entrevistas – do plantel de Kingsmeadow.
Por outro lado, mais do que essa situação de revanche e novo encontro entre as equipes, o duelo contra o Everton trouxe algumas situações interessantes de jogo. Principalmente, abordando o viés tático do embate. Por exemplo, a aproximação de meio-campistas em situações ofensivas, a utilização de pivô ou pressão na saída de bola rival. Por isso, a proposta do Lupa Tática de hoje é destrinchar os gols do último embate e refletir sobre as possibilidades no duelo dominical, contra o Arsenal, válido pela WSL.
Por isso, compartilho o vídeo dos gols e dos melhores momentos do embate entre Chelsea e Everton.
O 1º gol – Ji (assistência: Bethany England)
Uma marcação alta e induzindo a goleira do time rival ao chute de longa distância. Ou seja, um chute de alivio de pressão. Entretanto, nesta oportunidade, Bethany England se apresentou como a segunda atleta de pressão na marcação incisiva. Posteriormente, a bola resvalou na camisa 9 do Chelsea e sobrou para Ji, localizada na proximidade da área do Everton. A atleta do Chelsea, que chegou em 2014 no clube, dominou e ajeitou para a finalização de pé direito. 1 a 0 para o Chelsea, contra o Everton, em Kingsmeadow. Destaque que o roubo de bola induziu a proximidade de outras duas peças do Chelsea na linha defensiva do Toffees. Pernille Harder e Melanie Leulpolz eram componentes do momentâneo 4-2-2-2 do Chelsea. Além disso, as duas integrantes vão aparecer em outros registros deste texto.
Por fim, esse foi o primeiro gol da Ji So-yun na temporada 2020/21. Recentemente, a atleta foi apontada pelo portal Goal.com como uma das 50 melhores atletas do mundo na temporada 2019/20. Precisamente, a 17ª melhor atleta na temporada passada.
Lance de perigo – Bethany England
Antes do segundo gol do embate, uma jogada chamou atenção. Mille Bright, defensora da equipe londrina, apostou em um lançamento direto (leia: um passe) para Bethany England. Por fim, a camisa nove driblou Maciver, goleira do Everton, e finalizou para fora. Não acho que esse espaço amplo para progressão seja a tônica do duelo contra o Arsenal, no domingo. Entretanto, é uma válvula de escape para um momento de desconcentração ou descompactação do sistema defensivo rival. Faz-se necessária a menção ao progresso da dupla de zaga do Chelsea na temporada atual. Além dos lançamentos, a bola aérea pode favorecer o Chelsea. Assim como foi em Chelsea 4 a 1 Arsenal, na Copa da Liga Inglesa, com o gol de Magdalena Eriksson.
O 2º gol – Bethany England (assistência: Melanie Leupolz)
O segundo gol do Chelsea remete a um cenário bem possível de ser presenciado contra o Arsenal. Após passe, Pernille Harder recebeu a bola de frente para o gol rival e fora da área. Por outro lado, cinco atletas do Everton estavam ao redor da camisa 23 do Chelsea. Eu acredito que a situação de pouco espaço para trabalhar a bola será frequente no clássico de Londres. No embate contra o Everton, qual foi a solução? Passes curtos, próximos da área rival, e triangulações.
No momento que a capitã dinamarquesa recebeu o passe, outras duas atletas do Chelsea estavam nas imediações –Ji e Leupolz. Em contrapartida, cinco futebolistas do Everton estavam centralizadas e nas proximidades da área. Harder acionou Leupolz, que “puxou” a marcação de duas atletas do Everton (Damaris Egurrola e Turner). Se duas saíram no combate, uma futebolista do Chelsea pôde se desvencilhar. Era Bethany England, que observava a jogada com liberdade e certo antagonismo. Sem dominar, England finalizou dentro da área e ampliou o marcador para o Chelsea.
O 3º gol – Bethany England
O quarteto ofensivo composto por Ji, Harder, England e Leupolz estava na proximidade da área rival em mais uma situação ofensiva. Por falar em mais uma vez, o início da jogada foi em uma bola recuperada pelo Chelsea. Erin Cuthbert desarmou Christiansen no campo das visitantes e dentro do círculo central. Posteriormente, Leupolz, que estava centralizada, lançou Harder passando em velocidade pela ala direita. Ou seja, cinco atletas do Chelsea rodavam a área do Everton. Pernille finalizou fraco, a bola sobrou para Bethany England, que fez o pivô para Cuthbert. A camisa 22 do Chelsea chutou e Maciver defendeu a bola que, em seguida, bateu na trave. Em segundo momento, a camisa 9 estava bem posicionada para aproveitar o rebote de cabeça e completar a jogada do terceiro gol do Chelsea.
Assim sendo, uma reflexão sobre o terceiro gol londrino. Quando você tem Melanie Leupolz, Sophie Ingle, Erin Cuthbert ou Guro Reiten chegando em uma segunda linha ofensiva, essa situação pode ser uma possibilidade interessante no jogo com pivô. Emma Hayes terá quase a totalidade do plantel para o jogo contra o Arsenal. Salvo engano, Blundell, Spence e Kirby não devem atuar contra o Arsenal. Por isso, o pivô de England (ou de Kerr) pode ser uma possibilidade para amanhã. Cientes da possibilidade da estratégia de povoar o meio-campo para impedir a criação do Chelsea.
Ou seja, a bola passa pela extremidade do campo (Harder fez a movimentação), com o propósito de acionar a referência. Por fim, a referência retorna a bola para a proximidade da área rival. Normalmente, se trata de uma bola mais centralizada, como foi para Erin Cuthbert no lance descrito anteriormente. A camisa 22 ainda teve o benefício de arriscar o chute de dentro da área.
4º gol – Pernille Harder (assistência: Bethany England)
Novamente um lance do jogo com pivô. Primeiramente, Melanie Leupolz, que estava centralizada, recebeu bola no campo defensivo do Everton e acionou Pernille Harder. 10 atletas do Everton estavam atrás da linha da bola. A camisa 23 fintou a primeira adversária e passou para England. Com pouco espaço, um toque na bola bastou para a devolução para Pernille Harder, que finalizou de perna esquerda para o fundo do gol rival.
Eu acredito que a descrição dessa jogada se trata de uma situação menos provável para o duelo contra o Arsenal. Duas linhas fechadas, compactadas e centralizadas, Aguardando ações do adversário. Em contrapartida, vale ressaltar o aspecto do placar dilatado no jogo contra o Everton – esse foi o quarto gol do Chelsea. Entretanto, alguns pontos podem figurar no clássico de domingo. Primeiramente, a organização da jogada por Leupolz, a possibilidade da individualização da jogada com Harder (quebra de linhas) e o pivô de England. São situações de jogo que podem ser importantes no clássico contra Arsenal. Principalmente, pensando na busca por espaço de atuação. Afinal, a tendência é que o Chelsea encare um rival que busque minimizar a dinâmica de passes e distribuição de bola do clube de Emma Hayes.
Por fim, confira outros textos do Lupa Tática.
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