O Chelsea Brasil está fazendo uma série de textos especiais que antecedem o início da nova temporada da Premier League. O último é sobre o estádio. A cada dia um texto sobre o time londrino, jogadores do elenco e considerações sobre as melhores possibilidades para deixar o elenco dos Blues, ainda mais forte.
A grande maioria sabe que o Stamford Bridge é a casa do Chelsea Football Club, mas poucos realmente sabem que não foi assim desde o começo, e que a nossa casa é um lugar com uma boa historia. E nesse contexto que os Blues mandam os seus jogos.
O começo
A casa dos Blues foi oficialmente inaugurada no dia 28 de abril de 1877. Inicialmente, ela servia como uma arena esportiva, utilizada quase que exclusivamente pelo Clube de Atletismo de Londres. E foi assim até que, em 1905, Henry Augustus “Gus” Mears e seu irmão, Joseph Teophilus “JT” (coincidência?) Mears, adquiram a propriedade da arena, visando construir um lugar para um novo esporte que ambos estavam apaixonados: o futebol.
A princípio o estádio foi oferecido aos rivais locais do Fulham FC. Após a rejeição, Gus Mears cogitou até vender a propriedade. Ao ser convencido do contrário, decidiu fazer melhor: fundar o Chelsea Football Club, em março de 1905, para se abrigar no Stamford Bridge.
Rapidamente o estádio se tornou um atrativo, contando com 60.000 espectadores no primeiro ano, promoção para a Primeira Divisão da Liga de Futebol após dois anos, e sediando três finais da FA Cup entre 1920 a 1922, dando os frutos que os irmãos Mears queriam colher.
Reformas
Shed End (Atualmente: 6,831 torcedores)
O estádio permaneceu praticamente inalterado até 1930, quando o “Shed End” (Galpão) foi erguido. Foi construído um vasto banco de terraceamento por trás do gol sul que, logo mais, veio a ser um lugar onde os apoiadores do Chelsea podiam visitar.
O Shed End se tornou o ponto favorito para os torcedores considerados mais hardcore. Entre as décadas de 60, 70 e 80, o local reunia esses fanáticos, onde criavam canções e apoiavam fielmente os Blues. O Galpão foi demolido em 1994, por causa das novas leis de segurança, e foi substituído por um novo Galpão, quando sua construção foi finalizada em 1997. A última partida com o antigo Galpão foi contra o Sheffield United, em 07 de maio de 1994, embora, infelizmente, ninguém soubesse que aquele seria o último jogo.
North Stand – Matthew Harding Stand (Atualmente: 10,884 torcedores)
Em 1939, o North Stand foi construído, em um lugar bastante curioso, na ala Leste. O projeto difere completamente do resto do estádio. O North Stand sobreviveu até 1975, quando foi demolido, e então, foi aberto o terraceamento até 1993, quando também foi demolido no início da reconstrução moderna de todo o estádio.
West Stand (Atualmente: 13,500)
1965 foi um ano muito especial para o estádio do Chelsea, que viu o grande terraço ocidental passar a ter uma posição sentada, mais uma vez por normas de segurança nos estádios. O lugar ficou carinhosamente conhecido como Benches. O ‘Benches’ existiu por 25 anos, quando foi demolido em 1998. No entanto, essa reforma no estádio o transformou em um dos melhores estádios do país, custando cerca de 30£ milhões, mas colocando 13.500 pessoas em um ambiente de luxo, com uma visão perfeita do que estava acontecendo dentro de campo.
East Stand (Atualmente: 10,925 torcedores)
Em 1973, o East Stand foi construído. A nova arquibancada foi, na época, uma das principais inovações da engenharia, considerada uma criação arquitetônica à frente de seu tempo e até hoje uma das construções mais marcantes do país.
O East Stand, para toda a sua magnificência, também tem um passado controverso. Quando o Chelsea estava em seu auge, no final dos anos 60 e no começo dos anos 70, os proprietários do clube decidiram que as estrelas do Blues mereciam jogar no melhor estádio do país. O plano era extremamente ambicioso para reconstruir completamente Stamford Bridge, o transformando em um lugar de 50.000 lugares sentados.
Porém, o plano se mostrou ambicioso até demais, o que trouxe vários problemas para o Chelsea, como a venda forçada de jogadores importantes, e o quase rebaixamento para a 2ª divisão do Campeonato Inglês. Isso levou o clube a uma ruína forçada no início da década de 80.
