Como joga: Chelsea enfrenta o Aston Villa na volta da FA WSL

Após as duas semanas de data FIFA e da decisão da semi-final da FA Women’s Cup contra o Manchester City no último fim de semana, o Chelsea volta a campo pela FA WSL. Portanto, em confronto válido pela 6ª rodada, as Blues enfrentam o Aston Villa em Kingsmeadow neste sábado (6) às 9h30 no horário de Brasília. A partida será transmitida no FA Player.

De pronto, na véspera de cada jogo das Blues, o Chelsea Brasil, assim como faz com o masculino, traz para você um guia especial detalhando as adversárias. Este é o momento para conferir estatísticas, curiosidades e como joga a equipe rival!

Início instável, mas com muitas expectativas

Para a temporada atual, o Aston Villa trouxe Carla Ward para comandar a equipe. Muito mais que garantir resultados, Ward chega para subir o patamar do time e garantir o desenvolvimento. Não só os talentos individuais que o elenco tem, mas também o coletivo. Principalmente, porque o time se movimentou bastante no mercado na última janela do verão europeu.

Até aqui, após cinco rodadas, as Villans somam sete pontos e ocupam a 7ª colocação. São duas vitórias, um empate e duas derrotas – sendo essas duas derrotas nas duas últimas rodadas e ambas por um placar elástico. Dessa forma, são quatro gols marcados e nove sofridos. Ou seja, o saldo de gols é de -5.

Enfim, a tendência é que a nova treinadora e todo o elenco se desenvolvam ainda mais. Com o tempo, as táticas e ideias de Ward serão melhor entendidas e ela saberá melhor como aproveitar as peças que tem a sua disposição. Em síntese, é possível que o time desafie times do topo da tabela e consiga chegar ao Top 4 da liga.

A temporada 2020/21

Na última temporada, a campanha do Aston Villa na FA WSL acendeu muitos alertas. Desde o início, o time se viu na parte de baixo da tabela lutando contra o rebaixamento – o que aconteceu graças a uma série de cinco empates nas últimas rodadas.

Assim, a equipe terminou na 10ª colocação com 15 pontos: foram três vitórias, seis empates e 13 derrotas. Ainda mais, as Villans sofreram 47 gols enquanto marcaram apenas 15. Logo, o saldo de gols ao final da campanha ficou em -32. Em suma, com essa marca o time teve a segunda pior defesa do campeonato, ficando apenas atrás do rebaixado Bristol City.

Na Continental Cup, apesar do bom desempenho na fase de grupos, não foi longe na competição. Depois de passar em primeiro do grupo com três vitórias em três jogos, o Villa perdeu para o Bristol City por 2-1. Como resultado, acabou caindo nas quartas de final.

Por fim, na FA Women’s Cup, a equipe foram eliminada na quarta rodada pelo Manchester City após dura derrota pelo placar de 8-0.

Histórico do confronto

A primeira partida entre as equipes foi apenas em 2020. De lá para cá aconteceram mais três encontros:

  • 15/01/2020: Chelsea 3 x 1 Aston Villa (Continental Cup)
  • 17/10/2020: Aston Villa x Chelsea (FA WSL – cancelado por conta da pandemia)
  • 27/01/2021: Aston Villa 0 x 4 Chelsea (FA WSL)
  • 28/03/2021: Chelsea 2 x 0 Aston Villa (FA WSL)
  • 27/08/2021: Chelsea 1 x 0 Aston Villa (Amistoso de pré-temporada)

Nesse sentido, o Chelsea Women tem 100% de aproveitamento diante das adversárias deste sábado. Além disso, são 10 gols marcados pelas Blues enquanto apenas um foi concedido.

Fran Kirby e Anita Asante disputam a bola no último encontro entre as equipes (Créditos/Reprodução: Chelsea FC)

Portanto, a partida deste sábado será o quinto confronto entre as equipes – sendo o quarto por competições – e as Blues têm o histórico de desempenho a seu favor.

