Por conta da pandemia, a Women’s FA Cup da temporada passada seguirá sendo disputada em 2021/2022. A competição está nas quartas de final e o duelo entre azuis acontecerá para decidir uma das semi-finalistas da Copa. Então, o Chelsea Women enfrentará o Birmingham City Women no St. Andrews Stadium, nesta quarta-feira (29), às 15h45 no horário de Brasília. O confronto terá transmissão no FA Player.
De pronto, na véspera de cada jogo das Blues, o Chelsea Brasil, assim como faz com o masculino, traz para você um guia especial detalhando as adversárias. Este é o momento para conferir estatísticas, curiosidades e como joga a equipe rival!
Quem perder fica de fora
Ambas as estão em momentos muito diferentes de suas trajetórias no momento atual do futebol feminino inglês. Se há alguns anos, o Birmingham era uma grande potência, disputando títulos e até mesmo desafiando à nível europeu, agora, isso parece uma realidade distante. Ao passo que o Chelsea Women teve uma ascensão considerável dentro do país e do continente nesse ínterim.
Da mesma forma que para o masculino, a Women’s FA Cup tem bastante relevância no futebol feminino inglês. Sendo assim, as Blues do oeste da Inglaterra chegam às quartas de final em busca da classificação para a próxima etapa, para que possam conquistar seu primeiro título da competição em 10 anos. Enquanto isso, passando para a semifinal o Chelsea terá a chance de chegar à sua quinta final na última década. Além de poder ser a chance de conquistar o troféu pela terceira vez na história do clube da capital.
Apesar dos momentos contrastantes que vivem os dois clubes, o encontro entre as equipes neste meio de semana pode acabar dando uma dor de cabeça para os torcedores. Antes de tudo, competições eliminatórias sempre podem trazer grandes surpresas. Então, nem sempre o favoritismo acontece dentro de campo. Ainda mais, alguns dos últimos confrontos entre os lados azuis deram bastante sustos para o Chelsea Women, que conseguia dominar a partida, mas não o placar.
A última temporada
Durante grande parte da FA WSL, o Birmingham esteve nas últimas colocações na tabela. Dessa forma, acabou brigando com West Ham, Aston Villa e Bristol City para garantir sua permanência na elite do futebol feminino inglês. Afinal, terminou em 11º lugar, com apenas dois pontos a mais que o Bristol City, que foi rebaixado para a Championship.
Em 22 rodadas o clube somou apenas 14 pontos. Nesse ínterim foram 13 derrotas, seis empates e apenas três vitórias. Além disso, o saldo de gols final foi de -29 com 44 gols sofridos e somente 15 feitos ao longo do campeonato.
Na Continental Cup, as blues não conseguiram a classificação para a fase de mata-mata. Em suma, terminaram em segundo do grupo E com apenas quatro pontos feitos. Por isso, não conseguiram se qualificar como uma das melhores campanhas de segundo lugar e acabaram sendo eliminadas. Por último, resta a Women’s FA Cup e a partida contra o Chelsea determinará o destino do Birmingham na competição.
Histórico do duelo entre Blues
O jogo de quarta será 20º encontro entre as equipes nos últimos nove anos. Nesse sentido, nos 19 confrontos anteriores foram: 11 vitórias do Chelsea, cinco vitórias do Birmingham e três empates. No entanto, nas últimas duas temporadas o domínio da equipe de Londres se tornou evidente – são quatro jogos de invencibilidade.
A média de gols nos últimos cinco encontros entre as azuis é de quatro por partida. Porém, há um grande desequilíbrio na quantidade de gols marcados por cada equipe. Ao passo que o Chelsea marcou 17 gols, o Birmingham marcou apenas três.
Do mesmo modo, nem sempre os placares foram elásticos em favor das Blues. Desses 17 gols marcados, 12 foram marcados em apenas duas partidas – ambas vitórias por 6-0. Nesse sentido, os outros cinco gols foram marcados em outros três jogos: em duas vitórias do Chelsea por 1-0 e 2-0, assim como no confronto que terminou 3-2 para o Birmingham.
