De volta aos trabalhos após a data FIFA, o Chelsea Women tem um grande jogo pela frente. Ainda pela FA Women’s Cup 2020/21 – que acabou sendo paralisada por conta da pandemia e segue em disputa no início desta temporada – o time de Emma Hayes enfrenta o Manchester City neste domingo (31). A partida será no Academy Stadium, em Manchester, e terá início às 10:45 no horário de Brasília e transmitida será na ESPN2 e no Star+.
De pronto, na véspera de cada jogo das Blues, o Chelsea Brasil, assim como faz com o masculino, traz para você um guia especial detalhando as adversárias. Este é o momento para conferir estatísticas, curiosidades e como joga a equipe rival!
Início marcado por ausências e instabilidade
O início de temporada das Citizens está bem longe do esperado para o time. Principalmente, levando em conta as campanhas anteriores.
Em primeiro lugar, com as ausências na equipe por conta das Olimpíadas, o clube optou por não realizar amistosos de pré-temporada. Nesse sentido, a temporada começou com as partidas da fase preliminar da UEFA Women’s Champions League – com a derrota para o Real Madrid, o City acabou sendo eliminado antes mesmo de chegar à fase de grupos. Além disso, no momento, ocupa a 9ª colocação da FA WSL.
No entanto, existe uma razão para os resultados e campanhas até aqui: o grande número de lesões no elenco. Ainda na última temporada, a atacante Chloe Kelly lesionou o ligamento anterior cruzado e está fora desde então. A camisa 9 das Citizens vinha em grande fase e decidia algumas partidas. Ainda na pré-temporada, Lucy Bronze, Keira Walsh e Ellen White sofreram lesões – Bronze operou o joelho e ficará fora do time por algum tempo, enquanto Walsh e White já estão à disposição do técnico Gareth Taylor.
Da mesma forma, a defesa tem desfalques importantes no longo prazo: a goleira Ellie Roebuck e sua reserva imediata Karen Bradsley estão lesionadas. Assim como as zagueiras Steph Houghton e Esme Morgan, que fraturou a perna em setembro. Por fim, as recém-chegadas Hayley Raso e Vicky Losada também estão fora do confronto por causa de lesões.
Apesar das campanhas ruins da liga e na competição europeia, o City chegou à semi-final da FA Women’s Cup após grande vitória sobre o Leicester City por 6-0. Bem como bateu o Everton na abertura da Continental Cup, garantindo a liderança momentânea do grupo.
Grandes diferenças em relação à temporada passada
Na última temporada, o Manchester City terminou na 2ª colocação da FA WSL, em um título que foi decidido no confronto direto contra entre Citizens e Blues nas rodadas finais. Nesse sentido, o City terminou com 55 pontos – 17 vitórias, quatro empates e apenas uma derrota – e com um saldo de gols de +52 (65 gols feitos e apenas 13 concedidos).
Por outro lado, na campanha atual o clube conquistou apenas quatro dos quinze pontos disputados até o momento – uma vitória, um empate e três derrotas. Ainda mais, já sofreu quase a mesma quantidade de gols que sofreu na campanha passada inteira. São 11 gols sofridos e sete marcados nas primeiras cinco rodadas.
Na Continental Cup 20/21, por sua vez, o time passou com facilidade pela fase de grupos: terminou em 1º em um grupo que tinha Everton, Liverpool e Manchester United. Assim, o City passou para as quartas de final, fase na qual acabou eliminado pelo Chelsea Women. Após empate no tempo regulamentar, as Blues marcaram dois gols ainda no primeiro tempo da prorrogação derrotaram as Citizens por 4-2.
Enfim, para chegar à semi-final da FA Women’s Cup deste fim de semana, o Manchester City bateu Aston Villa, West Ham e Leicester. Até aqui, as Citizens venceram todas as adversárias por placares bastante elásticos: 8-0 (vs. Villa), 5-1 (vs. West Ham) e 6-0 (vs. Leicester). Por último, as Citizens também jogaram a UWCL na última temporada, sendo eliminadas pelo Barcelona nas quartas de final pelo placar agregado de 4-2 em favor das catalãs.
