A temporada do Chelsea começou com mudanças, jogadores saindo, jogadores vindo e mudanças na estrutura do elenco. Depois de uma campanha anterior, em 2013/2014, cheia de altos e baixos e rodeada de críticas de José Mourinho principalmente aos atacantes do elenco, os Blues foram ao mercado, e não só para buscar jogadores, mas também para vende-los, adotando a nova politica responsável do clube.
Ainda no fim da temporada anterior, o clube já havia anunciado a venda de David Luiz ao PSG pela quantia recorde para um zagueiro por 50 milhões de libras, começando assim o processo de reestruturação no elenco.
Já em junho, no intervalo entre as temporadas, o clube anunciou a saída de Frank Lampard, que, apesar de especulada pela imprensa inglesa, causou grande comoção entre os torcedores dos Blues, já que Super Frank é, sem dúvida, um dos maiores ídolos da história do clube. Foi um momento difícil para qualquer blue, ver o nosso eterno camisa 8 deixar Stamford Bridge. O inglês havia assinado, a principio, com o New York City FC, mas posteriormente veio a ser emprestado ao Manchester City. Mais tarde na temporada descobriu-se, na verdade, que ele nunca havia assinado com o NYCFC, gerando um certo desconforto entre os torcedores do Chelsea.
No mesmo mês de junho, durante a Copa do Mundo, o clube anunciou uma das contratações mais decisivas da campanha vitoriosa do Chelsea nesta temporada: Cesc Fàbregas. Depois de três anos vitoriosos mas cheios de altos e baixos com o Barcelona, o espanhol voltou a Inglaterra, felizmente para usar azul desta vez. A transição foi também polemica, talvez a mais polemica da temporada, gerando grande repercussão por Fàbregas já ter sido capitão e ídolo do Arsenal.
Arsene Wenger, treinador dos Gunners, ao que tudo informa, não quis contratar o volante, deixando caminho aberto para os Blues, que pagaram 27 milhões de libras pelo craque, que chegou à Stamford Bridge para suprir uma carência no elenco, a de transição ao ataque, que ficou ainda mais carente com a saída de Lampard, que já não tinha a mesma forma de outrora. Fàbregas recebeu a sua camisa favorita, a 4, que tinha ficado vaga com a saída de David Luiz.
O mês de Julho começou também com mudanças. E com outro ídolo deixou o Chelsea, o lateral Ashley Cole. Assim como Lamps, Cole deixou o clube após o termino de seu contrato, que não foi renovado. Deixou o clube no mesmo dia o atacante Samuel Eto’o, após uma temporada regular em Londres. Cole assinou com a Roma e Eto’o com o Everton, posteriormente o camaronês viria a deixar a Inglaterra para defender a Sampdoria.
Para suprir a ausência na lateral o Chelsea foi atrás de Filipe Luís, por 16 milhões de libras, após o brasileiro ter sido um dos principais destaques na campanha do Atletico de Madrid que ganhou o Campeonato Espanhol e chegou na final da UEFA Champions League. Junto com o lateral vieram também o goleiro Thibaut Courtois, que pertencia ao Chelsea desde 2011 mas estava emprestado ao clube espanhol; e também Diego Costa.
Costa assinou com os Blues pelo valor de 32 milhões de libras, montante de sua multa rescisória. O atacante chegou para comandar o ataque tão criticado na temporada anterior. A esta altura já haviam saído Eto’o e Demba Ba, que foi vendido por cerca de 5 milhões de libras ao Besiktas da Turquia. Diego Costa chegou e causou impacto imediato, como sabemos.
Para compor o setor o Chelsea ainda assinou com Didier Drogba, que voltou ao clube após dois anos. O Chelsea contava com Drogba, Costa, Fenando Torres e Romelu Lukaku para o setor, e muitos questionavam qual dos dois últimos deixariam o clube, já que Mourinho queria contar com três centroavantes no elenco.
Torcedores e jornalistas esperavam uma chance a Lukaku no time, depois de uma brilhante temporada com o Everton, mas após declarar que só gostaria de permanecer nos Blues se fosse a primeira opção para o ataque, o belga acabou deixando o Stamford Bridge, pela quantia de 28 milhões de libras, indo em definitivo para o Everton. Lukaku deixou o Chelsea tendo disputado 12 partidas e sem marcar nenhum gol.