De acordo com o histórico recente entre as equipes, o Chelsea tende a controlar o jogo em todos os aspectos. Mesmo com resultados magros, a posse de bola e o número de chances criadas são muito superiores para o lado das azuis de Londres. Então, acaba restando ao Birmingham se defender e buscar explorar os contra-ataques, que não aparecem com frequência.
O último confronto
O último encontro entre as equipes foi em abril deste ano. Em Kingsmeadow, em jogo válido pela 19ª rodada da FA WSL, acabou em uma grande vitória do Chelsea por 6-0. Juntamente com o hat-trick de Sam Kerr, dois gols de Fran Kirby e um de Guro Reiten fecharam o placar.
A equipe londrina dominou o confronto do início ao fim, tanto em termos de posse de bola como de finalizações. Por outro lado, além de não conseguir manter a posse, o Birmingham não conseguiu finalizar – foram três chutes durante toda a partida e nenhum em direção ao gol.
Kerr abriu ao placar aos 25 minutos do primeiro tempo, aproveitando um rebote da goleira Hannah Hampton após uma finalização de Erin Cuthbert. Ainda na etapa inicial, a camisa 20 do Chelsea marcou mais dois gols. Assim, antes do intervalo o placar já estava em 3-0.
O placar só foi ampliado aos 16 do segundo tempo. Depois de um belo passe de Bethany England, Kirby finalizou de dentro da pequena área fazendo 4-0 para as donas da casa. Pouco depois, a camisa 14 deu uma assistência para Guro Reiten fazer mais um.
Por fim, já nos acréscimos da etapa complementar, Super Fran apareceu novamente para marcar o sexto gol das Blues. Como resultado, o Chelsea Women seguiu na liderança do campeonato, bem como mostrou suas credenciais no momento mais crucial da temporada. Ao passo que, com a derrota, o Birmingham se viu ainda mais ameaçado pela chance de rebaixamento.
Como joga?
Mesmo sendo uma equipe de bastante tradição, as últimas temporadas têm sido desafiadoras para o time do oeste do país. Devido às dificuldades do clube, o time feminino do Birmingham acabou sendo alvo de uma redução de investimentos. Inclusive, já no fim da última temporada, as jogadoras enviaram uma carta formal ao clube ressaltando que as condições de trabalho as impediam de realizá-lo da melhor forma. Em outras palavras, as jogadoras pediam por apoio na estruturação do time, atenção ao orçamento dado ao futebol feminino e melhorias nas instalações do clube.
Sob o comando de Carla Ward na última temporada, a equipe se tornou mais organizada e conseguia dar trabalho para as equipes da liga. Até mesmo as do topo da tabela. Na formação do 4-1-4-1 preferida pela treinadora, as meio campistas eram essenciais para fazer a infiltração e aumentar a ameaça tanto por jogadas pelo centro do campo como por cruzamentos pelas laterais.
Ao mesmo tempo, a organização defensiva também era um aspecto central. A treinadora optava por uma abordagem de contra-ataque nos jogos. Sendo assim, a defesa se encontrava bem postada e por muitas vezes os adversários tinham dificuldades em quebrá-la. Da mesma forma, em algumas situações as jogadoras defensivas buscavam pressionar na marcação para retomar a posse de bola.
Após um início animador de um Birmingham mudado e que parecia que iria se afastar da zona de rebaixamento, o desempenho da equipe acabou caindo. Principalmente por conta do que acontecia nos bastidores do clube. Em síntese, ao final da temporada Ward se afastou do cargo de treinadora das blues e o time teve que se renovar nesta pré-temporada.
Mudança de comando e de filosofias
Diante disso, o treinador Scott Booth chega para o clube depois de uma passagem de seis anos no Glasglow City. No clube escocês ele foi bastante vitorioso, conquistando o título da liga nacional por quatro temporadas consecutivas. Além de ganhar também uma Scottish Women’s Cup em 2015. Acima de tudo, Booth chega ao Birmingham com uma grande bagagem e experiência para ajudar as blues a escaparem do rebaixamento.
