Kevin Hitchcock: um goleiro amado por todos

(Foto: Action Images)
Mesmo com as lesões e a forte concorrência, Hitchcock era muito querido pelos torcedores, jogadores e membros da comissão técnica (Foto: Action Images)

Neste especial, o Chelsea Brasil mostrará a história de um jogador que quase sempre é esquecido pelos torcedores, mesmo sendo um dos jogadores com mais tempo no clube, um total de 13 temporadas. O goleiro Kevin Hitchcock, que esteve no Chelsea entre 87/88 e 00/01, não decepcionou quando esteve em campo, sendo fundamental em alguns jogos da FA Cup, defendendo alguns pênaltis decisivos.

Antes do Chelsea

Kevin Hitchcock passou por Barking e Nottingham Forest até chegar ao Mansfield Town em 1983. O jovem goleiro teve um desempenho tão bom pelo clube que em 1984/85 a equipe de Mansfield sofreu apenas 38 gols pela 4ª divisão do campeonato inglês, um recorde do clube que se estende até hoje.

Na temporada seguinte, em um confronto contra os Blues pela Copa da Liga Inglesa, Hitchcock se “apresentou” ao time londrino, defendendo um pênalti de Kerry Dixon, evitando assim um hat-trick do atacante. Sua equipe foi eliminada da competição, mas o jovem goleiro impressionou.

Hitchcock ainda no começo de sua carreira, no Mansfield Town
Hitchcock ainda no começo de sua carreira, no Mansfield Town (Foto: Martyn Bishop)

Na temporada 1986/87, Hitchcock foi fundamental na conquista da Freight Rover Trophy (atual Johnstone’s Paint Trophy), único troféu de copa que o clube conquistou na história. Na final contra o Bristol City, que foi para os pênaltis, o goleiro defendeu duas cobranças. Sua habilidade em defender pênaltis foi um dos fatores que cativaram a torcida do Chelsea no futuro.

Um mau começo e a queda

Tudo começou na temporada 1987/88. Na época, o Liverpool ainda vencia campeonatos ingleses, o Manchester United era treinado por um “jovem” escocês que só saiu do clube no ano passado, o Manchester City estava na segunda divisão, e o Arsenal… não ganhou nenhum título naquela temporada.

O goleiro titular do Chelsea na época, o galês de origem polonesa Eddie Niedzwiecki, na época com apenas 28 anos, precisou se aposentar no meio da temporada devido a uma lesão grave no joelho durante uma partida contra o Oxford, no final de outubro de 1987. Com isso, os Blues foram forçados a escalar Roger Freestone, na época um jovem de 19 anos, no gol.

Para tentar contornar essa situação, em fevereiro, Perry Digweed foi contratado por empréstimo, mas pouco pôde fazer. Na última partida da carreira de Niedzwiecki, o Chelsea estava na 6ª colocação do campeonato inglês. Em seguida, o clube passou quase 6 meses sem vencer uma partida pela liga, o que causou a demissão do treinador John Hollins em 22 de março de 1988 (na época, os Blues estavam na 17ª colocação).

Com a saída de Hollins, seu assistente Bobby Campbell assumiu o comando do time londrino. Três dias depois, Kevin Hitchcock, na época com 26 anos, foi contratado por 250 mil libras, e no dia seguinte ele estreou contra o Southampton. Mais uma derrota para o Chelsea, por 1-0. O novo goleiro teve boas atuações, principalmente contra o Liverpool, em que o goleiro defendeu um pênalti, garantindo o empate por 1-1. Porém, Hitchcock não conseguiu evitar o rebaixamento dos Blues.

Enfim, titular? Não…

Já na segunda divisão, Hitchcock foi titular em 3 partidas no começo da temporada. E nessas 3 partidas, o Chelsea perdeu. O goleiro não se firmou como titular por conta das lesões, e o jogo contra o Manchester City em setembro de 1988 foi seu último na temporada, após ter sofrido uma lesão no joelho. Com isso, Freestone voltou a ser titular. Campbell não se impressionou com o jovem goleiro, e mesmo com o Chelsea já líder em janeiro, os Blues efetuaram sua transferência mais cara até então, gastando 750 mil libras (um valor alto para a época) para contratar o goleiro Dave Beasant, ex-Newcastle. Depois da lesão de Hitchcock, o time londrino perdeu apenas mais duas partidas pela liga na temporada, e foi campeão da segunda divisão somando 99 pontos, sempre se mantendo na primeira divisão desde então.

Hitchcock na temporada 90/91 (Foto: George Herringshaw)
Hitchcock na temporada 90/91 (Foto: George Herringshaw)

Após subir de divisão, Hitchcock, sem jogar, só voltou aos gramados em novembro de 1990, quando Beasant sofreu uma lesão no dedo. Com isso, Kevin voltou, jogando bem contra o Aston Villa e mantendo um clean sheet na vitória dos Blues por 1-0. Mas ele só jogou mais 3 partidas, com Dave voltando a ser titular após se recuperar. Desapontado com a falta de oportunidades, Hitchcock foi emprestado ao Northampton por 6 meses.

Finalmente, uma boa sequência de jogos para Hitchcock

Já na temporada 1991/92, com as lesões que Beasant sofreu, Hitchcock teve mais oportunidades (31 no total), principalmente na FA Cup, onde teve ótimas atuações contra Hull City, Everton (quando defendeu um pênalti no final da partida, garantindo a vitória por 1-0) e Sheffield United.