Histórico do confronto
Em especial nas últimas temporadas, Chelsea e Manchester City tem protagonizado grandes embates no cenário do futebol feminino inglês. Até aqui são 25 partidas disputadas entre as equipes com sete empates e nove vitórias para cada lado.
As diferenças de placar tendem a ser pequenas nos confrontos. Assim, o placar mais elástico do confronto foi a vitória por 4-2 do Chelsea na semi-final da Continental Cup 2020/21. Por outro lado, o City, até hoje, não marcou mais de três gols sobre as Blues em uma única partida – o que aconteceu no empate em 3-3 na temporada 2019/2020 da FA WSL.
Mais ainda, somando os placares dos encontros anteriores são 33 gols marcados pelo Chelsea e 31 gols das Citizens. Nesse ínterim, apenas duas partidas terminaram pelo placar de 0-0. Em outras palavras, apenas dois confrontos terminaram sem gols marcados por ambas as equipes. Tal fato se explica pelas grandes capacidades e qualidade ofensivas das equipes, mesmo com defesas sólidas dos dois lados.
O encontro anterior
Na última vez que as equipes se encontraram, Chelsea e Manchester City empataram em 2-2 no Academy Stadium em abril deste ano. No fim das contas, o confronto acabou decidindo o título do campeonato inglês feminino da temporada passada – com o empate, as Blues conseguiram manter a vantagem sobre o City na classificação e a seguraram até a última rodada.
Jogando em casa, o City começou melhor o jogo e conseguiu controlar bem a posse de bola durante toda a partida. No entanto, não se aproveitaram do controle que tinham. Nesse sentido, aos 25 minutos da primeira etapa Sam Kerr abriu o placar para o Chelsea após cobrança de escanteio de Erin Cuthbert.
Pouco depois, as Citizens empataram a partida após a linha defensiva das Blues falharam em cortar o passe. Lauren Hemp cruzou e a bola passou por todas as jogadoras na área até sobrar com Chloe Kelly que só teve que empurrar a bola para dentro do gol.
Ainda no primeiro tempo, Kerr foi derrubada na área pela goleira Ellie Roebuck. Então, Pernille Harder bateu o pênalti e colocou o Chelsea de volta na frente. Ao fim da primeira etapa, o placar era de 2-1 em favor das Blues.
A contagem foi alterada novamente apenas dentro dos 20 minutos finais da partida. Novamente, o City se aproveitou de um erro defensivo para marcar. Millie Bright não conseguiu afastar o cruzamento de Kelly, que sobrou para Hemp igualar o placar.
Sem dúvidas, o grande nome do jogo foi Ann-Katrin Berger. Graças a goleira, as Blues voltaram para Londres com um empate. A camisa 30 defendeu uma bela cabeçada de Hemp após cobrança de escanteio já nos minutos finais do jogo. Assim, o jogo terminou em 2-2 e o time de Emma Hayes ficou ainda mais perto do título.
Como joga?
Sem dúvidas, o time conta com desfalques importantes. Ainda mais contando com a saída de Sam Mewis, que voltou à liga americana. Da mesma forma deixaram o clube Abby Dahlkemper, Lee Geum-min, Aoife Mannion, Rose Lavelle, Megan Campbell e Tyler Toland. Assim, chegaram para reforçar o elenco a zagueira Alanna Kennedy; as meias Ruby Mace, Filippa Angeldal e Vicky Losada; e as atacantes Hayley Raso e Khadija Shaw.
Nesse sentido, o plantel está bastante mudado em relação ao da temporada passada e o encaixe entre as jogadoras levará algum tempo. Porém, a opção por não disputar jogos na pré-temporada e o grande número de lesões no elenco deixaram ainda mais evidentes algumas fragilidades e dificuldades enfrentadas pelo time de Gareth Taylor.