Bertrand também deixou o clube, por empréstimo, ao Southampton, que viria a compra-lo em definitivo em janeiro por 10 milhões de libras.
A TEMPORADA
O primeiro jogo da temporada começou tirando uma dúvida que todos tinham: seria Thibaut Courtois ou Petr Cech o goleiro titular dos Blues. José Mourinho fazia mistério e anunciava que só até mesmo os atletas só saberiam no vestiário. A escalação era emblemática pois seria o sinal que determinaria qual deles seria o titular ao longo da campanha. Quando o Chelsea subiu a campo, Courtois vestia as luvas, demonstrando que ele seria a primeira escolha dali em diante.
O Chelsea venceu o Burnley por 3 a 1, fora de casa, na estreia da Premier League, com gol de Diego Costa, mostrando seu instinto matador logo de cara. A partida contou também com gol de André Schürrle, recém vencedor da Copa do Mundo no Brasil, e que prometia ter grande temporada. Contudo, o gol do alemão não foi preludio da temporada, sendo que ele ganhou poucas chances nos meses seguintes.
A primeira partida em Stamford Bridge foi contra o Leicester, com vitória novamente dos Blues, por 2 a 0. Costa novamente foi às redes e Eden Hazard marcou o seu primeiro na temporada. Courtois conseguiu na partida seu primeiro clean sheet vestindo a camisa dos Blues.
No final de agosto o Chelsea anunciou empréstimo de Fernando Torres até o fim de seu contrato ao Milan, quase ao mesmo tempo em que anunciava a chegada de Loïc Rémy para suprir sua vaga. O francês chegou aos Blues por 10 milhões de libras, em contrato de quatro anos.
Antes que o mês inicial da temporada terminasse, contudo, o Chelsea fez um dos jogos mais emocionantes da atual campanha: a vitória por 6-3 sobre o Everton, fora de casa. O jogo recheado de gols viu Diego Costa marcar duas vezes, sendo quatro em três jogos pela Premier League até então. O “The Guv’nor”, como passou a ser chamado Costa, caia de vez nas graças da torcida.
O jogo seguinte, contra o Swansea, também merece destaque, já que viu o primeiro hat-trick de Costa com a camisa dos Blues. Um começo avassalador na Inglaterra. Sete gols em quatro partidas. Rémy, que estreava, também deixou sua marca na partida que terminou em 4 a 2.
Veja abaixo os gols das duas partidas:
No meio de setembro veio um dos momentos mais dramáticos (talvez o mais dramático) da campanha para o título da Premier League. Frank Lampard balançava as redes…mas dessa vez as redes do Chelsea. Em partida contra o Manchester City, fora de casa, os Blues perderam seus primeiros pontos na temporada, e logo para ele, Super Frank. O jogo foi 1 a 1, mesmo com o Chelsea jogando com um jogador a mais por praticamente 30 minutos.
O gol de Lampard levou muito marmanjo às lagrimas e foi tão marcante que merece até um paragrafo só pra ele aqui.
Veja abaixo o gol de Lampard:
Setembro foi embora com o Chelsea na liderança da competição, com 16 pontos de 18 possíveis e uma marca de 19 gols marcados em seis jogos, média de mais de três por partida. Além de sete gols sofridos, número alto para um time de Mourinho, mas que pouco importava, a liderança era sólida e o ataque avassalador.
Outubro trouxe outro momento de destaque: o clássico contra o Arsenal, em casa. Os rivais voltavam à Stamford Bridge, palco dos humilhantes 6 a 0 da temporada anterior, para duelar contra o líder. A partida também tinha um sabor de rivalidade a mais, pois promovia o primeiro encontro de Fàbregas contra o Arsenal vestindo azul.
A partida terminou em 2 a 0 para o Chelsea, com um gol de Hazard e outro do matador Diego Costa, com assistência brilhante do ex-Gunner Fàbregas.
