East Stand: Mais que apenas uma arquibancada do Stamford Bridge

Apesar de o Stamford Bridge ter sido erguido antes mesmo de o Chelsea ser fundado, o estádio e o clube sempre estiveram ligados um ao outro. As histórias que os dois construíram ao longo de mais de 100 anos juntos, são dignas de gigantes do futebol.

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O antigo Stamford Bridge: O Chelsea e o estádio já superaram muitas histórias juntos. (Foto: Chelseafc.com)

No início dos anos 70, o Chelsea conquistou dois dos grandes títulos de sua história: A Cup Winners Cup de 71, em cima do Real Madrid, e a FA Cup, contra o Leeds United, em uma das maiores finais da história da copa nacional.

As duas prestigiadas conquistas marcaram rapidamente o mandato do presidente Brian Mears, que havia assumido em 1969. O sucesso de Brian era evidente, todos estavam satisfeitos com a ascensão meteórica do gestor. Porém, o próprio presidente desejava mais, era ambicioso. Queria que sua passagem pelo Chelsea fosse marcada por algo maior que às glorias dentro das quatro linhas, e foi assim que surgiu o projeto para reformar e ampliar o Stamford Bridge. Ele não poderia prever tamanho erro.

As consequências do projeto ambicioso do mandatário foram as piores para qualquer clube de futebol no mundo: Anos depois do início das obras no Stamford Bridge, o Chelsea Football Club foi rebaixado para a segunda divisão do campeonato nacional e quase decretou falência.

O projeto

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A maquete do futuro Stamford Bridge.

O Chelsea era, sem dúvidas, um dos melhores times da Inglaterra. Foi então que despertou no seu presidente, Brian Mears, a seguinte ideia: ele queria ver os Blues atuando no melhor estádio do país. E a sua casa, o Stamford Bridge, apesar de sua grande fama, não era dono de tal prestígio.

E um projeto para reformar e ampliar o Stamford Bridge foi apresentado. O projeto, na época, foi considerado “o mais ambicioso já realizado na Grã-Bretanha”. Pois a sua estrutura e modernidade eram bastante à frente do seu tempo. Inicialmente, a nova capacidade do estádio suportaria 60 mil pessoas, podendo chegar ainda a 80 mil torcedores após novas, porém, menores obras.

A East Stand foi à primeira etapa do projeto. Os trabalhos começaram em junho de 1972.

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A East Stand foi totalmente demolida. (Foto: corbychelsea.com)

O Chelsea e o seu presidente Brian Mears nunca poderiam prever tamanho desastre pouco tempo depois de demolir parte do Stamford Bridge. Uma grande crise econômica afetou a Inglaterra.

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As obras foram prejudicadas durante à crise. (Foto: corbychelsea.com)

O aumento no preço dos materiais e na mão de obra, a escassez de ambos, e as constantes greves de trabalhadores trouxeram consequências terríveis no andamento das obras da East Stand. Sem sua arquibancada demolida e com suas obras atrasadas, o clube ainda se viu sem parte da receita de sua bilheteria.

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(Foto: corbychelsea.com)

A primeira parte do projeto, a arquibancada East Stand, ficou pronta com um ano de atraso e com um valor de £1.300.000 acima do orçamento inicial. Ela foi a única parte do projeto iniciada e, consequentemente, a única finalizada.

As dívidas eram um novo e perigoso adversário do clube. Que para piorar, não vinha bem dentro de campo.

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Na temporada 1974/75 a arquibancada impressionava. (Foto: corbychelsea.com)

Dívidas e rebaixamentos

Brian Mears desejava ver o Chelsea atuando no melhor estádio do país, mas com o fracasso do seu projeto e grandes dívidas, viu seu time se tornar em um dos piores do país. Dentro de campo o time londrino já não era o mesmo. Aquele time campeão da Copa Europeia e Nacional se perdeu em meios às obras da East Stand.

Os Blues terminaram em décimo segundo na temporada 1972/73 e em décimo sétimo na temporada seguinte. Bem longe do que a direção esperava.

No início da temporada 1974/75, Dave Sexton, que estava no clube desde 1967, foi demitido. O motivo era que o treinador havia perdido o comando da equipe. Tendo, inclusive, discutido com três dos grandes jogadores do elenco: Osgood, Webb e Hudson. Os atletas também não continuaram na equipe. Ron Stuart, que até então era auxiliar de Dave,  assumiu os Blues.

O resultado final daquela temporada foi desastroso: O Chelsea foi rebaixado para a segunda divisão do campeonato inglês. No mesmo ano às obras da East Stand foram finalizadas.

