Para os torcedores do Liverpool, o sonho nunca estivera tão perto. Faltavam apenas três jogos para o clube se sagrar campeão da Barclays Premier League de novo após um longo jejum de quase 24 anos.
No dia 27 de abril, o histórico clube inglês enfrentava um oponente que esperava vencer com facilidade. Apesar de enfrentar o Chelsea, os rumores em Inglaterra apontavam para a forte possibilidade do Chelsea utilizar os seus jogadores menos rodados, de maneira a manter o elenco principal fresco para a partida decisiva com o Atlético de Madrid que seria na quarta-feira seguinte.
As equipes entraram em Anfield com os fervorosos torcedores do Liverpool a entoarem a plenos pulmões o “You will never walk alone”, esperando poder no fim do jogo entoar os primeiros “Campeones!”, e, olhando para as equipes iniciais, tinham esperança de sair de Anfield vitoriosos. O Liverpool entrou em máxima força, com Luis Suarez, Raheem Sterling e Philippe Coutinho, apoiados pelo experiente Steven Gerrard e com dupla de zagueiros Skrtel e Sakho para fecharem qualquer possível ataque do Chelsea. Já nos Blues, cumpriram-se os rumores: John Obi Mikel, Ashley Cole, Mohamed Salah e até o estreante Tomas Kalas figuravam na equipe inicial. Tudo estava preparado para o triunfo dos reds no final.
Mas aquele dia estava destinado a ser um “blue day”. O Chelsea entrou concentrado, equilibrado e bastante organizado. As chances do Liverpool na primeira parte foram nulas. José Mourinho foi capaz de montar uma boa equipe defensivamente e, assim conseguiu se impor no primeiro tempo.
No meio-campo, Lampard organizava uma linha defensiva composta por seis jogadores na área mais quatro atrás da linha da bola. Perante tal esquema, os jogadores do Liverpool limitavam-se a trocar a bola sem criarem perigo e a recuarem o passe para fugir da retranca do Chelsea. Num desses passes atrasados, o impensável ocorreu. A bola foi para Steven Gerrard, que escorregou e a deixou no centro do terreno à mercê de Demba Ba, goleador que correu o campo inteiro para mandar a bola para o fundo das redes no único remate do Chelsea no jogo, ao minuto 45.
O juiz apitou e o segundo tempo começou. Para Anfield, o sonho era real, afinal, o que custaria virar o resultado para 2 a 1 contra o Chelsea, se já tinham ganho uma Liga dos Campeões quando perdiam por 3 a 0 ao intervalo?
Na segunda parte, porém, o Chelsea voltou ainda melhor. Não houve erros dos Blues e nem a entrada de Daniel Sturridge alterou isso. Num esquema ainda mais defensivo, o Chelsea resistia à pressão dos Reds, jogando com o tempo, para assegurar uma vitória que, mais do que manter a equipe na luta pelo título, ainda dificultava o sonho do Liverpool em quebrar o jejum.
O tempo passou e, o Liverpool, já desesperado e vendo que o título lhe escapava, mandou avançar todos os jogadores de campo para a frente. Numa perda de bola fatal num desses ataques sem regras, Fernando Torres, que acabara de entrar em campo, recuperou a bola e avançava para marcar o gol contra sua ex-equipe, mas preferiu tocar para Willian, que sem goleiro à sua frente, ampliou o marcador para delírio de Mourinho.
O jogo acabou. No fim, ecoava, tal como as memórias, o eterno “You will never walk alone”. Mas os gritos de campeão ficaram entalados na garganta dos fanáticos torcedores depois da surpreendente vitória dos Blues.