Veja abaixo os gols da partida:
O Chelsea também enfrentou o Manchester United em outubro, partida que ficou em um magro e estudado 1 a 1, gol de Drogba, que substituía os machucados Costa e Rémy. Os Blues tiveram vantagem no placar desde o primeiro tempo até o último minuto, quando a retranca dos minutos finais de Mourinho não funcionou muito bem e atraiu o adversário ao empate.
No mês seguinte, outro clássico, contra o Liverpool e outra vitória dos Blues, 2 a 1, de virada, em Anfield. Os gols foram marcados por Gary Cahill e por ele, sempre ele, Diego Costa. A atração do jogo, contudo, foi o gol de Cahill, o primeiro que contou com ajuda eletrônica para ser marcado. O sistema de câmeras implantadas na linha do gol passou a valer nesta temporada e ajudou os Blues a empatar a partida.
Veja abaixo o gol tecnológico e os outros da partida:
Em dezembro tivemos outro clássico, 3 a 0 sobre o Tottenham em Stamford Bridge, em um jogo de bom futebol dos Blues, talvez uma das grandes atuações na temporada. Interessante notar esta grande atuação contra os Spurs pois, menos de um mês depois, o Chelsea viria a perder de forma vexatória, por 5 a 3, fora de casa para o mesmo adversário, em noite de Harry Kane, que mostrava seu potencial para o mundo.
A derrota para os Spurs não foi, contudo, a primeira da temporada. A campanha invicta do Chelsea havia terminado ainda em dezembro, em uma derrota por 2 a 1 para o Newcastle, fora de casa. Na época a imprensa questionava se os Blues seriam campeões invictos, mas as duas derrotas em menos de um mês devolveu os torcedores à realidade.
Interessante notar que estas duas derrotas são as únicas do Chelsea na competição, até o momento. Brilhante!
O ano começou com a derrota para os Spurs e muitos questionamentos sobre a queda de rendimento da equipe de José Mourinho, com muitos questionando a falta de rotação do elenco, que teria cansado prematuramente os principais atletas do elenco. Este tema seria abordado pela imprensa novamente mais tarde, inclusive.
Contudo o Chelsea espantou qualquer duvida com duas vitórias contundentes. Uma vingança contra o Newcastle, em casa, por 2 a 0, com gols de Diego Costa e Oscar; e uma vitória massacrante sobre o Swansea, por 5 a 0, com novamente Oscar e Costa brilhando, com dois gols cada um.
Veja abaixo os gols da vitória maiúscula sobre o Swansea:
Schürrle também marcou um gol no duelo, aquele quer seria seu último com a camisa azul, pois, com a janela de transferência sem andamento, o alemão acabou por deixar o clube rumo a sua terra natal, para assinar com o Wolfsburg, por 22 milhões de libras. O alemão fez 65 jogos pelo Chelsea e marcou 14 gols.
Para o seu lugar chegou Juan Cuadrado, por 23 milhões de libras. Contudo o colombiano praticamente não ganhou chances na equipe desde que passou a vestir azul, apesar da grande expectativa que torcedores e imprensa criou em torno dele, já que se tratava de um dos atletas mais desejados da janela de transferências.
A negociação com a Fiorentina por Cuadrado envolvou empréstimo de Mohamed Salah, por 18 meses para clube italiano. Salah foi à Itália e tem sido destaque por lá.
Em fevereiro o Chelsea começou a dar sinais de que não perderia mesmo o título. Com uma vitória emocionante, magra, suada e brigada, por 1 a 0 sobre o Everton em casa, os Blues abriram sete pontos de vantagem sobre o então vice-líder Manchester City. O gol foi marcado aos 44 do segundo tempo por Willian e assegurou uma vantagem que daria conforto ao time de José Mourinho até o fim da temporada.
Veja abaixo o gol emocionante de Willian:
O mês de fevereiro viu também a renovação de Hazard com o Chelsea, por cinco temporadas e meia, estendendo seu acordo com os Blues até 2020, mas viu também o momento mais revoltante na Premier League.
Em partida contra o Burnley, em Stamford Bridge, o árbitro Martin Atkinson teve uma das piores atuações da história da Premier League, ao não dar dois pênaltis claros contra o Chelsea e ainda tomar decisões equivocadas no famoso lance entre Nemanja Matic e Ashley Barnes, em que o atacante do Burnley deu entrada criminosa, que por pouco não quebrou a perna de Matic. O sérvio, revoltado, empurrou Barnes e foi expulso, enquanto o adversário permaneceu em campo e contribuiu para que seu time empatasse a partida nos minutos finais por 1 a 1.