Último confronto

O jogo anterior entre Chelsea e Aston Villa por competições foi na 18ª rodada da FA WSL 2020/21. Naquela oportunidade, as Blues, jogando em casa, venceram pelo placar de 2-0, com os dois gols sendo marcados por Sam Kerr.

Pelo fato de o confronto ter acontecido entre as partidas decisivas das quartas de final da UEFA Women’s Champions League, Emma Hayes escalou um time misto para o jogo. De qualquer forma, as Blues dominaram em todos os aspectos durante toda a partida.

Além dos 74% de posse de bola a favor, as donas da casa finalizaram 18 vezes enquanto as adversárias apenas o fizeram uma vez. Chama atenção, no entanto, que apenas quatro finalizações do Chelsea foram no alvo naquela partida – o que explica o baixo placar, apesar do grande número de chances criadas.

As donas da casa abriram o placar pouco depois da metade da primeira etapa. Fran Kirby cruzou na medida para Sam Kerr. Mesmo marcada, a australiana subiu mais e cabeceou a bola deixando Lisa Weiß sem qualquer chance de defesa.

O Chelsea seguiu pressionando e criando, porém, só ampliaram o placar aos 12 minutos do segundo tempo. Mais uma vez, Kirby deu uma assistência para a camisa 20 marcar. Após pressão de Jessie Fleming na linha defensiva do Villa, a bola foi recuada para Weiß que afastou mal a bola. Como resultado, a bola sobrou nos pés da camisa 14 das Blues que cruzou para Kerr acertar um belo chute no ângulo e fechar o placar da noite.

Como joga?

Com a saída de 11 jogadoras e a chegada de novas 11. Assim como com a troca de comandantes e até mesmo a saída da diretora esportiva Eniola Aluoko, o Aston Villa veio para essa temporada para se renovar. E, se possível, elevar seu patamar – o que passa muito pela melhora defensiva da equipe.

Antes de chegar ao Villa, Carla Ward teve passagens como treinadora do Sheffield United e do Birmingham City. Sem dúvidas, sua figura foi central para que o Birmingham não fosse rebaixado na última temporada, apesar da grande crise que o clube enfrentava fora de campo.

Assim, a treinadora chega a um clube cuja situação é muito mais favorável para o crescimento e desenvolvimento da equipe feminina. Principalmente, em termos de apoio e investimento. Mesmo com um elenco menos forte do que aqueles considerados Top 4 da Liga, a tática ofensiva de Ward priorizando o trabalho e as trocas entre as meio campistas e as atacantes pode render grandes frutos.

Como aconteceu nas duas primeiras rodadas da FA WSL, as Villans pressionam bem suas adversárias, por vezes forçando erros – bem como procuram capitalizar a partir desses erros. Essa pressão, no entanto, não é constante. Mas, quando acontecem, são importante para dificultar as jogadas e movimentações das adversárias.

Enfim, contando com defensoras experientes Ward procura dificultar ao máximo a ação dos ataques de suas oponentes. Seja com uma linha de quatro ou cinco defensoras, a treinadora preza pela organização de sua última linha de marcação. Bem como promove o apoio das meio campistas – não só para ajudar na defesa, mas também para construção de descidas no contra-ataque.

Vai e vem do mercado de transferências

Das 11 jogadoras que deixaram o clube de Birmingham para esta temporada, sem dúvidas a que mais fará falta é Mana Iwabuchi. Principalmente, por conta de sua grande qualidade para construir jogadas – tanto pensando em opções de passe no meio campo e em direção ao ataque, como criando jogadas ofensivas com sua movimentação.

Contudo, a nova treinadora do time ganhou reforços importantes tanto para suprir as carências do elenco como para criar um equilíbrio entre juventude e experiência. Em primeiro lugar, Hannah Hampton vem do Birmingham City junto com Ward. A jovem goleira é uma grande promessa do futebol inglês e pode ser uma das chaves para a melhora defensiva da equipe.