Os problemas são tanto ofensivos como defensivos e não são somente táticos. A tomada de decisão das jogadoras dentro de campo tem sido ruim em inúmeros jogos. Dessa forma, com as ausências de longo prazo e com o ganho de ritmo gradual, a equipe deve fazer ajustes caso queira, ao menos, disputar uma vaga na próxima UWCL.
Falta de objetividade no ataque…
Na última temporada, o City teve o segundo melhor ataque da FA WSL – ficando atrás apenas do Chelsea. Nas outras competições, também, o clube de Manchester protagonizou goleadas contra as adversárias. Da mesma forma, o time foi um dos que melhor cuidou da bola, tendo uma média de mais de 60% de posse nos jogos da última temporada.
Uma das grandes características ofensivas das Citizens era a amplitude de suas jogadas e descidas. Logo, as defesas adversárias eram obrigadas a se abrir. Como resultado, enquanto as alas criavam esses espaços, as atacantes e meias centrais se ocupavam dos espaços criando chances e até mesmo marcando gols. Nesse sentido, a adição de Bunny Shaw no elenco se mostrou quase que como ideal.
No entanto, até o momento na temporada, o City não conseguiu encaixar esse estilo de jogo e não achou boas alternativas para fazer o ataque funcionar. Dessa forma, fica evidente que o time tem um estilo de jogo único e pouco flexível. Então, quando as adversárias conseguem impedir as construções de jogadas da forma preferida pelas Citizens, o ataque se torna ineficiente.
Outra questão que chama atenção, até aqui, é o número elevado de chances perdidas no ataque. Mesmo diante da dificuldade de criação, jogadas ofensivas são criadas, muitas delas gerando chances claras de gol. Porém, as atacantes não conseguem convertê-las.
… e de atenção na defesa
Por outro lado, defensivamente, uma questão tem sido destaque: a grande quantidade de espaços deixados. Com isso, as adversárias conseguem explorá-los e chegar mais facilmente ao gol. Isso demonstra porque, ainda antes do fim do primeiro turno, o time já concedeu quase a mesma quantidade de gols que concedeu em toda a campanha passada da FA WSL.
Mais que movimentações erradas das defensoras, fica evidente também a falta de cobertura da marcação em cobrir as jogadas. Em outras palavras, quando uma defensora tenta fechar o espaço deixado, ninguém vai ocupar o lugar dela. Logo, a chance de as atacantes adversárias acharem e ocuparem tais espaços se torna muito maior – sejam eles em que parte do campo ofensivo forem.
Por último, a postura de marcação “em zona” acaba sendo exposta, sobretudo, em situações de contra-ataque. Ou seja, o time de Taylor tende a ficar postado na defesa, não promovendo uma marcação alta ou buscando pressionar a jogadora adversária que tem a posse de bola. Desse modo, ainda mais espaços aparecem e, aqui, não só para finalizar. Mas também para construir as jogadas.
Decisões erradas têm pesado
Os aspectos mencionados como fragilidades tanto no ataque como na defesa são muito mais que consequências de uma tática falha. Dentro de campo, as jogadoras acabam tomando decisões erradas que, em última instância, tornam vulnerabilidades do time ainda mais evidentes.
Em descidas de contra-ataque, por exemplo, não há uma comunicação do time. Assim, a jogadora que conduz a bola e tenta puxar o ataque acaba se vendo sozinha. Com isso, ou a jogada acaba morrendo ou ela é obrigada a atrasar a bola, permitindo que a defesa se recomponha.
As escolhas de passe também tem se mostrado um problema. Por vezes, opções erradas acabam minando boas jogadas de ataque. Por outro lado, também, passes errados permitem a construção de contra-ataques pelas adversárias.
Resultados recentes
O City chega para a partida com uma sequência de resultados bastante irregular:
- Arsenal 5 x 0 Manchester City (FA WSL)
- Manchester City 6 x 0 Leicester City (FA Women’s Cup)
- Manchester City 0 x 2 West Ham (FA WSL)
- Man. United 2 x 2 Man. City (FA WSL)
- Manchester City 5 x 1 Everton (Continental Cup)
Em suma, são duas vitórias nos últimos cinco jogos. Além disso, os placares são elásticos tanto em favor como contra as Citizens. Nesse sentido, é nítida a instabilidade da equipe de Taylor no momento.