Na temporada seguinte, Hitchcock começou na reserva novamente, lugar onde ficou até setembro, quando após uma atuação desastrosa de Beasant contra o Norwich, em que o Chelsea estava ganhando a partida por 2-0 e sofreu a virada no segundo tempo, o então técnico Ian Porterfield disse na entrevista pós-jogo que ele “nunca mais jogaria pelo clube”. Beasant foi emprestado para o Grimsby Town e posteriormente Wolverhampton. Kevin assumiu o gol, e logo na primeira partida, contra o Manchester City, ele foi um dos destaques com uma ótima atuação na vitória dos Blues por 1-0. Confira o vídeo abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=bu-shndTer4

Três meses depois, em uma partida espetacular de Hitchcock contra o Middlesbrough, os adversários dominaram a partida, que terminou sem gols graças ao goleiro dos Blues.

Mudança de concorrente, e mais um empréstimo

O russo Dimitri Kharine foi contratado em janeiro de 1993, porém Hitchcock continuou como titular. Até fevereiro, quando Porterfield foi demitido, e David Webb, que assumiu o comando como interino, decidiu deixar Beasant (que tinha voltado do empréstimo) como titular. Com isso, Kevin foi emprestado ao West Ham. E lá ele jogou nenhuma partida. Foi reserva até o final da temporada.

Com a saída de Beasant em novembro de 1993, Kharine se firmou de vez no gol. Somente no começo de 1996 Hitchcock voltou a jogar regularmente, após uma má atuação de Kharine em um jogo da 3ª fase da FA Cup contra o Newcastle, cedendo o empate no último minuto. Após boa atuação em um empate por 1-1 contra o Everton, Kevin foi o herói da partida replay contra os Toons, defendendo um pênalti. Nessa temporada (95/96), o camisa 13 ficou em campo por 19 jogos.

(Foto: Nigel French/G. H.)
Hitchcock em ação pelo Chelsea, em abril de 1995 (Foto: Stuart Franklin)

Finalmente os troféus chegaram

Na temporada 1996/97, com o Chelsea sob o comando de Ruud Gullit, adivinhem… Hitchcock foi para o banco de reservas. Mas não por muito tempo. Em setembro, Kharine rompeu os ligamentos do joelho em uma partida contra o Sheffield Wednesday, e Kevin voltou a ser titular. Para repor a ausência do russo, o Chelsea decidiu trazer por empréstimo o norueguês Frode Grodas, que passou a ser titular após nova lesão de Hitchcock, que só voltou no ultimo jogo da Premier League contra o Everton. Seis dias depois, na final da FA Cup contra o Middlesbrough, ele esteve no banco, e viu os Blues ganharem seu primeiro grande título após 26 anos.

A partir daí, as oportunidades de Hitchcock foram ficando ainda mais escassas. Apesar da saída de Kharine, Ed de Goey chegou ao Chelsea, ficando como titular. Em 1998, Kevin ficou no banco de reservas durante as finais da Copa da Liga, da Cup Winners’ Cup e da Supercopa da Europa, conquistando os três títulos sem entrar em campo.

Hitchcock com seus filhos Lauren e Thomas, em 1997 (Foto: Roy Chaplin/Sport & General)
Hitchcock e seus filhos Lauren e Thomas, em 1997 (Foto: Roy Chaplin/Sport & General)

O começo do fim

Seu último jogo pelo Chelsea foi no dia 10 de maio de 1999, em um empate por 2-2 contra o Tottenham. Na temporada seguinte, com a chegada de Carlo Cudicini, Hitchcock passou a ser o terceiro goleiro dos Blues. Em 1º de julho de 2001 (menos de um mês após Lampard chegar no Chelsea), Hitchcock (na época com 38 anos) foi para o Watford junto com Gianluca Vialli. Apesar de não ter se aposentado “oficialmente”, Kevin já exercia a função de treinador de goleiros nos Hornets e não jogou nenhuma partida oficial desde então. Mas não pensem que acabou!

Em agosto de 2003, cerca de um mês após a chegada de Abramovich ao Chelsea, houve um amistoso contra o Watford, e adivinhem quem estava entre os titulares? Não, não era o Hitchcock, ele ficou no banco de reservas. Porém, aos 87 minutos, após Damien Duff ter feito seu primeiro gol pelo Chelsea, com os Blues já vencendo por 4-1, o veterano de 40 anos entrou na partida, sob forte aplauso de toda a torcida presente no estádio, que cantava “One Kevin Hitchcock”.

Após pendurar (de vez) as chuteiras

Depois de deixar os gramados em 2004 (agora oficialmente), ele continuou como treinador de goleiros, com passagens por Blackburn, Manchester City, West Ham e Fulham. Atualmente, Kevin exerce a mesma função no Queens Park Rangers. Seu filho, o atacante de 21 anos Tom Hitchcock é jogador do QPR, mas está atualmente emprestado ao Rotherham United.

(Foto: Javier Garcia/BPI)
Pai e filho, juntos no QPR (Foto: Javier Garcia/BPI)

Durante as 13 temporadas pelo Chelsea (de 87/88 até 00/01), Kevin Hitchcock entrou em campo 131 vezes, e ficou no banco de reservas 243 vezes. Isso sem contar as inúmeras vezes em que ele não esteve nem entre os substitutos. Apesar das poucas partidas, Hitchcock não decepcionou nos momentos decisivos, salvando os Blues em algumas decisões por pênaltis.

Ele era muito querido pela torcida e pelos jogadores, mais notadamente Mark Hughes e Niedzwiecki (que se tornou membro da comissão técnica após sua aposentadoria precoce). Segundo Vialli, ele era “um cara que todos gostavam”. Era considerado o melhor jogador de golfe do elenco, ajudou na adaptação de estrangeiros como Vialli, Roberto di Matteo e Gianfranco Zola ao futebol inglês, além de oferecer suporte aos garotos da base, incluindo um certo zagueiro que hoje é capitão do Chelsea.

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Article by: Chelsea Brasil

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