Ainda mais, a defesa conta com novos nomes tanto para a zaga como para as laterais: Maz Pacheco, Meagan Sargeant e Sarah Mayling chegam para se juntar à Anita Asante para formar a linha defensiva titular da equipe. Por outro lado, no ataque, a grande novidade é Alisha Lehmann. A jovem suíça já tem experiência jogando na Inglaterra e tem muita qualidade para criar e finalizar no último terço do campo.

Por fim, a experiência também se faz presente no time. Além de Asante, que é o pilar defensivo da equipe, grandes jogadoras experientes chegaram para balancear ainda mais e exercer a liderança esperada: Emily Gielnik, Gemma Davison, Remi Allen e Ruesha Littlejohn.

Assim, com um bom equilíbrio no elenco e com uma treinadora jovem e que favorece os aspectos ofensivos da equipe a tendência é que o Villa siga melhorando seu jogo. Por mais que não seja um processo rápido, o clube tem tudo para fazer história na campanha atual e almejar patamares ainda mais altos no futuro.

Resultados recentes

Somando todas as partidas por competições do clube na temporada atual, o que melhor define o panorama geral é: equilíbrio. Até o momento são duas vitórias, dois empates (com um deles terminando em derrota nos pênaltis) e duas derrotas:

  • Aston Villa 2 x 1 Leicester City (FA WSL)
  • West Ham 1 x 1 Aston Villa (FA WSL)
  • Brighton 0 x 1 Aston Villa (FA WSL)
  • Aston Villa 0 x 4 Arsenal (FA WSL)
  • Reading 3 x 0 Aston Villa (FA WSL)
  • Liverpool 1 (5) x 1 (4) Aston Villa (Continental Cup)

No entanto, chama atenção a grande diferença na quantidade de gols concedidos e marcados. São 10 gols concedidos enquanto apenas cinco foram marcados. Ainda mais, só não sofreu gols em uma partida disputada até agora. Dessa forma, a fragilidade defensiva da equipe segue presente – o que é compreensível, visto que a defesa quase inteira chegou no Villa nesta temporada.

O equilíbrio, portanto, só se encontra nas porcentagens de vitórias, empates e derrotas – que são iguais. Nos jogos contra o Leicester City e o West Ham o time buscou, respectivamente, a vitória e o empate nos momentos finais da partida. O que mostra a resiliência, mas também acende um alerta.

Por outro lado, contra Reading e, sobretudo, Arsenal, o time não conseguiu buscar a reação. Mais que isso, não conseguiu parar os ataques adversários e impedir que o placar fosse ampliado. Da mesma forma, o time também não marcou gols nessas partidas – o que demonstra a dificuldade de criação de alternativas ofensivas diante de defesas mais fortes e organizadas.

Esquema principal do Villa até aqui

Em cinco das seis partidas das Villans, Carla Ward preferiu o esquema do 4-2-3-1. De forma que fosse possível garantir uma consolidação defensiva mas sem abrir mão da ofensividade. Isso porque, com as três meias atacantes e com uma centroavante permitem a maior movimentação no terço ofensivo do campo.

Escalação do Villa contra times de meio de tabela. Foto: ShareMyTatics.com

Nesse esquema, as três meias mais avançadas conseguem se movimentar bem entre si e também com a atacante Boye-Hlorkan. As alas, assim, também são importantes para realizar a construção das jogadas e eventualmente finalizar – com destaque para Lehamnn pelo lado direito.

Com isso, a troca de passes curtos é preferida. No entanto, as bolas longas se tornam uma alternativa, ainda mais com a participação e o apoio das meio campistas centrais. Mas não somente. Os passes longos conectando com as alas também são importantes na criação do time. Sobretudo porque com as descidas pelas laterais é possível criar espaços no meio permitindo a descida das meias centrais e defensivas. Bem como das outras meias atacantes e da centroavante, que pode entrar na área com mais facilidade para receber o passe e finalizar.

A linha defensiva com quatro jogadoras, por um lado, é importante para ajudar na estruturação dos contra-ataques e conectar tanto com o meio como com o ataque. Por outro lado, a linha defensiva do Villa se posiciona de forma a obrigar as adversárias a construir suas jogadas com amplitude – o que permite mais trocas de passes longas que podem resultar em erros e permitir contra-ataques.