Por outro lado, o Chelsea de Emma Hayes não perdem desde a derrota para o Arsenal na abertura da Women’s Super League. No entanto, isso não significa que tudo sejam flores em Londres.
Provável escalação
Sem muitas opções no elenco, Gareth Taylor não deve mudar muito o time em relação aos jogos anteriores. Até porque, o treinador tem tido que improvisar jogadoras fora de posição por conta da falta de substitutas. Tanto por conta das lesões como pelo fato de as jogadoras contratadas que vieram de outros times ingleses não poderem jogar a FA Cup porque a competição é referente a temporada 2020/21.
Portanto, ao que tudo indica o Manchester City deve entrar em campo com a formação de 4-3-3 com: Benameur; Stokes, Greenwood, Scott e Stanway; Weir, Walsh e Coombs; Shaw, White e Hemp. Enquanto, no banco, Taylor deve ter a sua disposição: Janine Beckie, Filippa Angeldal, Jessica Park e Khiara Keating. Pode ser que a escalação, no final das contas, seja diferente e que outros nomes apareçam entre as reservas.
Apesar da má fase que o time atravessa, a partida tem muita importância e pode ser a virada de chave que o City precisa. Por isso, o time deve buscar mostrar sua ofensividade durante a partida. Em especial com a velocidade de Bunny Shaw pela esquerda e de Lauren Hemp pela direita. Sem falar de Ellen White, uma das grandes finalizadoras da liga e que costuma deixar o dela contra as Blues.
Logo, o ataque vai ser o foco para as Citizens já que vêm com uma defesa bastante desfalcada e repleta de improvisos. Ainda mais, um número considerável de titulares do time serviu suas seleções nesta data FIFA e têm jogado em uma frequência muito grande por conta da situação das lesões.
O que as Blues devem fazer para chegar à final?
Não é segredo que um grande fator de preocupação no Chelsea Women atualmente é a defesa. Desde o início da temporada, Emma Hayes está insistindo numa formação de 3-4-3 que não tem dado muito certo. Apesar de conseguir vencer e, por vezes, com autoridade, as Blues têm sua defesa vazada em muitas oportunidades. Por exemplo, nas cinco primeiras rodadas da FA WSL do ano passado o time sofreu apenas três gols, enquanto nesta temporada já sofreu cinco.
Fora os três gols sofridos contra o Wolfsburg e o outro contra a Juventus na UWCL. Nesse sentido, não é apenas a questão tática, mas também de falhas individuais. Assim, uma das chaves para o confronto deste fim de semana será a postura e a organização ofensiva das Blues. Especialmente porque a formação com três zagueiras acaba deixando as laterais um pouco mais vulneráveis. E é exatamente pelos lados do campo que o City gosta de construir suas jogadas. Nesse sentido, as alas meio-campistas do Chelsea terão um papel ainda mais para apoiar na marcação. Caso contrário, as Citizens podem se aproveitar muito e machucar muito a defesa das Blues.
Por outro lado, no ataque, o time de Emma Hayes tem que se aproveitar da movimentação de suas três jogadoras de frente: Sam Kerr, Fran Kirby e Pernille Harder. Além disso é importante que as meias contribuam com a construção de jogadas e com o controle da posse de bola. O Chelsea, provavelmente, terá uma superioridade numérica nas descidas, o que pode ser favorável diante defesa desfalcada do Manchester.
Então, para garantir a vaga na final o Chelsea deve imprimir seu ritmo de jogo. Mais que isso, a equipe tem que ser clínica ao finalizar – não pode finalizar mais de 20 vezes, com mais de 10 chutes ao alvo, e fazer apenas dois gols. As Blues devem se aproveitar melhor das situações claras de gol criadas durante a partida. Sobretudo em uma partida de semi-final. Por fim, a defesa deve se postar bem, de forma a dificultar as finalizações de descidas ofensivas do City.