TEMOS HISTÓRIA
Em nossa curta história, apenas dez anos até agora, o Chelsea nunca foi tão longe nesta competição. Já o Sheffield United estará fazendo sua terceira aparição na final da FA Cup.
Os dois encontros entre as equipes pelo Campeonato, nesta temporada, terminaram em empates por 1 a 1. Em Stamford Bridge, com a presença de 20.000 espectadores, os londrinos dominaram o jogo, mas o goleiro adversário, Gough, foi heroico para evitar gols de Harry Halse (foto à direita) e Bob Thomson. Logo no início do segundo tempo o Sheffield abriu o placar com Davies. Porém, em questão de minutos, Bob McNeil empatou após cruzamento de Harry Ford, e o jogo estava empatado.
As duas equipes já se encontraram antes pela FA Cup, em três de janeiro de 1912. O Chelsea derrotou os Blades por 1 a 0, em Stamford Bridge, diante de e 34.000 pessoas. O gol foi marcado por George Dodd. Por coincidência, o homem que havia marcado o primeiro gol contra o Chelsea em nossa história, pelo Stockport County, em setembro 1905.
Em 1912 o Sheffield United estava na Primeira Divisão e continua a ser o único momento em nossa curta história, em que batemos uma equipe de um escalão superior.
O time titular do Chelsea naquele dia: Whitley, Bettridge, Cameron, Harrow, Taylor, Downing, Douglas, Whittingham, Thomson, Dodd, Bridgeman.
SHEFFIELD UNITED x CHELSEA EM TODAS AS COMPETIÇÕES
Jogos disputados: 13
Vitórias do Chelsea: 5
Vitórias do Sheffield: 2
Empates: 6
BREVE ANÁLISE TÁTICA
Os especialistas sugerem a partida de amanhã verá um confronto de estilos diferentes: o jogo de toques de bola e inteligência dos Blues, bem ao estilo anglo-escocês, colocado contra o Sheffield de táticas puramente inglesas, que tenta se impor pela força física e jogadas pelas pontas.
Os torcedores dos Pensionistas (apelido do Chelsea na época) têm o desejo de que o nível significativamente alto de performances nesta competição persista na final. Já no campeonato, o rebaixamento continua a ser uma preocupação constante.
Nenhum dos treinadores tem mantido um time titular consistente ao longo do torneio, embora os Blades tenham nove jogadores da equipe que chegou à semifinal do torneio na temporada anterior.
Infelizmente para o Chelsea, a primeira final da FA Cup a ser disputada no interior também é a primeira em que o maior clube da capital chegou. No entanto, nosso atacante Harry Halse já ganhou a FA Cup duas vezes, com o Manchester United e Aston Villa, com participações importantes de Halse. O atacante também conseguiu o título da Primeira Divisão duas vezes com os Diabos Vermelhos, em 1908 e 1911.
A experiência de Halse será mais que bem vinda no encontro desta final e esperamos que possamos engrossar suas estáticas. Contudo o experiente atacante encarará nada menos do que uma das principais defesas da Inglaterra, como mostram os números e os olhos, que tem, em sua formação, o melhor lateral esquerdo do futebol inglês.
Felizmente, o experiente zagueiro do Chelsea, Jack Harrow, parece ter se recuperado de seus problemas na perna, para assumir sua posição à esquerda entre os zagueiros, ao lado de Wally Bettridge. Com isso Andy Walker parece em forma o suficiente para retomar as suas funções no lado esquerdo, na linha de três no meio a frente da defesa, embora, no início de sua carreira, Walker era de fato um centroavante.
O Capitão Fred Taylor estará pela meia direita; com Tom Logan, bem como Walker, um filho da Caledônia, atuando pelo centro. O medo dos torcedores é de que o meio de campo do Chelsea possa ser muito frágil fisicamente contra os cavalos do setor do Sheffield.
Que orgulho para o filho de Fulham Harry Ford, de apenas vinte um anos de idade! O ex-West London Schools está agora em sua terceira temporada para os Pensionistas e conseguiu três gols nesta competição, incluindo um gol da vitória de mais alta importância em Newcastle, no quarto jogo da competição. Seu parceiro pelos flancos será Halse, natural de Leytonstone, que já foi atacante também pelo Manchester United. A combinação entre estes dois atletas deixa o lado direito do Chelsea efervecente!
A Esquerda do Chelsea tem o professor Jimmy Croal – um verdadeiro mestre, também, na posse de bola. Jogará ao lado de ex-carpinteiro Bob McNeil . Assim, armas vindas da educação e da indústria são apenas duas das que os escoceses trazem par a equipe.