Crise e a Volta Por Cima
Com os investimentos altíssimos, o clube ficou praticamente falido no final dos anos 70. Os proprietários então tomaram a drástica decisão de vender o Stamford Bridge para um grupo de promotores imobiliários. Assim, sem uma “casa”, os Blues dividiram estádio com rivais locais, como Fulham e QPR, tirando o Chelsea do cenário nacional do futebol.
Após longos 10 anos, o então presidente Ken Bates conseguiu recuperar o Stamford Bridge dos promotores para o Chelsea FC, em 1992. O estádio sobreviveu ao seu maior desafio e, em 1994, começa o processo de reabilitação, o mais extenso na história do futebol inglês.
A reconstrução começou com mudanças nos setores citados anteriormente, visando melhorias e modernizações. Em 1997, foi construído o Chelsea Village Hotel, peça central para impulsionar o desenvolvimento do estádio. Em 1998, começou a parte final da reconstrução do novo Stamford Bridge. Devido a problemas no projeto, a reconstrução só terminou em 19/08/2001 e marcou, finalmente, a conclusão do Stamford Bridge, reconstrução que tinha começado por volta de 1973.
Momentos Históricos
Período entre 1920 à 1922 – Finais da FA Cup
Em 24 de abril de 1920, 50.018 torcedores estavam em Stamford Bridge assistindo à final da FA Cup entre Aston Villa e Huddersfield. Além disso, o Stamford Bridge foi palco de mais duas finais consecutivas da FA Cup.
1935 – Recorde de Público
O dia 12 de Outubro de 1935 marca o recorde histórico que se mantém até os dias atuais, quando o Stamford Bridge recebeu seu maior público já registrado. Foi em um jogo contra o Arsenal, com incríveis 82.905 torcedores presentes.
1945 – Segunda Guerra Mundial
72 dias após o fim da Segunda Guerra Mundial, e seis anos após a suspensão de jogos na Liga Inglesa, o Dynamo de Moscou fez um tour na Inglaterra, e realizou um amistoso contra o Chelsea. O jogo teve uma repercussão tão grande que o registro de torcedores foi de 74.496, mas acredita-se que haviam, pelo menos, 25.000 torcedores a mais espalhados pelo estádio, como no telhado, por exemplo.
Nesse dia, o Chelsea jogou de vermelho, e o jogo acabou em 3-3, em um resultado controverso, no qual acredita-se que acabou assim por “questões diplomáticas”.
1955: O primeiro título
Em 20 de agosto deste ano, o Chelsea exibia seu trófeu do Campeonato Inglês para os fãs em Stamford Bridge. A foto abaixo foi tirada antes da partida de abertura da nova temporada, contra o Bolton. O público médio naquela época foi de 48.307, a mais alta na divisão.
Bem-vindo ao Stamford Bridge!
Após a seção de história, vamos conhecer melhor o Stamford Bridge em si, com as tribunas, as construções modernas e os atrativos que permeiam o estádio. Antes de começarmos, a foto abaixo nos ajudará a nos situarmos melhor com as estruturas do estádio.
Tribunas
Conforme apresentado anteriormente, há quatro seções principais do Stamford Bridge:
North Stand
A Ala Norte, também conhecida por Matthew Harding Stand, está localizada atrás do gol norte. Ela contém dois níveis, superior e inferior, sendo esta com a melhor vista do campo, dando uma grande atmosfera do jogo. Ela é composta em sua maioria pelos torcedores que possuem ingresso para acesso aos jogos de toda a temporada.
Para qualquer proposta de ampliação nessa área, será necessário demolir também o Museu do clube e a área de cuidados pessoais/spa.
Shed End
Está localizado atrás do gol sul, que também fornece uma vista privilegiada e dois níveis. Esta ala conta com o Museu do Centenário e um memorial para que os familiares de falecidos jogadores do clube possam mostrar seu eterno amor, marcando também seus serviços prestados para o clube.
West Stand
A Ala Oeste é o setor com maior capacidade de abrigar torcedores. Ele conta com três níveis, além de uma seção de assentos executivos. Esses assentos são nomeados em homenagem a grandes personalidades ligadas ao clube, são elas: Bobby Tambling, Steve Clarke, Ron Harris, Ted Drake, Peter Bonetti, Jon Hollins e Giofranco Zola.