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East Stand – Um fim trágico: No ano de sua conclusão, o Chelsea foi rebaixado. (Foto: corbychelsea.com)

O Chelsea logo voltou à elite do futebol inglês. Na temporada 1976/77, houve a mistura de jovens talentos como Ray Wilkins e Steve Finnieston, com os veteranos Cooke, Harris e Bonetti. O time londrino alcançou o segundo lugar da tabela e subiu.

Os Blues estavam de volta à primeira divisão e também as contratações. O  clube ainda sofrera com a falta de verba. Entre agosto de 1974 (pouco antes da demolição da East Stand) e junho de 1978, o Chelsea não contratou um único jogador. Essa estatística mostra bem como os londrino sofreram sem dinheiro em caixa.

A volta à primeira divisão não passou de uma falsa impressão. O clube não conseguia lidar com as suas dívidas e foi novamente rebaixado em 1979.

Após quase falência, o fim da ‘era Mears’

O Chelsea continuava disputando a segunda divisão da Inglaterra e o seu déficit aumentavam a cada ano. O clube precisava de mudanças urgentemente. E ela aconteceu em 1981. Quando Brian Mears viu-se obrigado a renunciar ao cargo. Acabando assim com uma era de setenta e seis anos da ‘família Mears’ nos Blues.

O time londrino estava em uma grande crise. Não havia dinheiro nem para pagar os seus jogadores. Depois, o clube foi vendido.

O Chelsea foi adquirido por Ken Bates – que assumiu as dívidas do clube.

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Ken Bates, o novo presidente dos Blues. (Foto: dailymail.co.uk)

O Stamford Bridge havia sido transformado por Mears em SB Propriedades, separando assim, estádio e Chelsea. Ken Bates não comprou o Stamford Bridge, apesar de ter feito uma oferta.

Bates era dono dos Blues, mas o Chelsea não era dono do Stamford Bridge.

Mears então vendeu 70% do SB Propriedades para um grupo de desenvolvedores de propriedades, Marler Estates.

Apesar de tudo, o Chelsea continuou jogando no Stamford Bridge. Ken Bates havia fechado um acordo de aluguel do estádio por sete temporadas.

A Marler Estates e Ken Bates não tinham os mesmos planos de desenvolvimentos para o Stamford Bridge. Começaram assim, os conflitos entre as duas partes.

Ken Bates chegou a lançar uma campanha ‘Save the Bridge’, com o objetivo de arrecadar dinheiro para que o Stamford Bridge voltasse a ser somente dos Blues. Porém, sem sucesso. Somente em 1989 agiram os ‘deuses do futebol’. No ano em que o contrato de locação do Stamford Bridge acabaria, a Marler Estates vendeu sua parte para a Cabra Estates.

Em 1992, a Cabra Estates foi à falência.

Uma crise de mercado, em meados de 74, criou todos esses problemas financeiros aos Blues, e outra crise, em meados de 90, o fez retomar o Stamford Bridge.

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(Foto: corbychelsea.com)

Ken Bates criou uma organização sem fins lucrativos chamada CPO (Chelsea Pitch Owners), e através dos torcedores Blues o direito total sobre o estádio foi readquirido.

O Stamford Bridge não só voltava a ser do Chelsea, ele agora era dos seus mais fiéis e fanáticos fãs.

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Após isso, o Stamford Bridge pôde finalmente ter sua obra retomada. O estádio estava sobre ruínas, sem qualquer reforma por todo esse tempo. Somente a East Stand estava de acordo com a sua época. (Foto: Chelseafc.com)

Um novo projeto de reforma foi feito, dessa fez por Ken Bates

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Maquete apresentada por Ken Bates (Foto: theshedend.com)

O projeto apresentado por Bates previam hotéis, restaurantes e outras modernidades que já eram comuns em torno de um estádio de futebol nos anos 90.

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(Foto: corbychelsea.com)

A East Stand foi à única parte do estádio que não sofreu alteração em sua estrutura. Houve somente reformas de modernização na histórica arquibancada.

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(Foto: corbychelsea.com)

Após a conclusão das obras, o Stamford Bridge se tornou, sem dúvidas, um dos melhores e mais bonitos estádios da Europa.

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(Foto: goalzz.com)

Brian Mears: O triste fim de um torcedor Blue

Assim que deixou o Chelsea, Brian Mears mudou-se para os Estados Unidos, onde reconstruiu sua vida como um grande empresário. Brian ainda escreveu alguns livros onde conta histórias vividas nos Blues. Ele faleceu depois de um problema cardíaco aos 78 anos, em 28 de julho de 2009.

‘Joseph Brian Mears, simplesmente, nunca mais pisou em Stamford Bridge depois de ter deixado o clube.’

(Foto: Chelseafc.com)

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Article by: Chelsea Brasil

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