Além disso, o técnico terá que enfrentar os desafios nos bastidores do clube, buscando acalmar os ânimos entre o elenco e uma diretoria que tem demonstrado problemas para gerir o futebol feminino.
Juntamente com o novo comandante, o elenco conta com um elenco bastante renovado. Em outras palavras, 15 jogadoras chegaram na última janela de verão, enquanto outras oito deixaram o clube. Dessa forma, será necessário ensinar as novas táticas e entrosar o elenco para melhorar o desempenho durante a temporada.
Sob o mesmo ponto de vista, um diferencial grande que Booth terá no Birmingham é a possibilidade de mesclar jogadoras jovens e experientes no time. Definitivamente algo que pode ser positivo para os próximos anos de trabalho do treinador, bem como para o futuro.
Resultados recentes
Sem amistosos de pré-temporada, o Birmingham City teve sua primeira partida da temporada apenas com o início da FA WSL. Nesse sentido, foram apenas três jogos da equipe até o momento e os resultados não são muito animadores:
- 04/09: Tottenham 1 x 0 Birmingham City (FA WSL)
- 12/09: Birmingham City 0 x 5 Brighton (FA WSL)
- 25/09: Everton 3 x 1 Birmingham City (FA WSL)
A falta de amistosos de pré-temporada é um fator que afeta diretamente o nível de preparo físico para as partidas. Somado a isso, o clube está com um novo treinador no comando e nem sempre a adaptação ao novo estilo de jogo ocorre rapidamente. Todavia, o desempenho do clube nas primeiras aparições desta temporada acende um alerta. Em especial para uma equipe que almeja se distanciar da parte debaixo da tabela.
Logo, é possível que o desempenho do Birmingham seja elevado com o decorrer da temporada. E uma partida de quartas de final pode ser o palco perfeito para demonstrar a força e a competitividade do clube e alterar um pouco o momento. Ainda mais em um confronto contra uma das equipes mais fortes do país na atualidade.
Provável escalação e expectativas
Scott Booth deve mandar o time ao campo na formação 4-3-3, que vem sendo utilizada por ele desde que assumiu o clube. Logo, levando em conta as escalações recentes, é provável que o Birmingham entre em campo com: Ramsey; Holloway, Lawley, Louise Quinn e Scott; Finn, Robertson e Lucy Quinn; Sarri; Ewens e Pennock.
Nos jogos que disputou nesta temporada, o Birmingham tem sido bastante pressionado pelas adversárias. Como resultado, as blues tem uma média de apenas 34% de posse de bola até o momento.
Assim também, ficou evidente a dificuldade em aproveitar as chegadas ao ataque. São apenas nove chutes ao gol até o momento na temporada e um gol marcado. Em contrapartida, a equipe já sofreu nove gols e teve quase o dobro do número de chutes ameaçando sua meta.
Por outro lado, há fatores positivos. Por exemplo, Veatriki Sarri, que chegou na última janela, é um dos destaques até o momento. Atuando na ponta esquerda, ela consegue criar e apoiar descidas importantes ao ataque pelo lado onde joga. Até o momento quase 50% das jogadas de ataque das blues ocorrem pela esquerda, enquanto o setor central é o menos explorado.
Em síntese, é evidente o favoritismo do Chelsea para a partida, ainda mais com um início de temporada turbulento das adversárias. Porém, mesmo com um elenco pouco entrosado, existe a possibilidade que as qualidades individuais sobressaiam e as azuis do oeste da Inglaterra podem ameaçar as azuis da capital.
Sem dúvidas, caso o Chelsea consiga controlar a partida fora de casa e se organizar de forma sólida defensivamente, a equipe de Emma Hayes pode retornar para casa com a classificação para a semifinal da Copa.