Março viu os Blues comemorarem o primeiro título em dois anos, a Copa da Liga Inglesa, que o Chelsea venceu sobre o Tottenham, mas viu também o Chelsea consolidar sua liderança no campeonato, que se aproximava cada vez mais de sua reta final.
Como o jogo da final da Copa da Liga ocorreu num fim de semana, um jogo da Premier League foi adiado, exatamente este contra o Leicester que ocorreu na semana passada. Assim, o Chelsea conseguiu manter sete pontos de diferença na liderança mesmo com o jogo a menos, graças a tropeços do Manchester City.
Em abril John Terry também assinou novo contrato, por mais uma temporada, até o fim da campanha 2015-2016. O capitão (ou “El Capitano”, com o chama Diego Costa) tem tido grandes atuações e é uma das peças mais importantes dos Blues nesta conquista da Premier League, a primeira em cinco anos.
Abril foi decisivo para a conquista da Premier League, mas começou desafiador e com uma pulga atrás da orelha para torcedores do Chelsea. O clube enfrentaria Manchester United e Arsenal, além de jogos difíceis contra o Stoke e QPR. E tropeços em algumas dessas partidas poderiam jogar por terra a vantagem de sete pontos, desta vez sobre o Arsenal, na liderança do torneio.
Contudo o Chelsea, bem mais pragmático do que o do inicio da temporada, passou sem derrotas pelos adversários e manteve a liderança para garantir o título de forma antecipada. Contra Stoke e QPR os Blues venceram com placares magros, 2 a 1 e 1 a 1, em jogos duros, mas decisivos.
O futebol econômico e defensivo também se repetiu contra os grandes rivais, mas foi suficiente para manter a folga na liderança. Contra o United o Chelsea conseguiu, inclusive, fora de casa, uma vitória por 1 a 0, mesmo jogando na retranca, com um belo gol de Hazard e um passe magistral de Oscar. Essa vitória dava sinal de que nada tiraria o título de Stamford Bridge.
Veja o belo gol de Hazard:
Contra o Arsenal, o Chelsea começou o jogo sob desconfianças, já que os seus três centroavantes encontravam-se machucados. Drogba, contudo, foi para o banco, pois, apesar de ainda em recuperação, era preciso de um matador ao menos entre os reservas. E o marfinense acabou por ter que ir para o jogo, já que Oscar, que jogava mais adiantado, foi atropelado pelo goleiro do Arsenal, David Ospina, em jogada que poderia ser pênalti, mas que o juiz não marcou.
A partida ficou sem gols e deu aos jogadores e torcedores do Chelsea a sensação de título! Caso vencesse o Arsenal, os Blues já poderiam garantir o troféu na rodada seguinte, mas com o empate, a conquista oficial da taça foi adiada para o jogo contra o Crystal Palace, o que, por fim, deu até um sabor a mais para a conquista, já fez com que ela ocorresse, de fato, em Stamford Bridge, para felicidade dos torcedores.
Em abril também foi divulgada a Seleção da Premier League e o prêmio de Melhor Jogador da temporada, com domínio do Chelsea. Seis jogadores dos Blues fizeram parte da Seleção: os pilares defensivos Branislav Ivanovic, John Terry e Gary Cahill; o volante Matic; e os craques Hazard e Diego Costa.
Hazard ganhou também o prêmio de Melhor Jogador da Premier League, um ano após ganhar o prêmio de Melhor Jogador Jovem da competição. A condecoração foi justa, já que o belga tem feito uma temporada brilhante, sendo o vice artilheiro e segundo melhor passador para gols do time, atrás apenas de Diego Costa e Fàbregas respectivamente, que, ao fim, se provaram as principais contratações da temporada.
O título veio, e de forma soberana, com momentos mais vistosos e outros pragmáticos, mas indiscutivelmente da maneira mais merecida possível: de ponta a ponta. O Chelsea assumiu a liderança logo nas primeiras rodadas e, desde lá, não abandonou mais o posto. Um campeão incontestável!