Entrevista: Lampard e os 500 jogos

O site oficial do Chelsea realizou uma entrevista com o meio-campo Frank Lampard que completou 500 jogos pelo Chelsea. O jogador assinou com os blues há dez anos, quando tinha apenas 22 anos, em 2001.

Lampard falou sobre os momentos mais marcantes de sua história no clube.

Qual é a  memória mais marcante de quando você entrou no clube?

Fiquei impressionado com o tamanho do clube e a expectativa de vencer.

Olhando para trás, depois de 500 jogos, como você definiria sua estreia?

Média, mas foi um grande momento pessoal e foi bom ser bem recebido pelos torcedores em Stamford Bridge. O empate com Newcastle não foi uma partida espetacular.

Você ainda se lembra de cada momento de seu primeiro gol, contra o Levski Sofia na Copa da Uefa?

Era um objetivo muito brando. Era mais uma sensação de alívio em marcar. Eu não me lembro muito. Parece que foi há muito tempo agora.

Como você definiria a derrota na final da FA Cup de 2002?

A decepção não foi tão grande, porque fomos mais fracos contra o Arsenal. Para mim, foi uma ocasião fantástica. Joguei minha primeira final pelo Chelsea e com o tempo vieram outras conquistas e derrotas maiores.

O que você estava pensando quando ficou sabendo que o clube estava em dificuldades financeiras no final da temporada 2002/03?

Estávamos todos com muito medo. Estávamos preocupados com nosso trabalho como jogadores de futebol, que normalmente se sentem seguros com seus contratos.  Pessoal e coletivamente, foi um momento assustador. Houve fofocas e fomos avisados sobre tudo o que estava acontecendo antes do último jogo da temporada contra o Liverpool.

Quando você foi deixado no banco na Champions League em sua primeira partida da na era Abramovich, você se sentiu assustado por deixar de ser titular?

Não. Isso foi um momento particular, mas desde então ficou claro que, se você não jogar o seu melhor você não estará na equipe. Eu sempre acreditei que se eu estou na minha melhor forma eu deveria estar na equipe. A partir daquele momento, a concorrência se tornou muito grande.

Além do jogo de Bolton, qual é sua memória favorita do primeiro título conquistado no clube?

O último jogo em casa da temporada contra o Charlton e as celebrações que se seguiram. O jogo Bolton aconteceu entre os jogos da semifinal da Champions e por isso não pôde comemorar muito. Contra o Charlton Makelele marcou e o valor dessa comédia e a forma como ele marcou, fizeram desse dia especial.

Será que ter vencido o campeonato contra o Bolton, em 2005, poucos dias antes do jogo da Liga dos Campeões, em Anfield, teve algum efeito no desempenho do time?

Foi muito difícil para nós. A temporada tinha sido esgotante. Mesmo assim, após o revés de ganhar o campeonato, o desejo de comemorar isso e não ser capaz de corretamente, e então ir até Liverpool e ficar em um hotel durante alguns dias não foi a preparação ideal. Possivelmente poderia ter sido diferente.

O segundo título da Premier parece relativamente simples de ser conquistado. Foi isso mesmo que aconteceu?

Sim, eu acho que foi porque a forma como jogamos na primeira metade da temporada nos deixou bastante confortável.

Na última temporada, no ano do Double, pareceu que era muito divertido jogar no Chelsea. Foi divertido para os jogadores?

Eu diria que os últimos 10 jogos foram, mas houve períodos da temporada, quando não era muito divertido porque não estávamos jogando bem, e fomos eliminados da Champions. Houve períodos em que foram muito divertidos, mas também houve alguns momentos difíceis.

Você estabeleceu um novo recorde do Chelsea em uma temporada, com 62 jogos em 2006/07. Como você se sentiu no final da temporada?

Lembro-me de volta para a final da FA Cup contra o Manchester United e eu me sentia cansado, então foi uma temporada longa e difícil. Terminamos com algumas glórias levantando a taça, mas eu sabia que tinha jogado 62 jogos.

Qual foi o melhor conselho recebido ao longo dos 500 jogos?

Ken Bates dizendo-me alguma coisa, não me lembro o que era. Ele me disse que você não pode fazer as coisas como um jogador se você sair muitas noites. E ele estava certo.

O que está faltando até agora?

Resposta óbvia – uma medalha de campeão da Champions League.

Durantes os 500 jogos, os resultados fora de casa se comparam favoravelmente com os de casa, o que é incomum no futebol. O que está por trás disso?

Tivemos uma equipe muito boa ao longo dos anos. Não é fácil qualquer fazer isso. Você pode relacionar esses resultados com o espírito de equipe que nos tem permitido conseguir resultados positivos.

Houve algum tempo em que a equipe viajava e sabia que estava indo para um jogo e não poderia perder?

Sim. No ano passado e durante algum tempo da era Mourinho. É uma sensação maravilhosa.

Melhor coisa que você já viu algum de seus companheiros de time fazer?

O gol Eidur Gudjohnsen contra o Leeds.

Quem é que vai ter mais jogos pelo Chelsea: você ou John Terry?

Provavelmente John, porque ele é mais novo. Mas quem sabe? Se eu posso jogar aos 40 vou colocar alguma pressão sobre ele.

Para você, quem foi o maior rival nos 500 jogos – Arsenal, Manchester United, Liverpool ou Barcelona?

Para mim, o Liverpool, sem dúvida. Sobretudo no período em que jogamos contra eles cinco vezes por temporada, durante quatro temporadas consecutivas.

Seu gol mais bonito?

Tecnicamente, eu costumava dizer que foi contra o Barcelona. Eu não tinha um bom ângulo e marquei. Mas eu acho que foi a um quando eu dominei no peito e marquei contra o Bayern de Munique.

O jogo 500 pareceu especial?

Sim, porque quando eu ouvi pela primeira vez sobre isso, eu  sentei  e pensei sobre o que aquilo significava e me deixou muito orgulhoso.  Eu tenho jogado em um dos maiores clubes durante 10 anos e eu consegui jogar com regularidade. Essa é provavelmente a minha maior conquista: ter permanecido na equipe, independentemente de quem é o técnico e os jogadores que jogam na mesma posição.