O esquema especial no jogo contra o Arsenal

5-4-1 usado contra o Arsenal no último dia 2 de outubro. Foto: ShareMyTatics.com

O confronto contra as Gunners foi o primeiro do Villa contra um time considerado Top 4 na liga até aqui na temporada – o segundo será o deste fim de semana contra as Blues. Acima de tudo, a grande surpresa naquela partida foi a opção de Ward por uma linha com cinco defensoras.

Ofensivamente, a equipe abdicou da bola, ficando com apenas 23% de posse, e buscou se aproveitar de erros das adversárias. No entanto, o Arsenal não dava muita oportunidades. Na verdade, o Villa só teve uma finalização no alvo, ainda no início do jogo. Após um erro de passe das Gunners na intermediária de seu campo defensivo, Boye-Hlorkah ficou com a sobra e obrigou Manuela Zinsberger a afastar a bola com a ponta dos dedos. Depois, as finalizações não levaram perigo direto.

Na defesa, por outro lado, as quatro meias compactavam suas linhas e se aproximavam da linha de cinco formada pelas defensoras. Como resultado o time ficava com quase em um 9-0-1. Apenas Boye-Hlorkah ficava afastada da área, mas ainda no campo defensivo do Villa.

As Gunners tem um ataque muito forte, em especial por conta da presença de Vivianne Miedema. Que além de finalizar, distribui assistências e se movimenta de forma a criar espaços para suas companheiras. Em todos os momentos, uma defensora estava com a camisa 11 do Arsenal, criando algum espaço Mas somente na segunda etapa as vermelhas londrinas conseguiram aproveitá-lo.

Apesar de não ter sido fácil furar a defesa, após o gol sofrido o Villa  deixou espaços e acabou cometendo erros. Dessa forma, o jogo terminou em 4-0 para as Gunners, que tiveram que ser pacientes para construir o resultado.

Provável escalação e expectativas

A princípio, Carla Ward deve apostar no mesmo esquema de 5-4-1 para enfrentar as Blues. Apesar da grande possibilidade de Emma Hayes escalar um time misto para o confronto, visto que no meio de semana as Blues jogarão contra o Servette na UWCL.

De qualquer forma, as peças e movimentações ofensivas são a grande marca do Chelsea, Mesmo que sem o trio Pernille Harder, Kerr e Kirby completo. Além disso, as alas meio-campistas se mostram como peças chave para o time de Hayes por conta de sua participação ativa no ataque. Portanto, quanto menos espaço as Blues tiverem para chegar ao gol, melhor será para o time de Ward.

Assim, o Aston Villa deve entrar em campo para o confronto em Kingsmeadow com: HamptonMcLoughlin, Sargeant, N’Dow, Asante e Pacheco; Petzelberger, Allen, Arthur e Lehmann; Boye-Hlorkah. É provável, também, que a postura do time seja a mesma do que contra o Arsenal – abdicar da posse de bola e apostar no contra-ataque. A grande diferença será, porém, que o Chelsea joga com três zagueiras. Dessa forma, os ataques rápidos com as descidas de Lehmann e Boye-Hlokhan, principalmente, podem levar perigo às Blues.

Nesse sentido, ambas as treinadoras deverão se preocupar muito com suas defesas. Ainda mais Emma Hayes, que deve buscar a vitória para manter a diferença de três pontos em relação ao Arsenal – atual líder da FA WSL.

Por fim, o Chelsea deve aproveitar a qualidade de suas defensoras para desequilibrar ainda mais o confronto. As meias centrais devem aparecer e auxiliar bem na distribuição de campo, ainda mais pelas laterais do campo. Levando em conta que a estratégia com cinco defensoras é usada justamente para levar as adversárias a jogarem em amplitude, as alas das Blues serão centrais na construção de jogadas, principalmente a partir de ações individuais.

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Article by: Nathalia Tavares