Em outubro de 2010, uma estátua do atacante Peter Osgood foi apresentada pela sua viúva, Lynn. A estátua possui aproximadamente 2,5 metros, e ela se encontra na Ala Oeste, porém na parte de fora, perto da entrada desta seção.
East Stand
A Ala Leste é o coração do estádio. Com três níveis de assentos, ela faz a ligação do túnel por onde os jogadores passam para ir ao vestiário, também faz ligação com a sala de conferências, abrigando a imprensa e canais de televisão. Antigamente, o nível inferior abrigava os torcedores adversários, no entanto, a pedido de José Mourinho, esta parte foi reservada para familiares dos jogadores, com a ideia de impulsionar a motivação deles durante as partidas.
Chelsea Village Hotel
Ampliando as estruturas de Stamford Bridge, o clube construiu o Chelsea Village Hotel. Trata-se de um empreendimento que inclui dois hotéis, Millennium e Copthorne, além de apartamentos, bares, três restaurantes, a loja oficial do clube, estrutura para a imprensa e para negócios, estacionamento subterrâneo, o Museu Centenário e o Chelsea World of Sport, um atrativo para o público interagir com testes e outras atividades.
Um detalhe muito interessante é que, observando a foto abaixo, percebemos que há um muro à esquerda. Este muro ainda é o mesmo utilizando na construção do espaço inicial do estádio.
Museus
Em 2005, em comemoração ao centenário do clube, foi inaugurado o Chelsea Museum, ou Centenary Museum. Lá, os visitantes são recebidos, através de um video de boas-vindas, pelo ex-presidente Richard Attenborough. Em seguida eles são guiados, década a década, passando pela história do clube, assistindo à mídias antigas, vendo os uniformes antigos e de jogadores que fizeram história, trofeus, entre outros artefatos da história do clube.
Em 2011, um novo museu foi inaugurado atrás da Ala Norte do estádio. Esse museu conta com exposições modernas e interativas e é considerado o maior museu de futebol de Londres.
Loja Oficial (Megastore)
A loja oficial, localizada entre as alas sul e oeste do estádio, é um verdadeiro paraíso para os fãs. A loja contém dois andares, sendo o primeiro com itens e artigos esportivos para crianças. O segundo é onde ficam os itens customizados do clube, com agasalhos, uniformes de jogo e treino, etc.
Há também outras duas lojas menores, uma localizada nos portões principais do estádio, e outra dentro do museu na Ala Matthew Harding.
Futuro e Projetos de Expansão
Com apenas 41.841 assentos, não é de hoje que a diretoria estuda ampliar o estádio ou mesmo adquirir um novo. A ideia é muito coerente, tendo em vista os estádios dos rivais, e o patamar alcançado pelo Chelsea nos últimos anos. O problema é que há muitas barreiras que dificultam essa decisão.
Por um lado, o clube afirma o desejo de querer continuar em Stamford Bridge. Apesar disso, o clube já foi especulado em mudanças para alguns locais próximos, tendo, inclusive, feito uma proposta oficial no Battersea Power Stadium, que foi rejeitada para outro grupo de investidores. Por outro lado, a ampliação do estádio possui algumas barreiras. Por se situar em um bairro tradicional e residencial de Londres, muito se fala nas restrições que impossibilitam as reformas e ampliações no estádio.
Apesar disso, em julho de 2015, o Chelsea revelou novos planos para Stamford Bridge. O projeto tem um custo previsto de £500m e conclusão para 2020, com a ideia de expandir a capacidade do público em mais 20.000 lugares, totalizando 60.000. No meio tempo, o Chelsea teria seu mando em Wembley.
Herzog, arquiteto do projeto, disse que o novo estádio trará uma ideia de “castelos, ou uma vila medieval…algo que você não encontrará em lugar nenhum. Está acima do belo ou do feio. É sobre criar algo único.“. Já o clube anunciou que a nova casa foi planejada para “criar uma grande atmosfera, ter uma visão incrível em todos os assentos e contar com acesso direto da estação de metrô de Fulham Broadway.“.
É neste patrimônio blue que o Chelsea começa a sua caminhada na Premier League. A partida de estreia é nesta segunda-feira (15) contra o West Ham às quatro da tarde, com cobertura completa do Chelsea Brasil.
Veja também as outras partes do nosso Guia: Chelsea na EPL: Guia da temporada 2016/17
*Sites pesquisados: Chelsea FC; The Guardian; Globo Esporte; Chelsea Brasil e CFC England