Subsistem dúvidas, porém, quanto à aptidão do centro avante, nosso camisa 9, Bob Thomson, classificado como o melhor do país no momento. Bob tem tido sequência da luxações no cotovelo esquerdo, sofrida na derrota do Campeonato contra o Bolton, no início deste mês. O renomado Tenente V Woodward, que aproveita sua licença no Exército para desfilar o azul, teve um desempenho admirável na vitória sobre o West Bromwich Albion por quatro gols a um, na semana passada, e está na espera por ser titular, caso Bob não vá à campo. (lembramos aos leitores que não era permitido realizar substituições na época)
Se Thomson vier mesmo a jogar, terá seu braço em bandagens, levando a um claro parentesco simbólico com os muitos soldados feridos que foram convidados para a partida. Bob, como todos sabemos, já lida com uma deficiência, tendo o uso de apenas um olho desde a idade de sete anos. Quando a bola chega até ele em seu lado “cego”, o atacante brinca e diz: “Eu então fecho a outro olho e jogo a partir da memória.” No entanto, mesmo com um lado cego, o nativo de Croydon atingiu seis vezes as redes nos oito jogos da nossa progressão para a final.
Caso Thomson provar-se apto, Woodward, o melhor Tenente de toda a Inglaterra, afirmou que ficará feliz por não ficar no caminho de um homem que se apresentou com heroísmo para dar alegria ao povo, enquanto ele estava lutando uma batalha ainda maior na França. Como amador que ele gosta de ser, afirmou que prefere ver um profissional em campo, para quem estar na final pode significar mais.
Há também a possibilidade de que o treinador, Sr. Calderhead, poderia mover Halse de posição, para abrir espaço par ao herói Woodward, que marcou dois gols na última partida, fazendo com que o Tenente jogue mais para o centro, na formação habitual 2-3-5.
Os Blades, que começam como favoritos, vão se alinhar em uma formação similar. Entre as traves veremos o clássico Gough, que goza de uma vantagem sobre o seu companheiro de gol do Chelsea Jim Molyneux, por sua altura notável, o que o fez provar ser mais proficiente em parar chutes altos. Na retaguarda, os dois zagueiros, Cook e English, ambos têm um chute potente e são tão fortes quanto ágeis, apesar de terem apenas 1,70m e 1,75m, respectivamente.
À frente deles, há uma linha de meio de campo formidável com Utley, o homem de 2 mil libras, no centro. Tão poderoso quanto um boi de condução partindo com a bola, ele é igualmente capaz em suas tarefas defensivas. Como o Chelsea gostaria de ter tido disponível nosso ‘Great Dane’, Nils Middelboe, para ajudar a neutralizar Utley e companhia, como foi o caso no empate por 1 a 1 em Bramall Lane, no mês passado. Infelizmente, seu outro trabalho como banqueiro o chamou com prioridade, pelas circunstancias da guerra.
Ambos os lados da Utley serão preenchidos por Sturgess e Brelsford, fortes e ágeis. Juntos, eles formam um dos trios mais famosos no futebol inglês. A combinação de wingers é veloz com Simmons, à direita, que tem a companhia, por dentrm, de Fazackerly, que voltou à sua melhor forma recentemente, e será de grande preocupação para o Sr. Calderhead.
No flanco esquerdo teremos Masterman, ex-Gainsbrorough, que havia perdido a titularidade, mas agora é um dos principais nomes na folha de equipe. Seu drible e chute são maravilhas para ser vistas. Ele tem um chute difícil para qualquer goleiro. No exterior da esqureda, teremos o grande passador Evans, de Chester, que já representou tanto as Seleções da Inglaterra, quanto do País de Gales.
No centro do ataque temos Cook. Ele tem apenas 1,67 de altura, mas apesar de não ser alto, é veloz e incisivo a ponto de ser um dos atacantes mais temidos do futebol inglês, seu chute e precisão são sempre elogiados.
Tudo somado, temos no Sheffield adversários formidáveis, com a vantagem definitiva de força, altura e experiência. Os noviços Chelsea terão de estar em grande forma: astutos e eficientes para tornar esta primeira aparição final da Copa um sucesso.
HISTÓRIA DO CHELSEA NA FA CUP
As nove temporadas do Chelsea na FA Cup | ||
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Temporada | Rodada alcançada | Derrotado por |
1905-06 | terceira rodada preliminar | Crystal Palace |
1906-07 | primeira rodada | Lincoln City |
1907-08 | segunda rodada | Manchester United |
1908-09 | segunda rodada | Blackburn Rovers |
1909-10 | segunda rodada | Tottenham Hotspur |
1910-11 | semifinal | Newcastle United |
1911-12 | segunda rodada | Bradford City |
1912-13 | segunda rodada | Sheffield Wednesday |
1913-14 | primeira rodada | Millwall |
O CAMINHO DO CHELSEA ATÉ A FINAL
Primeira rodada x Swindon (em casa) – Empate por 1 a 1 (gol de Thomson); Jogo desempate (em casa novamente por acordo mutuo) Vitória pro 5 a 2 (gols de Thomson 3x, Ford, McNeil)
Segunda rodada x Arsenal (em casa) – Vitória por 1-0 (gol de Halse)
Terceira rodada x Manchester City (fora de casa) – Vitória por 1-0 (gol de Thomson)
Quarta rodada x Newcastle United (em casa) – Empate por 1-1 (gol de Thomson); Jogo desempate (fora de casa) – Vitória por 1 a 0 (gol de Ford)
Semifinal x Everton (campo neutro, na casa do Aston Villa) – Vitória por 2 a 0 (gols de Croal e Halse)